Capítulo Seis - Blackout I

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CAPÍTULO SEIS — BLACKOUT

PARTE I

Após daquela tarde fatídica de domingo ao qual fracassei no momento em revelar para a professora tudo o que eu estava sentindo, não a procurei mais. Tentava me conformar com a ideia de que aquele era o destino e eu não poderia fazer absolutamente nada para alterá-lo, afinal já era tarde demais.

Nas últimas semanas que antecediam o início de mais um semestre letivo na faculdade, encontrei-me com Júlia em uma tarde de passeio no shopping, a fim de me distrair de todo aquele pêsame do último ocorrido com Helena.

Desde aquela terrível descoberta, saber que a professora ao qual eu tanta desejava pertencia à outra mulher, não havia conversado com Júlia. Na realidade, evitava tocar no assunto.

— O que houve com você, Carol? — ela indagou ao entrarmos em uma famosa livraria enquanto aguardávamos pelo início da sessão de cinema. —Não tem falado mais nada sobre Helena. Aconteceu alguma coisa?

Sentindo as bochechas formigarem, desviei o olhar para o piso amadeirado do segundo andar da livraria e cabisbaixa, peguei um livro qualquer que estava disposto em uma das prateleiras e comecei a folhear. Era hora de revelar para minha amiga a lástima que aquele dia havia sido para mim.

— Uau! — ela exclamou admirada, quando finalizei a conversa, sentindo meus olhos marejarem. — Dessa vez, devo confessar... Helena me surpreendeu!

Dei de ombros e tornei a colocar o livro de volta a prateleira e arqueei as sobrancelhas.

— Creio que perdi muito tempo me aceitando e lutando contra meus ideais. — comentei entristecida ao me recordar das desavenças ao qual tive com a professora e chacoalhei a cabeça. — Mas enfim, de que adianta lamúrias?! — argumentei enquanto passávamos as escadas que levava para o piso inferior da loja. — O único jeito é manter-me afastada e aceitar.

Fomos em direção às prateleiras onde ficavam os autores nacionais. Júlia dedilhou alguns livros e em seguida mirou seus olhos questionadores de encontro aos meus, como se quisesse ler minha alma, causando-me um arrepio.

— Não minta para mim, Carol. — murmurou com o seu olhar fixo ao meu. — Você grita por Helena o tempo inteiro dentro de você.

Seus dizeres fizeram com que um semblante admirado desenhasse em meu rosto e desviei o olhar, fugindo de seus questionamentos silenciosos.

— Não adianta Júlia. Já me conformei que ela não pode ser minha mais.

Em seguida, mudamos o foco do assunto e saímos da livraria para assistirmos ao filme que estávamos aguardando.

___

Manhã de segunda-feira. Acordei sonolenta com o toque do despertador. Passavam das seis da manhã. Espreguicei-me e após um longo bocejo comecei a me aprontar para o meu primeiro dia no trabalho.

Apesar de a empresa pertencer ao meu pai, estava sentindo-me um pouco ansiosa. Minhas mãos estavam trêmulas e mal conseguia parar de imaginar em como seria trabalhar por lá, mesmo que eu fosse apenas estagiária.

Porém, a aflição maior era que ao fim do dia, seguiria para o meu primeiro dia letivo na faculdade e em um novo turno. Se por um lado eu estava tranquila, pois estava confiante que não cruzaria meu caminho mais com Helena Silva, por outro eu estava temerosa, visto que não teria mais a companhia de Júlia.

___

Ao chegar à empresa, encontrei-me com meu pai em seu escritório para que ele pudesse me apresentar à empresa e seus funcionários e indicando-me o setor ao qual eu faria estágio. Fui bem recepcionada por grande parte da equipe, mas algumas pessoas torceram o nariz ao descobrir que eu era filha do diretor executivo.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora