Santana demorou a abrir os olhos, mesmo sentindo os raios solares e o frescor da manhã em sua pele, contudo, estava tão cansada que permanecia deitada, mesmo tendo dormido o sono dos justos. Os últimos dias foram uma verdadeira prova de resistência emocional e mesmo com o fim do julgamento de Kathryn, não existia qualquer esperança de calmaria.
A última conversa com Quinn deixara Santana preocupada, sobretudo, porque a sua melhor amiga - a quem julgava ter a cabeça no lugar - estava mais perdida do que ela, um dia, esteve. A latina não queria, de forma alguma, tê-la afastado de Rachel, algo como o que Quinn dividia com Rachel era justamente o que fazia os outros acreditarem na existência do amor. Fora o que fizera a própria Santana acreditar no que tinha com Kathryn.
Não era cabível que algo assim, tão palpável e vívido aos olhos dos outros, pudesse ser tão desprezado por quem o sentia. Quinn sempre teve a cabeça no lugar, mas, os seus sentimentos também eram tradicionalmente conflituosos e turbulentos. Ela demorara anos para reconhecer o amor no suposto ódio que sentira por Rachel e Santana deveria ter previsto que ela entenderia errado qualquer conselho que a fizesse se reaproximar de Rachel.
Porque, acima de tudo, Quinn era feita de decepções familiares, tristezas amorosas e falhas daqueles que amava. Santana assumia uma grande parcela nessa constituição e, depois de todo o caminho que tivera que trilhar novamente para alcançar Quinn, entendia a insegurança da melhor amiga. Quinn entregara a confiança e tudo que tinha para Rachel e recebera tudo de volta.
A loira também precisava entender que não havia como separar Rachel Berry de seus sonhos. Ao trazer a morena para a terra firme, Quinn negava a ela uma parte enorme de sua personalidade e, de certa forma, anulava uma parte pela qual se apaixonara.
Enquanto uma era terra, a outra era sonho. As duas justificavam o ditado de que todo sonhador precisava de um realista.
Quinn tinha a insegurança terrena, daqueles que se prenderam ao chão e perderam tudo ao criarem asas enquanto Rachel possuía a ânsia dos sonhadores, dos que se alimentavam do desejo e se entregavam. As duas eram destoantes e seriam incompatíveis se não se amassem da forma como se amavam. Porém, depois do choque avassalador entre os seus mundos - que machucou e marcou-as, para sempre - elas precisavam nutrir-se de algo que mediava esses dois universos.
Elas precisavam de esperança. Porque essa dava coragem aos inseguros e terrenos e parcimônia a ânsia dos sonhadores. Quinn precisava enfrentar as suas decepções e Rachel, os seus sonhos quebrados. E ambas precisariam de esperança para si, para a outra e por todo o caminho obscuro pelo qual caminhariam a partir de agora.
Santana sabia que seria tudo ainda mais difícil se elas resolvessem caminhar sozinhas. Não havia muito que fazer, elas não eram mais jovens e planos mirabolantes de cupido não funcionavam. A latina esperava que suas palavras despertassem gentileza e que minguassem a crueldade fria de Quinn. Só podia contribuir com conselhos e daria tudo para voltar no passado e ser capaz de ajeitar aquela situação ainda na escola.
Contudo, cogitar voltar ao passado significava lembrar-se de Brittany S. Pierce. As lembranças ainda existiam, por mais que não incomodassem como antes. De certa forma, Brittany sempre seria alguém na vida de Santana. Alguém que poderia ser a única, alguém com quem poderia ter se casado, alguém que se encaixava nela... Brittany seria o eterno "e se desse certo?" e, ainda assim, Santana não era e nunca fora uma pessoa de dúvidas.
A latina era feita de certezas e a sua certeza inquestionável era Kathryn Aleed.
Santana finalmente abriu os olhos, ainda estava cega pelo despertar e pelos intensos raios de sol que atravessavam a fina cortina branca de seu quarto, por isso, tateou os lençóis à procura de Kathryn. A testa da latina se franziu ao tatear o frio tecido do lençol e ela ergueu o corpo, sentando-se na cama enquanto respirava profundamente o ar da manhã.
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Signal Fire [FABERRY]
FanficRachel Berry não sabia o que fazer. Nem em seus piores cenários, ela voltava tão cedo para Lima. Broadway se fora, assim como New York e todo o glamour que ela conquistara nos últimos sete anos. Ela poderia apostar que era a carreira mais curta na...