Capítulo Extra - POV Helena - Parte II

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CAPÍTULO EXTRA

POV — HELENA SILVA

PARTE II

Quando o período letivo regressou, surpreendi-me com a ausência de Carolina. Eu sentia falta de seus olhos me analisando durante as aulas. Pensei até que ela havia desistido. Pensei em perguntar Júlia sobre Carolina, mas tive medo de ser inconveniente e me contive, remoendo-me em dúvidas e mágoas por tê-la afastado ela de mim.

Como eu havia sido efetivada na faculdade, meu quadro de horários foi alterado. Ao invés de lecionar para o turno vespertino, agora lecionava para o matutino e noturno.

Por ser professora novata no período noturno, percebi que alguns alunos me observavam com curiosidade enquanto transitava pelos corredores.

Em meio aos rostos de centenas de alunos que passavam por mim durante aquela semana, procurei por Carolina. Queria ver o rosto da menina e descobrir se ela ainda era apaixonada por mim e talvez torcer para que o que ela sentisse fosse coisa momentânea. Mas não a encontrei. Embora agradecesse por isso, em meu mais profundo sentimento, desejava revê-la. Gostava do sentimento agradável que a jovem petulante me causava. Fazia-me sentir mais jovem. Aliás, sentia-me uma adolescente apaixonada. Apaixonada por uma aluna.

Quarta-feira. Daria aula no último horário para o terceiro período de Engenharia. Caminhei pelo pátio acompanhada de outros professores, conversando sobre como seria atarefado aquele semestre e em seguida, transitei solitária pelos corredores procurando pela sala correta.

Ao entrar, saudei os alunos me observavam com um misto de admiração e euforia.

Fui até minha mesa e separei a matéria que seria dada naquela noite e em seguida, apresentei-me para a turma. Enquanto falava, passeava com o olhar sobre a turma, analisando com cuidado cada rosto, porém senti meu coração disparando ao deparar-me com Carolina. Tive que manter a calma. Não poderia me desconcertar durante a minha apresentação. Respirei fundo, dando uma pausa ao que eu falava e voltei a e encará-la, arqueando discretamente a sobrancelha.

Durante todo o tempo em que eu explicava a matéria introdutória, não conseguia conter em observar Carolina. Mas eu não conseguia sustentar seu olhar por muito tempo. Recordava-me da mentira que havia lhe dito e virava-me de costas para a turma, fingindo apontar uma coisa ou outra no quadro.

Quando o sinal indicando o término da aula tocou, fiquei observando Carolina recolhendo seus materiais. Fiquei tentada em falar com ela, mas visto que ela não havia me dado abertura e a quantidade de alunos que se aproximou de minha mesa aquela hora, decidi me conter e agradeci por isso.

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Com o passar do tempo, Carolina e eu voltamos a nos falar, porém eram conversas formais que diziam a respeito da matéria lecionada em sala de aula e não estendíamos para nossas vidas pessoais. Eu sentia muita vontade de dizer que Catarina era uma farsa, que eu estava apaixonada por ela, que fiz aquilo pensando em nos proteger, mas pra quê? Duvidava muito que ela acreditaria.

Por mais que eu soubesse que Carol era jovem, possuía idade para ser minha filha, eu não conseguia parar de pensar nela. Aos poucos, os pensamentos que eram direcionados à Regina, foram cedendo espaço para os pensamentos dominantes à Carolina.

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Havia se passado dois meses desde que as aulas haviam se iniciado e mantínhamos pouco contato.

Recordo-me que em uma sexta-feira, enquanto dava aula para o primeiro período, fomos surpreendidos por um forte estrondo e em seguida a energia elétrica cessou.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora