CAPÍTULO NOVE — CONFIANÇA
Apesar de sentir-me um tanto quanto confusa com tudo o que estava acontecendo e mesmo pensando nas coisas que haviam acontecido entre Helena e eu, continuei me envolvendo com Rafaela. Inevitavelmente, em uma dessas saídas que estavam se tornando rotina durante os finais de semana, acabei apresentando-a para minha mãe como uma amiga e ao saber que Rafaela possuía precedentes de uma família com um grau de poder aquisitivo elevado, tratou de demonstrar simpatia com a garota, causando-me um desconforto. Eu não estava gostando nem um pouco daquela intromissão de Rafaela em minha vida.
Quanto à professora Helena, depois da nossa última conversa não nos falamos mais. Eu evitava até mesmo sustentar seu olhar que me procurava por diversas vezes durante as aulas. Toda vez que eu olhava para ela, me recordava dos seus dizeres na lanchonete, o que me causava uma grande mágoa.
Haviam se passado exatos dois meses, desde que eu estava mantendo um relacionamento com Rafaela. Encontrávamo-nos praticamente todos os finais de semana. Meu celular ficava repleto de mensagens de demonstração de carinho da garota. Confesso que aquilo me corroía por dentro, mas eu preferia sofrer assim a demonstrar para Helena o quanto eu estava magoada pelas coisas que ela havia me feito.
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Em uma sexta-feira, logo que cheguei ao apartamento, depois de mais uma semana exaustiva tanto no trabalho quanto na universidade, minha mãe estava sentada ao sofá, com os pés pousados sobre a mesa de centro, bebericando com imponência uma taça de vinho. Admirei-a por alguns segundos e após libertar um suspiro, denunciando o quanto eu estava cansada, coloquei as chaves do meu carro sobre a mesa, atraindo sua atenção.
— Carolina, eu preciso conversar com você um instante. – ela disse desligando a televisão, ao qual passeava pelos canais a procura de algo que pudesse entretê-la.
Libertei outro suspiro e revirei os olhos, sentando-me na poltrona que ficava próxima ao sofá. Não queria ficar muito próximo de minha mãe, pois eu temia que de alguma forma ela pudesse ler os meus pensamentos.
— Eu estou cansada... — disse impaciente esparramando-me sobre a poltrona enquanto afrouxava o zíper da calça jeans.
Ela deu de ombros e pressionou os lábios, após sorver mais um gole de vinho.
— Amanhã farei um pequeno jantar para comemorarmos o meu aniversário. Será um jantar para amigos mais próximos... — murmurou. — Sei que meu aniversário é ainda na próxima semana, mas como não estarei por aqui...
— E? — indaguei franzindo os lábios e ajeitando meus cabelos em um rabo de cavalo.
— Se quiser, pode convidar a Rafaela... – mamãe sugeriu enquanto eu caminhava para o meu quarto. — Ela é uma moça muito simpática e educada! É o tipo de pessoa que sempre disse para você ter uma amizade, Carolina! Uma garota jovem, bonita, inteligente e com um futuro promissor pela frente! — exclamava maravilhada.
Meneei com a cabeça e mordi o lábio inferior pensando em provocá-la.
— E a Júlia? Posso convidá-la? — indaguei em um tom irônico, afinal eu já sabia a sua resposta. — Afinal, ela possui uma carreira promissora também!
— Jamais! — bradou em um tom firme. — Nem pense em convidar aquela menina esquisita!
Eu que estava de costas para minha mãe, comecei a gargalhar, entrando no meu quarto e tirando a roupa para enfim descansar daquela semana estressante.
Eu não queria convidar a Rafaela, mas já que provavelmente Helena estaria naquele jantar, por que não convidá-la? Esbocei um sorriso malicioso no rosto e abri o chuveiro, deixando que a água morna percorresse as curvas de meu corpo.
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Amizade Perigosa (COMPLETO)
RomanceCarolina Guerra é uma jovem que apesar da relação conturbada com sua mãe, dona de um temperamento implacável, optou por continuar residindo com ela, após o divórcio de seus pais. Na intenção de que a jovem assumisse mais adiante os compromissos da e...