CAPÍTULO OITO — RAFAELA
Enquanto arrumava o meu apartamento ia me recordando de cada detalhe dos acontecimentos marcantes entre eu e Helena na última noite. E aquilo apenas contribuía para que uma mágoa sem tamanho invadisse meu peito.
Eu havia acabado de almoçar, quando Júlia chegou a minha casa.
— O que você queria me contar? – ela indagou depois de nos cumprimentarmos.
— Você veio de carro? — perguntei cabisbaixa enquanto pegava as chaves do meu carro sobre a mesa de centro da sala.
— Por quê? — a garota retrucou estranhando meus dizeres, com as mãos dentro dos bolsos da bermuda. Na certa, ela já estava pressentindo a bomba que eu tinha para lhe contar.
— Tive um problema com o meu carro durante a tempestade de ontem. — murmurei sem mirar minha amiga e as cenas da noite passada, passaram em minha mente como um filme acelerado. — E ele acabou ficando na faculdade. — falei enquanto caminhávamos em direção à porta.
— Eu vou com você até lá sem problema algum. — Júlia concordou balançando a cabeça enquanto aguardávamos o elevador. — Mas me diga o que realmente isso tem a ver com o que você queria me contar? — interrogou novamente franzindo o cenho.
— Faz parte da história. — respondi forçando um sorriso enquanto adentrávamos o elevador.
A garota arqueou as sobrancelhas, acusando o quanto estava surpresa com o seu semblante e em seguida, sorriu, ajeitando os cabelos diante do espelho do elevador.
Durante o trajeto que fizemos até a faculdade, contei-lhe tudo o que havia acontecido na noite passada. Desde o pneu furado até o momento em que Helena e eu, fizemos sexo.
— Enfim... — disse após suspirar quando paramos em um semáforo. —Você acha que ela tem alguém?
A loira segurou o volante e sorriu, observando com atenção as pessoas atravessarem a faixa de pedestres. Pareceu pensar por alguns instantes.
— Ah... Bem... — Júlia murmurou parecendo deslocada com a revelação, porém sorria. — Primeiro, quero te parabenizar pela coragem! — disse gargalhando e soltando as mãos do volante por alguns segundos, batendo palmas. — E em segundo lugar, eu sei que a Helena é safada, mas acredito que ela não seria capaz de ter ido tão longe, estando comprometida com outra pessoa.
Recordei-me por alguns segundos do domingo em que havia ido até a sua casa e deparei-me com Catarina. Meneei a cabeça e suspirei profundamente: será mesmo que ela tinha alguém?
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Quando chegamos à faculdade, meu carro se encontrava do mesmo jeito, porém naquela tarde consegui contatar um reboque e mandá-lo para a oficina, no qual só o pegaria na segunda-feira à tarde, portanto passaria o restante do fim de semana andando a pé.
Após resolver o problema pendente com o veículo, partimos em direção a minha casa, onde continuamos a conversar sobre a noite passada.
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— E vocês não conversaram nada sobre o futuro? — Júlia indagou espreguiçando-se no sofá enquanto eu ligava o rádio.
— Não. Na verdade, ela foi fria comigo. — respondi em um murmuro entristecido enquanto tentava localizar uma estação. — Talvez seja verdade que ela tenha alguém mesmo, afinal, se ela não tivesse, teria passado o dia comigo.
Júlia meneou com a cabeça e me sentei ao seu lado, curtindo a música que tocava na rádio.
— Carol, pense bem... — ela falou enquanto deslizava o dedo na tela do celular. — Muitas coisas na vida dela estão em jogo. Não é tão simples assim.
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Amizade Perigosa (COMPLETO)
RomanceCarolina Guerra é uma jovem que apesar da relação conturbada com sua mãe, dona de um temperamento implacável, optou por continuar residindo com ela, após o divórcio de seus pais. Na intenção de que a jovem assumisse mais adiante os compromissos da e...