Amizade Perigosa (COMPLETO)

Capítulo Extra - POV Helena - Parte I

CAPÍTULO EXTRA

POV — HELENA SILVA

PARTE I

Meu filho mal havia se mudado para iniciar o ensino superior em outro estado, quando iniciei o primeiro ano de mestrado na Universidade de São Paulo.

Pedro, meu marido, trabalhava em uma grande construtora localizada na capital de São Paulo e por ocupar um cargo almejado, mantinha um círculo de amizade considerável com os sócios e os demais funcionários.

Consequentemente, éramos convidados para jantares, onde seus amigos sempre compareciam acompanhados das esposas. Após o jantar, reuniam-se entre eles, para discutirem sobre negócios e deixavam suas mulheres a fazerem companhias umas as outras.

Geralmente, quando era o momento de me reunir com essas mulheres, eu detestava, tendo em vista que a maioria apenas impunha assuntos fúteis, quando na verdade, eu gostaria de poder debater sobre a minha profissão.

Em meio a um desses jantares, conheci Paulo e sua esposa, Regina.

Regina era uma mulher absurdamente linda, embora aparentássemos possuir a mesma faixa etária. Seus cabelos eram negros e bem aprumados, possuindo um corte moderno, com o comprimento próximo ao queixo; as sobrancelhas possuíam um arqueado natural, destacando seus olhos castanhos claros; o nariz era delicadamente arrebitado, fazendo conjunto com os lábios delineados que sempre estavam com um batom vermelho. De estatura alta, Regina possuía curvas exuberantes que despertavam a atenção das pessoas que estivessem presentes no mesmo ambiente; a tez suavemente bronzeada realçava ainda mais seus traços, dando-lhe um toque sensual.

A princípio, quando nos aproximamos, julguei que Regina fosse uma dessas mulheres sovinas, ao qual estava acostumada a servir de companhia, mas eu estava equivocada. Regina possuía um carisma encantador e sua risada era contagiante. Conversamos por horas, ignorando as outras mulheres, sobre diversas trivialidades e no final das contas, acabei nutrindo um pequeno encanto pela morena, ao qual vim a descobrir ser dois anos mais velha que eu.

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Desde a adolescência, sempre me senti diferente das outras garotas, embora eu possuísse todos os trejeitos para ser heterossexual. Sempre via minhas amigas suspirando pelos corpos atléticos dos rapazes do colégio e eu simplesmente dava de ombros, apesar de achar minha reação sobre aquilo um tanto estranha, já que o comum era liberar inúmeros suspiros por aí ao me recordar de um dos sorrisos estonteantes do garoto mais cobiçado do colégio ou me pegar pensando nas costas modeladas e abdome definido. Lutei por anos contra aquilo, pois me sentia estranha. Pensava ser pecado, afinal meus pais abominavam os homossexuais e igreja ao qual frequentava, sempre pregava que aquilo era abominado pelos olhos de Deus.

Pedro era um dos rapazes que estudavam na mesma turma que eu. Eu precisava tirar aquela atração maluca e secreta por garotas da minha cabeça e me forcei a interessar-me por ele.

A princípio vivia colocando em minha cabeça que eu gostava dele. Começamos a nos relacionar e quando nos casamos, tentava pensar que aquilo era o certo e que estava seguindo a ordem natural da vida.

Ele era um bom homem e um bom marido. Sempre prestativo e companheiro, especialmente quando o nosso filho nasceu, porém com o passar dos anos, nossa relação foi se tornando cada vez mais estreita. Já não dialogávamos como um casal ou fazíamos planos juntos. Éramos amigos compartilhando do mesmo teto e da mesma cama. Não havia sentimentos carnais, mas éramos covardes demais para admitir.

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Após anos lutando contra aquela sensação esquisita de nutrir atração por outras mulheres, foi inevitável não me aceitar quando me vi atraída por Regina.