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Quando eu era criança, sempre que ficava com medo do escuro ou de dormi sozinha, ou de monstros no meu quarto, meus pais se juntavam e os dois me ajudavam a superar isso cada noite. Meu pai contava uma história inventada por ele mesmo, e minha mãe pegava da minha prateleira os meus dois bichinhos favoritos. A dona Girava e o senhor Elefante. Ela os aconchegava em minha cama, eu os apertava contra o peito, enquanto ela me envolvia debaixo das cobertas e ligava o pequeno abajur no criado mudo ao lado da minha cama. Istralava um beijo em minha testa e antes de sair dizia: "Tenha bons sonhos meu amor." Então eu finalmente fechava os olhos e dormia tranquilamente.

Porque quando pequenos desejamos crescer? E porque quando grandes desejamos tanto voltar a ser criança? Eu realmente não entendo a nossa mente humana... Olha só tanto momentos bons, tantos sorrisos vividos, brincadeiras divertidas e lembranças felizes. Depois disso cresci, parei de fantasiar o um universo, acreditar em contos de fadas e príncipes encantados. A astronomia e a ciência destruíram minha visão sobre a lua me seguir e as nuvens serem feitas de algodão-doce. Tudo mudou, eu simplesmente parei de sonhar... mais afinal mesmo o que é que havia em nossas cabeças ?

-Lembra de quando éramos crianças e queríamos crescer? Porque agora queremos tanto voltar a ser como antes?

Observei Austin, parado sem saber ao certo como responder a minha pergunta retórica. Acho que ele também havia se feito essa pergunta.

-Eu não sei...- ele disse por fim- Minha infância não foi lá das melhores...

O encarei.

-Me diga quando você era criança , qual era seu maior sonho e sua melhor lembrança?- perguntei tentando reanima-lo.

-Bom meu maior sonho...- ele sorriu ao pensar- Quer mesmo saber?

-Por favor!- sorrir também.

-Meu maior sonho era ir para Marte e fazer amizade com um ET- ele sorrio e eu mais ainda- E a minha melhor lembrança... foi quando meu pai me levou ao Planetário para vermos as estrelas juntos.

-Viu só! Você teve uma infância e tanto... Todos nos quando menores sonhamos em ser algo, digamos... um tanto peculiar. Astro do Rock, Atriz, Bailarina, Professora, Jogador de futebol, Princesa e Príncipe... e no meu caso ser uma rainha e ter um unicórnio rosa brilhante voador.

-Unicórnio rosa brilhante voador?!- ele gargalhou.

Gostei daquilo, gostei mesmo, de como ele se sentia  livre para rir comigo.

-Ah sim, claro... falou o garoto que queria ser amigo de um alienígena.- debochei.

-ET's são legais tá.- ele ralhou brincando.

-Não gosto de ET!

-Porque não? Eles são tão engraçadinhos...

-Realmente você não é normal.-balançei a cabeça- Eu tenho pavor de um ET especifico.

-Sério?

Suspirei, estava na hora de contar isso para alguém.

-Quando eu tinha 5 anos, vi meu pai assistir um filme sobre alienígenas, então um bichinho marrom que no caso era o ET, apareceu e ficava encarando o telefone da casa do menino e dizia: "MINHA CASA, TELEFONE"
e desde então essa frase, a voz dele, tudo, não saia da minha cabeça e até hoje odeio esse filme idiota!

-Ah... já assisti esse filme. É bem antigo... não se preocupe se levarem você para Marte pode ter certeza que vou junto.- sorrio- Pensando bem na verdade, acho que você iria querer mandar nos pobres alienígenas lá em Marte... E olha não seria uma boa ideia eles te levaram daqui não.

Estavamos sentados no passeio de alguma casa com um gramado verde escuro.

-Idiota!

-MINHA CASA TELEFONEEEE...

-PARA!

-EU SOU UM EXTRA TERRESTRE...- ele dizia e chegava cada vez mais perto de mim- MINHA CASA TELEFO...

Eu o cortei.

-Se dizer isso mais uma vez, juro por tudo que é mais sagrado, que te dou um soco bem aqui mesmo pra quebrar essa merda que você chama de dente!- eu disse seria.

Agora ele estava tão perto que seu nariz estava a milímetros do meu

Não-pensei- Não ele não pode fazer isso. Não, não agora.

-É por isso que gosto de você Parker- ele diz e por minha inteira sorte ele desvia e tasca um beijo em minha bochecha, agora corada.- Vem, vamos para casa.- ele  estende a mão para me ajudar a levanta e eu a agarro me apoiando.

O QUE É QUE ESTAVA HAVENDO COMIGO? PORQUE EU COREI? CARALHO, EU NUNCA CORO!

Caminhamos em silêncio até a minha casa.

-Boa noite Parker- ele disse com um sorriso assim que me deixou na porta de casa.

-Boa noite Cooper.

MINHA VIDA DE CABEÇA PARA BAIXO.Onde histórias criam vida. Descubra agora