Aquele dia, no final de julho, amanheceu limpo e ensolarado, como bem pedia um dia de verão e, sobretudo, um dia de festa.
A colação de grau da turma de 2020 do McKinley High seria realizada nos gramados do colégio e os céus colaboraram ao entregar luz, sol e calor aquele dia especial para muitos.
Quinn terminava de se arrumar - maquiando o rosto de forma leve, apenas para realçar os seus olhos e os seus lábios - enquanto, ao mesmo tempo, tentava ajeitar a bagunça instalada dentro de si desde que Rachel (sempre ela) a deixara na "Letters, Love and Dreams" com Santana e Kathryn.
Esse ocorrido já tinha quase três dias e, desde então, Rachel desaparecera. Quinn não negava a sua decepção, esta estava presente em seus olhos esverdeados opacos e em suas feições carregadas de melancolia. A professora não conseguia evitar pensar que, mais uma vez, Rachel escolhera os sonhos à realidade. Porém, daquela vez, parecia não doer tanto. Talvez, porque não esperava que o contrário ocorresse ou, porque não mostrara à morena tudo que ela poderia ter se ficasse em Lima.
Quinn pensava que não doía tanto, mas, isso era muito diferente do que, verdadeiramente, sentia.
Em seu íntimo, atrelada ao seu coração machucado e regada pelas lágrimas silenciosas que derramara desde então, a dor se fazia presente e, mais uma vez, cegava. Quinn sempre soube que tudo relacionado a Rachel a machucaria, entretanto, essa partida doía ainda mais porque, dessa vez, escolhera não tentar... Simplesmente permitiu que Rachel voltasse a voar para longe de seus braços.
Ao mesmo tempo em que amargava a sua decisão, também se perguntava se ainda existia um motivo para fazê-la ficar. Depois de tudo que passaram - da felicidade à mágoa, dos sorrisos às lágrimas, dos beijos ao afastamento, do amor à tristeza -, as razões para deixar Rachel falavam mais alto do que as justificativas para fazê-la ficar. Ainda assim, a dúvida existia e tudo o que Quinn podia concluir a partir dessa pergunta sem resposta era que, de fato, não esquecera Rachel.
E se não fora capaz de esquecê-la, tampouco, deixara de amá-la.
O amor que sentia era algo do qual Quinn, jamais, duvidava. Nem mesmo nos piores momentos das duas em que duvidavam da existência dele, Quinn deixou de acreditar. O amor que sentia por Rachel era algo que a definia, independente de onde a vida a levasse, ela sempre seria Quinn Fabray, aquela que se apaixonada pela vítima, rival e, finalmente, amiga chamada Rachel Berry.
As duas realmente eram inerentes uma à outra, fosse lembrança ou realidade. O que tinham vivido, desde o começo da amizade, era intenso demais para ser minimizado a uma dúvida ou a uma pergunta. Mesmo se Quinn, um dia, respondesse (sinceramente) à questão e se decidisse que Rachel não valia à pena, a morena ainda estaria marcada nela.
Uma ferida marcada a fogo, uma cicatriz que distorceria a sua superfície e que desorganizaria tudo que existia abaixo de sua pele.
Rachel era, simplesmente, assim. Uma estrela cadente que iluminava a noite e tão poderosa que, ao tocar a terra, queimava e explodia. Uma nota alta atingida com perfeição em uma música feita de tons baixos. A última página avassaladora de um livro magnífico. O último ato estrondoso de um musical de sucesso. E, por fim, o último acorde realizado com perfeição por uma orquestra... Rachel era derradeira como qualquer final e, especial, como poucos encerramentos.
Mesmo se existisse um final sacramentado entre as duas, Quinn saberia que, ainda assim, ela ficaria marcada... Para sempre. Rachel era uma estrela, feita de calor e fogo, feita para marcar e para brilhar.
Quinn sabia que os seus pensamentos trairiam a sua aparência, o canto de seu olho direito borrou o lápis que antes o delineara perfeitamente. O filete lacrimoso escorreu tímido, como se pedisse licença antes de macular o rosto perfeitamente arrumado e a máscara de felicidade inteligentemente vestida. Quinn respirou fundo, fechou os olhos e suspirou levemente, tentando se acalmar e, principalmente, tentando recolocar-se dentro de si e não, em Rachel.
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Signal Fire [FABERRY]
FanficRachel Berry não sabia o que fazer. Nem em seus piores cenários, ela voltava tão cedo para Lima. Broadway se fora, assim como New York e todo o glamour que ela conquistara nos últimos sete anos. Ela poderia apostar que era a carreira mais curta na...