O tempo, por vezes, funciona como um belo analgésico contra a dor, ainda mais para o tipo de dor que Quinn estava sentindo. A dor do abandono e da perda, o mesmo tipo com o qual ela estava acostumada, Rachel não era a primeira que a deixava para trás... Porém, a loira podia afirmar com toda a certeza que aquela partida de Rachel também tirara muito de si de sua própria vida.
E se fosse somente isso, tudo bem... Mas, Charlie também fora tirado da sua vida, de forma brusca e repentina, deixando uma saudade que Quinn sabia ser impossível de ser superada. Sentir-se como se não tivesse tido o tempo necessário com o senhor parecia ser clichê, mas Quinn sentia-se como se o deixasse devendo. Justo ele que tanto fez por ela.
Mais um erro que Quinn teria que carregar e mais conseqüências com as quais teria que lidar pelo tempo que ainda possuía sozinha. Diferentemente das outras vezes, Quinn não estava tão aflita assim, porque, diferentemente das outras vezes, ela não esperava nada porque tudo lhe fora tirado.
Ela não esperava porque não tinha esperança.
Como era possível ter esperança depois de ter quem mais confiara abandonando-a da forma como Rachel a abandonara? Como contar com algo ou alguém quando depositara sua fé na pessoa errada?
Quinn não culpava Rachel, até mesmo a entendia... Mas, perdoá-la? Essa era uma realidade ainda mais distante. Quinn tinha muita mágoa dentro de si, muita descrença e, principalmente, muita falta. Os papeis haviam se invertido ferozmente e, agora, era Quinn quem não mais acreditava na vida e nas pessoas... Ela estava amarga, portando uma amargura tão ou pior do que a que Rachel carregara quando voltara a Lima. Os olhos esverdeados haviam perdido o brilho esperançoso e bondoso, encontravam-se opacos e distantes, quase que irreconhecíveis.
Rachel reencontrara a sua paixão pelos musicais, tirando a paixão de Quinn pelo amor. As duas eram tão viscerais e tóxicas, uma para a outra, que foi preciso que a morena destruísse a loira para se reencontrar.
Quinn não conseguia relacionar essa constatação ao amor que supostamente acreditava sentir e ser retribuída.
Por isso, ela desistira de tentar entender qualquer coisa e passou a viver o que a vida lhe oferecia. Chegou de entregar o otimismo na esperança da felicidade e passou a dar o necessário para existir bem. Quinn entregou-se as suas aulas na semana seguinte à partida de Rachel e, naquele momento, encontrava-se caminhando lentamente para a sala de diretoria, sabendo muito bem o que a aguardava na conversa com Mr. Schue.
- Boa tarde, Miss Fabray... O diretor já lhe aguarda. - Os pés de Quinn mal tocaram no espaço da sala de espera da diretoria quando Mrs. Pillsbury a chamou com um sorriso gentil e ligeiramente triste nos lábios. Quinn engoliu em seco e amargou o olhar de pena que lhe fora lançado, entretanto, sorriu de volta e adiantou-se para a porta.
Dentro da sala, fechou a porta atrás de si e ergueu os olhos para seu antigo professor de espanhol e técnico do coral. William ficou em pé e contornou a mesa, abraçando-a apertado ao perguntar:
- Como você está, Q?
- Já tive dias e semanas piores. - Quinn respondeu com a voz trêmula, mas sorrindo e piscando brincalhona para o professor, William franziu a testa para ela, ainda mais preocupado, sem forçá-la a continuar a falar. Porém, o olhar lançado para Quinn enquanto William voltava para sua cadeira a fez bufar, os anos trabalhando ao lado de seu antigo mestre fez com que os dois desenvolvessem certa cumplicidade. - Achei que ficaria pior... Confesso que eu meio que esperava por isso. Os sonhos dela sempre foram maiores que qualquer coisa e qualquer um que pudesse querer um pedaço da sua vida.
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Signal Fire [FABERRY]
FanficRachel Berry não sabia o que fazer. Nem em seus piores cenários, ela voltava tão cedo para Lima. Broadway se fora, assim como New York e todo o glamour que ela conquistara nos últimos sete anos. Ela poderia apostar que era a carreira mais curta na...