CAPÍTULO ONZE — PROPOSTA
Faltando poucos minutos para que eu saísse para almoçar, decidi ir ao escritório do meu pai. Apesar de caminhar confiante por entre os corredores da empresa, cada vez que me aproximava da diretoria executiva sentia meu coração bater de maneira descompassada, pensando dúzias de teoria para que meu pai solicitasse a minha presença. Será que ele iria me advertir por ter chegado atrasada? Será que minha mãe havia dito alguma coisa?
Ao me aproximar, pedi à secretária que comunicasse minha presença a ele. A mulher que aparentava possuir meia idade, me fitou com desdém por baixo das lentes grossas de seus óculos de grau, libertou um suspiro, denunciando sua impaciência, afinal já se preparava para almoçar e cumpriu meu pedido, pedindo que eu entrasse. Agradeci a ela, forçando um sorriso cordial e respirei fundo, tomando coragem para girar a maçaneta.
— Pai, se for quanto ao atraso de hoje, te peço desculpas, mas o trânsito estava ruim e... — falei disparadamente, com os olhos fixos no carpete acinzentado e sentindo o coração disparar.
Ele pigarreou, interrompendo-me, fazendo com que eu mirasse os olhos nele.
— Carolina, por favor, me deixe falar! — meu pai exclamou impaciente, acomodando-se em sua cadeira. — Sente-se, por gentileza. — finalizou apontando para a cadeira confortável que ficava a frente de sua mesa.
Suspirei aliviada, mas ao mesmo tempo temia aquela conversa. Após me acomodar, inclinei o corpo em sua direção, de modo que eu debruçasse os cotovelos sobre a mesa.
— Me desculpe pai. — falei com desânimo. Ele me analisava com seriedade. — Sobre o que gostaria de conversar?
Ele exibiu um sorriso confiante e em seguida passou as mãos por entre os fios grisalhos, me observando com euforia.
— Bem... Acredito que você já está par dos planos de expansão da empresa, não é?! — ele indagou e eu confirmei com um aceno. — Estou contratando novos funcionários para a filial, porém também preciso manter pessoas de confiança para administrá-la com competência.
— E o que isso tem a ver com nossa conversa? — indaguei franzindo as sobrancelhas, porém curiosa.
— Conversei com Cláudia sobre esses planos. — contou fazendo com que um calafrio envolvesse meu estômago. — Penso em incluir você em um cargo de confiança na Argentina.
Naquele instante meus olhos esbugalharam-se e meu coração palpitou, denunciando toda a minha admiração diante dos dizeres do meu pai.
— Espere aí! — exclamei desconcertada, passando as mãos em meus cabelos. — Você quer que eu vá trabalhar na Argentina? Que eu assuma a empresa no exterior?
— Exatamente. — ele respondeu após suspirar.
Minhas mãos estavam trêmulas. Fechei os olhos por alguns instantes tentando me acalmar e o rosto de Helena desenhou-se em meu pensamento. Eu não poderia ir para o exterior e simplesmente deixá-la.
— Mas pai... E... E a faculdade? E os meus amigos? — argumentei após abrir os olhos. — Isso será depois que eu me formar, não é?! — minha voz estava embargada.
Ele gargalhou.
— A faculdade é o menor dos problemas, Carolina. Há faculdades excelentes na Argentina e quanto aos seus amigos... Bem... Uma hora cada um tem que seguir seus caminhos, não é mesmo?! — meneei a cabeça, colocando-me de pé. Meus olhos estavam marejados. — Mas não precisa responder agora. Você terá tempo para analisar com prudência essa proposta, afinal suas chances de ampliar a carreira profissional serão ainda maiores. — finalizou dando uma piscadela.
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Amizade Perigosa (COMPLETO)
RomanceCarolina Guerra é uma jovem que apesar da relação conturbada com sua mãe, dona de um temperamento implacável, optou por continuar residindo com ela, após o divórcio de seus pais. Na intenção de que a jovem assumisse mais adiante os compromissos da e...