Pais...

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entrei sorrateiramente em casa, quando vejo meu pai sentado em sua poltrona, no canto escuro da sala, a cabeça baixa, a testa levemente enrugada, os olhos cansados.

-Pai?

-Maya?- ele perguntou meio assustado, enxugando o rosto com a mão- Filha? Filha pensei que estaria descansando...

Fiquei muda por algumas minutos. Eu não sabia como começar. Era incrível como agora estava tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe dele.

-Filha?

Solto um longo suspiro.

-Posso falar com você?

-Claro, querida.- dessa vez além de surpreso ele parecia também aliviado.

-Queria me desculpa sabe... pelo meu comportamento...- hesitei- É que... que realmente não foi fácil recebe essa notícia logo de cara...

Dessa vez ele que suspiro.

-Não esta sendo fácil para nem um de nós. Eu e sua mãe, achamos melhor nos separar porque isso seria de ambas as partes, algo que havíamos desejado a anos. Sei que foi errado não te contar antes... Não estamos felizes mais juntos; então vamos dar espaço um para o outro para que possamos viver a nossa vida do jeito que preferir.

Olhei para os pés

-É que é difícil pai... vocês se amavam, e agora... é como se tudo...

-Mudasse, como se tudo mudasse, é, eu sei.- ele completou- Eu sei filha. Mas o que podemos fazer? O amor nem sempre vai unir duas pessoas, ele nem sempre vai ser o centro de tudo. O amor pode ser simplesmente uma armadilha disfarçada em um buque de rosas meu bem- ele falava com uma calma sobrenatural- Mas isso não vai mudar o que sinto por você. Nada vai nos separar querida. Sou seu pai e você é minha filha, sei que nunca fui muito presente, mas sempre estaremos unidos.

-Eu sei.- eu disse, só por dizer algo. Mesmo que eu não soubesse disso, foi ótimo ouvi essas palavras de sua boca.- Talvez leve tempo ate eu me acostumar...- pausei- Contanto que você seja feliz- dei de ombros

-Eu sempre serei feliz se tiver você do meu lado, amor.

Ele abriu os braços e eu caminhei hesitante ate ele. Sentei em seu colo, algo que eu não fazia a tempos, e ele me envolveu em seus braços.

Ficamos assim, ele alisando meu cabelo como só ele sabia fazer e cantarolava baixinho, como fazia quando eu era menor até eu dormi em seu colo.

-Pai?

-Sim, querida?

-Eu te amo pai.

Ele sorrio através do escuro e me apertou mais ainda.

-Eu te amo minha filha.

***

-Austin?- chamei

Estavamos no jardim da minha casa, eu estava com a cabeça apoiada em seu ombro enquanto assistimos a um filme no seu celular.

-Sim?

-Estou curiosa sobre uma coisa...

-Você esta sempre curiosa sobre muitas coisas Parker. Diga o que quer saber.- ele respondeu enquanto prestava atenção no filme.

-Bom, eu não quero estraga o momento sabe... Mas é que... que queria saber mesmo o que houve com seu olho- fixei o olhar na grama e comecei a tirar pedacinhos dela com a mão.

Ele suspiro

-Ah, era isso que queria saber então...

-Sim- sussurrei- Desculpe.

O olho dele havia melhorado e muito, mas, ainda estava um pouco roxo.

Ele deu de ombros

-Bom quando você saiu de lá de casa, aquele dia que me ajudou com a Izza. Meu pai havia chegado bêbado em casa... então, sem querer eu havia aparecido em sua frente sabe... Quando ele esta assim, o melhor a si fazer é não ser visto por ele... então eu estava vindo do quarto da Izza quando ele chegou em casa, e... bom e isso aconteceu.

Suspirei, eu não sabia que o pai do Austin era assim.

-Me desculpe Austin.- suspirei arrependida, eu não deveria ter pressionado ele para falar sobre isso.

-Tudo bem Parker- ele sorrio- Passado não?

-Sim- sorrir também, ainda com o olhar fixado no gramado.

-Ei- ele levantou meu queixo-Tudo bem, sim?

Concordei.

-Fiquei sabendo que vai haver uma festa, na casa do Bob (ele é o Austin já haviam se conhecido) você vai?

-Não sei se estou no clima de festa...

-Ah, por favor Parker, não seja careta! Você precisa se diverti um pouco.

-Claro. Se diverti...- fiz careta.

-Aaaah, não faça essa cara. Vai ser legal. Eu estarei lá.

-convencido cof, cof- rir

Ele piscou pra mim e eu tive vontade de beija-lo naquele momento. Ultimamente eu sentia uma vontade absurda de beija-lo.

-Okay, eu vou. Mas não porque você vai.

-Claro- ele riu.

MINHA VIDA DE CABEÇA PARA BAIXO.Onde histórias criam vida. Descubra agora