CAPÍTULO DEZOITO — VERDADE
No dia seguinte, Guilherme e eu chegamos à empresa pouco depois das dez da manhã.
— Sua cara está horrível. — ele comentou quando adentramos o elevador. — Deveria pelo menos ter passado uma maquiagem para disfarçar esses olhos inchados.
Eu revirei os olhos e fiz uma careta, demonstrando minha impaciência para piadinhas naquela manhã. Encarei meu reflexo no espelho do elevador. Realmente, meus olhos estavam levemente inchados e estava com olheiras, resultado de uma noite em claro, choramingando por ter chegado tarde demais em Helena.
— Acha que alguém vai perceber? — questionei preocupada ajeitando a franja, tentando disfarçar aquela aparência lastimável. — Aliás, acha que ela vai perceber?
Ele riu e balançou a cabeça de maneira negativa.
— Não, imagine... Apenas a empresa inteira mais a torcida do flamengo. — gargalhou de maneira irônica. — Eu disse que uma maquiagem salvaria a pátria, mas você quer ficar pagando de sofredora, não é?!
Eu dei um empurrão em Guilherme e ele gargalhou ainda mais.
Quando a porta do elevador se abriu, nos recompomos e começamos a caminhar com o semblante sério pelos corredores. Em seguida, ao me aproximar da sala de Helena, fomos recepcionados por sua secretária.
— Você vai entrar aí dentro sozinha, ok?! — Gui disse em um murmuro, levando uma das mãos a frente da boca.
— De jeito nenhum! — falei atônita.
Ele mordiscou o lábio e balançou a cabeça.
— Vocês precisam conversar.
A secretária exibiu um sorriso acolhedor enquanto tentava falar com Helena do outro lado da linha.
— Teremos a oportunidade de colocar toda a fofoca em dia, graças ao convite que você aceitou. — falei revirando os olhos.
— Sem chance!
Antes que eu pudesse rebater os dizeres de Guilherme, a secretária autorizou nossa entrada na sala dela. Segurei meu amigo pelo punho e comecei a caminhar na direção da porta, porém ele se esquivou.
— Aguardo você por aqui. — ele disse exibindo um sorriso sarcástico, acomodando-se na cadeira que ficava a frente da mesa da secretária.
Eu estreitei o olhar e inspirei profundamente antes de tocar a maçaneta. Estava trêmula.
— Bom dia, Helena. — falei em um tom sutil após adentrar sua sala. Tentava me agarrar as pastas onde continham parte das anotações para a formulação do laudo, para conter minha tensão, mas estava evidente.
Ela, que estava sentada em sua cadeira, digitava algo no computador. Desviou o olhar rapidamente para mim e exibiu um sorriso bonito. Seu rosto estava totalmente sereno. Ela estava linda.
— Sente-se, por favor, Carolina. — ela pediu com tranquilidade apontando para a cadeira a frente de sua mesa.
Eu forcei um sorriso e acenei com a cabeça, acomodando-me em seguida.
— Aqui estão as anotações que fizemos ontem e hoje pela manhã no aeroporto. — comentei enquanto colocava as pastas sobre sua mesa. Ela parou de digitar algo no computador e direcionou toda a sua atenção para mim.
— Ah, sim! Obrigada! — ela disse sorridente, recolhendo uma das pastas e folheando-a. — Ficou muito bom! Agora teremos apenas que formular o laudo para que você possa assinar. Quando vocês irão embora?
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Amizade Perigosa (COMPLETO)
RomanceCarolina Guerra é uma jovem que apesar da relação conturbada com sua mãe, dona de um temperamento implacável, optou por continuar residindo com ela, após o divórcio de seus pais. Na intenção de que a jovem assumisse mais adiante os compromissos da e...