Capítulo Sete - Blackout II

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CAPÍTULO SETE - BLACKOUT

PARTE II

Respirei profundamente tentando me manter calma naquela situação e caminhei até a cozinha, deparando-me com ela colocando os sapatos molhados na área de serviço e calçando os chinelos.

- Quer alguma coisa, Carol? - ela ofereceu-me, porém sem me encarar.

- Não, obrigada! - respondi em um tom sério.

Eu estava com os cotovelos escorados sobre o balcão, deslizando os dedos por entre os fios na tentativa de alinhá-los, quando ela se aproximou. Fiquei inerte sob o seu olhar, sentindo um calor agradável me envolver por estarmos tão próximas. Mordisquei o lábio inferior. Estava tentada a roubar-lhe um beijo, mas ao me recordar de Catarina, despertei daquele devaneio, desviando-lhe o olhar.

- Tem certeza? - ela tornou a indagar. Neguei com a cabeça. - Sendo assim, podemos ir? - perguntou caminhando em direção à sala.

Eu a segui e recolhi as roupas que eu havia deixado no canto e entramos em seu carro.

Estávamos em um silêncio incômodo durante o trajeto até minha casa, quando Helena resolveu quebrar o silêncio.

- Carol... - ela murmurou quando paramos no semáforo. - O que queria me dizer aquele dia que você foi até a minha casa?

Esbugalhei os olhos e tentei conter a admiração, mirando o olhar para o vidro ao meu lado. Senti o coração acelerar e observei de soslaio. Ela esboçava um sorriso bobo no canto dos lábios a espera de uma resposta.

- Ah... Helena... - falei desconcertada. - Isso faz tanto tempo! Não lembro. - menti tentando amenizar aquela situação.

- Tem certeza? - ela insistiu voltando a prestar atenção no trânsito. -Quando você chegou a minha casa parecia querer me contar algo sério.

- Não era nada. - respondi tentando manter-me convicta. - Mas me conte, por que você decidiu lecionar a noite? - perguntei a fim de mudarmos o foco do assunto.

Ela manteve-se em silêncio por alguns segundos.

- Na verdade, Carolina, eu não tinha planos para dar aulas à noite, porém a faculdade me fez a oferta e foi impossível recusar. - explicou-me. -Resolvi então, abrir mão de lecionar à tarde - respondeu sorrindo. - E você? Está trabalhando?

- Sim. - mencionei sem hesitar. - Por isso que mudei para o turno da noite.

Continuava a garoar, enquanto seu carro entrava pelas ruas do condomínio, estacionando em frente ao prédio onde eu morava.

- Prontinho! - ela exclamou sorridente. - Está entregue. - falou dando uma piscadela enquanto puxava o freio de mão.

Exibi um sorriso cordial e a encarei por alguns segundos. Estava com muita vontade de roubar-lhe um beijo.

- Não quer subir um pouco? - indaguei em um tom gentil, soltando o cinto de segurança.

- Ah, não, Carol! - ela exclamou meneando com a cabeça e franzindo as sobrancelhas. - Melhor não! Está ficando tarde e...

- Por favor, professora. - insisti interrompendo-a. - um pouco.

Helena apoiou as duas mãos ao volante e suspirou como se estivesse analisando algo. Depois, soltou o cinto de segurança e descemos do carro, passando pela recepção do prédio, indo em direção ao elevador.

- Agora eu te pergunto, Helena... - falei sorrindo logo após adentrarmos o meu apartamento. - Você aceita alguma coisa? Um chá?

A professora acomodou-se no sofá e concordou acenando com a cabeça.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora