CAPÍTULO DEZESSEIS — REENCONTRO
— Eu não vou te beijar! — Guilherme exclamou torcendo o nariz quando lhe disse sobre o jantar que meu pai havia proposto naquela noite. — Sem chances de colocar a minha boquinha de veludo na sua...
Eu revirei os olhos e gargalhei achando graça na situação. Já fazia exatamente dois meses que estávamos forjando um namoro. Andávamos de mãos dadas pelo estacionamento da empresa, almoçávamos juntos, fazíamos brincadeiras e por diversas vezes, alguns colegas flagraram Guilherme me abraçando, o que fez render inúmeros comentários a nosso respeito pela empresa e inevitavelmente, chegou aos ouvidos do meu pai.
Quando ele finalmente me questionou sobre as conversas paralelas que rondavam a empresa, mesmo que de contragosto, afirmei que Guilherme e eu estávamos tendo um envolvimento amoroso. Lembro-me com clareza o modo como ele franziu as sobrancelhas, admirado com aquela resposta e me encarou com o semblante totalmente cético, exibindo um sorriso sutil e balançando a cabeça de maneira negativa.
— E nem eu quero beijar você! — falei mordiscando o lábio e tornando a revirar os olhos novamente. — Infelizmente teremos que fingir, caso você realmente queira me ajudar. — falei suspirando enquanto checava os e-mails da empresa. — Minha mãe é muito esperta. Se não fizermos uma boa encenação, ela vai sacar qual é a jogada...
Guilherme gargalhou do outro lado da sala. Ele desenhava algumas planilhas e parecia ansioso para o jantar.
— Meu bem, você sabe quanto tempo eu não beijo uma garota? — ele passou as mãos pelos cabelos. — Há um século!
— Gui, é apenas um beijo! Você acha mesmo que eu quero passar por essa tortura?
— Tortura? — ele me olhou parecendo horrorizado com meus dizeres. Gargalhei. — Querida, você deveria me agradecer por beijar a boca mais gostosa da sua vida!
Torci o nariz e revirei os olhos com o seu comentário narcisista.
— A boca mais gostosa que eu já beijei, está em Buenos Aires beijando não sei quantas outras bocas por lá.
Ele gargalhou e balançou a cabeça de maneira negativa.
— Pela felicidade da minha amiga, farei esse maldito esforço!
____
O jantar estava programado para acontecer por volta das 19h00min, na residência de papai. Eu estava tremendamente ansiosa e com receio de que alguma coisa desse errado seja por um deslize de minha parte ou da parte de Guilherme, fazendo com que minha mãe descobrisse tudo e Helena de alguma forma sofresse as consequências por toda aquela loucura.
Apesar de ter total ciência dos riscos que eu corria com aquele plano que havíamos tramado, eu estava adepta. Havia passado três longos anos sem qualquer respaldo de Helena. Eu precisava reencontra-la, descobrir o que houve para ter sido ignorada por tanto tempo e finalmente saber se ela estava com alguém. Mesmo que Helena estivesse vivendo um romance com outra pessoa, gostaria de saber as respostas, simplesmente para seguir minha vida sem ficar me remoendo.
Perdida em minhas divagações, libertei um suspiro ao ouvir o celular vibrando ao meu lado, na penteadeira. Era Guilherme avisando que já me aguardava no saguão do edifício onde eu residia, para irmos juntos até a casa do meu pai, assim ganharíamos tempo para revisar o que havíamos ensaiado por quase um mês.
— Você está linda, meu amor! — ele exclamou maravilhado, forçando um sorriso.
Eu gargalhei.
— Coloque mais entonação na voz e não desmunheca perto da minha mãe! — falei ajeitando uma mecha de cabelos atrás das orelhas enquanto entrávamos em seu veículo.
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Amizade Perigosa (COMPLETO)
RomanceCarolina Guerra é uma jovem que apesar da relação conturbada com sua mãe, dona de um temperamento implacável, optou por continuar residindo com ela, após o divórcio de seus pais. Na intenção de que a jovem assumisse mais adiante os compromissos da e...