CAPÍTULO VINTE E DOIS — CARTA
Dia do julgamento. Helena e eu encontramo-nos com meu pai no fórum. Meu coração estava palpitando de ansiedade e por diversas vezes, durante o trajeto, sentia meus olhos marejarem. Desde que minha mãe havia confessado o crime na delegacia, não a vi mais. Eu não tinha forças para suportar vê-la, depois que ela havia cometido tamanha atrocidade em nome do ódio e preconceito.
Após horas de julgamento, minha mãe acabou sendo sentenciada por tentativa de homicídio e desvio de dinheiro, cumprindo a pena em regime fechado.
A comemoração foi unânime mediante a sentença e o olhar carregado de ódio que me lançou, nunca sairá da minha mente. Aquele olhar transluzia ódio e decepção, fazendo-me questionar internamente se a culpa teria sido minha ou não para que tudo aquilo acontecesse.
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— Você esteve silenciosa durante todo o trajeto. — Helena falou quando adentramos meu apartamento. — Quer conversar?
Sentei-me no sofá e esfreguei o rosto em um gesto de aflição, libertando um suspiro melancólico.
— Quando o júri deu a sentença, minha mãe me lançou um olhar tão... — franzi as sobrancelhas tentando encontrar algum adjetivo plausível. — Eu não sei expressar direito, Helena. — falei com a voz embargada. — Um misto de mágoa e rancor, entende?
Helena pressionou os lábios e sentou-se ao meu lado, envolvendo-me um abraço apertado.
— Carolina, a sua mãe fez coisas graves. — falou em um sussurro tímido, afagando meus cabelos. — Infelizmente ela deixou-se cegar pelos sentimentos negativos. Deixou que eles falassem mais alto que a própria razão. Quase tirou a vida de Alberto, armou para me prejudicar. Nada mais justo que ela pague por isso, não acha?
Bufei frustrada, fechando os olhos com força.
— Sim, sim, eu concordo. — falei acenando com a cabeça. — É só que... Mas... Ela é minha mãe, Helena!
A professora libertou um suspiro e segurou minhas mãos, beijando-as delicadamente.
— Carolina, eu entendo o que você está sentindo. — ela mirou seus olhos nos meus. — Imagino que deve estar dolorido dentro de você. Realmente, sua mãe fez coisas terríveis, mas de alguma forma, a vida ensinará para ela o valor das coisas, na dor. Torço infinitamente para que ela consiga se perdoar, se esquivar desse ódio todo que nutre por nós, especialmente por mim e consiga evoluir espiritualmente. — uma fina lágrima escorria no canto dos olhos.
— Minha mãe perdeu-se, Helena.
Ela beijou minha testa com carinho.
— A única coisa que podemos fazer no momento, é trabalhar nosso espirito para que ela possa ser perdoada, Carolina. — explicou-me. — Você precisa tomar um banho e descansar desse pesadelo que finalmente teve um fim!
Forcei um sorriso e beijei rapidamente seus lábios.
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Havia se passado seis meses desde que minha mãe estava reclusa. Enquanto meu pai se recuperava, partes das tarefas empresariais ficaram sob meus cuidados e eu era auxiliada por Helena a maior parte do tempo.
Após aquele período turbulento pela qual passamos, para suprir as dívidas que minha mãe havia feito mediante o desvio de dinheiro, meu pai acabou fechando a filial no exterior, logo após a finalização da obra de reforma no aeroporto ao qual o lucro foi de grande serventia para que erguêssemos a empresa outra vez.
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— Olha o que eu acabei de achar! — Helena exclamou enquanto desembalávamos parte de suas mudanças. Ela exibia o anel no dia em que noivamos.
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Amizade Perigosa (COMPLETO)
Roman d'amourCarolina Guerra é uma jovem que apesar da relação conturbada com sua mãe, dona de um temperamento implacável, optou por continuar residindo com ela, após o divórcio de seus pais. Na intenção de que a jovem assumisse mais adiante os compromissos da e...