E, como se a confusão em uma fizesse reflexo na outra, Quinn dirigia a esmo por Lima. As suas mãos tremiam agarradas ao volante e a loira surpreendeu-se quando percebeu que estava em frente ao prédio de Santana. O tremor não cessou nem mesmo quando ela abandonou o volante e apanhou o celular para ligar para a latina.
Enquanto a linha chamava, Quinn continuava presa na melodia em que encontrara Rachel. A sua concentração tentava se prender ao som freqüente do toque do telefone a chamar, contudo, ela se perdia constantemente nos sons da voz e do piano de Rachel que ecoavam em seus ouvidos. Esses sons, por sua vez, formavam sintonias repletas de arrependimento, cujos tons altos pediam perdão e os baixos suplicavam por uma segunda chance. Os agudos distorciam-se em choro e os graves em soluços... E todos esses componentes formavam uma sinfonia melancólica, orquestrada habilmente pelo coração machucado de Quinn.
Na platéia vazia, Quinn não aplaudia e as lágrimas que derramava não eram feitas de emoções ou do nirvana auditivo, essa orquestra tocava no fundo de si, no seu coração e esse toque ardia em brasa. Ao menos tempo que queimava, mostrava que estava viva e, na mesma proporção, mostrava que uma parte dela ainda ardia indomável. Um fogo que pertencia somente a Rachel.
Quinn não chegou a deixar esse fogo consumi-la, ela fechou e apertou as pálpebras como se, ao fechar os olhos, pudesse ignorar tudo que sentia e tudo que acontecera. Assim como o fogo se alastrava, o sentimento percorreu todo o corpo de Quinn e, debilitada, ela se viu perguntar se estava sendo destruída ou se renascia daquele fogo.
O toque na linha continuava distante e foi um bater de nós de dedos no vidro da janela do carro que despertou Quinn de todo a avalanche emocional que já fizera casa em seu peito. Os olhos verdes viram o homem sorridente parado ao lado de seu carro, mas, não pareciam enxergá-lo - estavam cansados, afoitos e distraídos - no automático, Quinn abaixou o vidro e sorriu desconfortável ao senhor. Ele retribuiu e disse gentilmente:
- Boa noite! A Srta. Lopez autorizou a sua entrada, ela a viu chegar da sacada da cobertura.
- Ah sim, obrigada. Eu só vou trancar o carro e já subo. - Quinn respondeu educada ao senhor e ele rapidamente voltou a sua guarita na portaria do prédio. A loira chacoalhou a cabeça enquanto apanhava a sua bolsa e desligava o carro, as suas mãos não mais tremiam, mas, os seus olhos estavam brilhantes o bastante para ela saber o que viria a seguir se não tivesse sido interrompida.
As lágrimas eram as suas mais fiéis companhias nos últimos dias e não era agora que elas a abandonariam... Nem mesmo se quisesse.
Quinn saiu do carro e o trancou, todo o trajeto até o elevador foi feito sem que ela visse muito do que a cercava - estava devidamente presa em seus pensamentos e torturada pelos seus sentimentos, tudo palpável parecia distante do limbo emocional em que se encontrava - porém, assim que entrou no elevador, optou por, ao menos, mascarar a intensidade de seu estrago.
Nos espelhos do elevador, Quinn se via refletida e o reflexo era a maior evidência do que estava acontecendo em sua vida. O seu interior já se vazia visível em seu exterior, a sua aparência cansada não era conseqüência das aulas dadas naquele dia e a palidez do seu rosto não evidenciava um mal estar físico. Tudo nela ecoava e, ironicamente, pedia por Rachel.
Um pouco da morena em seus dias e já estava daquela forma, totalmente entregue a algo que deveria abandonar.
Os andares passavam, os números mudavam e Quinn respirava profundamente em cada um deles. Silenciosa, ela tentava acalmar o seu coração e respirar normalmente para que pudesse pensar calmamente. As suas tentativas só produziram efeito quando ela estava próxima, três andares, da cobertura. E esses três andares passaram em segundos, um apito e as portas se abriram. Quinn deu mais uma olhada insegura nos espelhos e saiu do elevador, as portas se fecharam atrás de si e as suas pernas bambearam em direção à porta.
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Signal Fire [FABERRY]
FanfictionRachel Berry não sabia o que fazer. Nem em seus piores cenários, ela voltava tão cedo para Lima. Broadway se fora, assim como New York e todo o glamour que ela conquistara nos últimos sete anos. Ela poderia apostar que era a carreira mais curta na...