Capítulo Três - Recuperação

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CAPÍTULO TRÊS — RECUPERAÇÃO

— Você foi ao jantar na casa da professora, Carol? – Júlia indagou-me com extrema euforia na segunda-feira de manhã, quando nos encontramos no estacionamento.

— Eu não fui. – respondi sorrindo e mirando os olhos no chão.

— Mentirosa! Seu sorriso te condena! – brincou. –Pode me contar tudo! Vocês foram pra cama? Rolou beijo?

Algumas pessoas que passaram por nós, fitaram-nos com curiosidade. Belisquei o braço de Júlia, provocando-lhe um leve ardor.

— Fale baixo! – retruquei entre dentes. –E não, já lhe disse que nada rolou e nunca irá rolar entre a professora e eu.

Júlia começou a rir.

— Se você diz... – disse arqueando as sobrancelhas e franzindo os lábios. – Mas pode contar... Quero detalhes!

E então contei tudo o que havia acontecido no jantar, desde as revelações e quando ficamos sozinhas em sua sala de visitas.

— Meu Deus! Você perdeu a oportunidade de beijar aquela mulher? – falou boquiaberta em um misto de euforia e admiração.

— Já disse que não gosto de mulheres, Júlia.

— Uma professora gostosa como aquela... Divorciada... Sozinha em uma sala com você... Ficou te olhando... — comentou em um tom sugestivo. —Na certa ela apenas esperava por um sinal.

— Não seja ridícula. – falei fazendo cara feia. — O fato de ela ser divorciada não quer dizer que ela sinta atração por mulheres.

— Ah! Realmente, não! — concordou pigarreando. — Mas ela te deu mole. Você que é lerda e não sabe aproveitar as oportunidades. Se fosse eu... — finalizou suspirando enquanto caminhávamos para sala.

Fiquei com o semblante sério, analisando Júlia, que sorria.

Será mesmo que havia desperdiçado a oportunidade fazer o que eu tanto queria com Helena? E será que ela estava mesmo me dando abertura para uma aproximação? Será que ela sentia atração por mulheres? E por que teria se divorciado? Em meio a esses pensamentos, adentramos a sala, minutos antes de o sinal tocar.

— Bom dia, turma! – Helena disse sorridente colocando seus materiais sobre a mesa do mestre, segundos antes do sinal indicando o início da primeira aula da manhã tocar.

Naquela manhã, a professora usava um vestido tubinho preto, com um decote arredondado. O comprimento mediano do vestido, ao qual ultrapassava os joelhos, ressaltava as curvas do quadril, lhe ocasionando um ar levemente sensual. Nos pés, calçava um sapato de salto fechado, na cor vermelho escuro e no pulso esquerdo havia um relógio dourado.

Seus olhos foram de encontro aos meus, quase que imediatamente. Automaticamente um sorriso discreto desenhou-se em meus lábios, iluminando o meu rosto. Ela arqueou uma de suas sobrancelhas e retribuiu o sorriso com um aceno discreto, iniciando a aula daquela manhã.

— Pelo visto as repreensões e implicâncias da professora Helena estão surtindo efeitos, Carol. – minha amiga murmurou tentando me provocar após o sinal tocar.

Continuei observando Helena juntando suas coisas e tirando dúvidas de alguns alunos que se aglomeravam em sua mesa.

— Por que está dizendo isso? – indaguei sem retirar os olhos de Helena.

— Ora, você está passando a chegar no horário e está cumprindo com suas obrigações. Pelo menos aqui na faculdade. – explicou-me.

Nesse momento, Helena deixou a sala e antes de passar pela porta me observou outra vez e acenou discretamente com a cabeça e partiu por entre os corredores.

Amizade Perigosa (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora