Capítulo Dezenove - Telefonema

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CAPÍTULO DEZENOVE — TELEFONEMA

Despertei pela manhã, assustando-me com o barulho provindo da cozinha de Helena. Ainda que estivesse sonolenta, senti um pequeno calafrio me assolar, fazendo com que eu esbugalhasse os olhos, sentando-me na cama, colaborando para que Helena acordasse.

— O que houve? – ela indagou ainda sonolenta, sentando-se sobre a cama, envolvendo seus braços em minha cintura e apertando-me com firmeza por trás, enquanto afundava o rosto em meus cabelos, beijando minha nuca.

— Que barulho foi esse? – perguntei ainda assustada fechando os olhos. Ter Helena comigo parecia um verdadeiro sonho.

— Deve ser minha empregada. – respondeu espreguiçando-se e beijando meu rosto com ternura. — A Linda!

Libertei um suspiro aliviado e deitei na cama novamente ao lado dela, acariciando seus cabelos. Ela exibia um sorriso sereno.

— Ah... Helena... Com quem... Era com ela que você esteve falando ao telefone durante aquele almoço? — indaguei sentindo as bochechas corarem, recostando minha testa sobre a dela.

Ela gargalhou baixinho. Uma gargalhada gostosa que me fez ter vontade de mordê-la.

— Com a Linda, ora. — ela falou afagando meu rosto. — Naquele dia, havíamos combinado que almoçaríamos juntas. Ela veio me ajudando muito desde que cheguei por aqui.

— Eu fiquei com ciúmes. Pensei que tivesse perdido você. — confessei desviando o olhar e sentindo minhas bochechas formigarem.

Ela riu.

— E eu percebi. Tive muito medo de que você não viesse ao jantar de ontem ou não quisesse conversar comigo. — ela contou suspirando. — Quando vi você com o Guilherme e você disse que ele era o seu namorado... Meu Deus! Eu também fiquei enciumada e me senti uma verdadeira fracassada.

— Você desconfiou que ele fosse gay em algum momento?

— Bom, se ele não gesticulasse tanto enquanto fala e evitasse algumas gírias, talvez o teatro saísse bem melhor. — brincou e eu sorri. — Mas aquela conversa de aliança de camelô, por favor, Carolina!

— Ele fez de propósito! Queria que de alguma forma eu tomasse iniciativa para falar com você.

Ela mordiscou o lábio inferior e segurou minha mão com carinho, pousando-a sobre sua coxa.

— Percebi isso, mas pensei que fosse impressão minha. — ela pressionou os lábios e respirou de maneira profunda. — Não imagina o quanto eu fiquei admirada quando você pediu para que conversássemos ontem.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. O aroma gostoso de lavanda impregnava o ambiente, deixando todas aquelas carícias e o som baixinho de nossas vozes, tornarem aquele momento ainda mais único. Fiquei admirando o rosto de Helena por alguns segundos, imersa em seu olhar apaixonante. Irresistível. Beijei seus lábios com serenidade.

— Essa noite foi à primeira em anos que eu consegui dormir tranquila, sem ter pesadelos ou preocupações. — ela sussurrou como se estivesse com medo de quebrar aquele clima que pairava sobre nós. — Eu estou disposta a ficar com você, Carolina e agora é pra valer. – ela disse acomodando seu corpo no meu.

Fiquei em silêncio por uma fração de segundos analisando e imaginando como seria a reação dos meus pais ao saberem que o meu namoro com o Guilherme não passava de uma farsa e que eu estava outra vez ao lado de Helena. Lembrei nitidamente das ameaças que minha mãe fizera. Será que ela ainda seria capaz? Precisava contar com o apoio de meu pai.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora