Deito um pouco, mas sabia que não iria dormi. Nem que ficasse dopada. Fechei os olhos e abri novamente assim que ouvi e vi pedras sendo arremessadas em minha janela.
Abri a janela e uma das pedras pegou em minha testa.
-Porra!- exclamei e quando olhei pra baixo, pra rua do lado de fora de casa, vejo Austin se embrulhar de rir.-Você me paga!
Desci as escadas silenciosamente com pressa. Abri a porta da frente e a tranquei novamente.
-D-des-desculpa... des... desculpa- ele gagueijou de rir.
Dei um empurrão em seu braço.
-Que merda Austin!- berrei e passei a mão na testa.
Ele se aproximou e pousou um beijo ali. Onde a pedra havia garrado.
-Desculpe Parker. Não sabia que iria abrir a janela tão depressa.
Olhei para ele e balanço a cabeça.
-Tá. Mas o que esta esta fazendo aqui uma horas dessas?
-Só me segue.- ele disse sem mais rodeios.
-Ainda acho que você é psicopata sabia?
Ele riu e segurou minhas mãos.
-Shillll. Você não para a boca não é mesmo?
Fiz uma careta para ele e seguimos em frente. Andamos um pouco e chegamos em um lugar montanhoso com um riacho ao seu redor. Sentei no topo da montanha com o Austin. Era tudo que eu precisava no momento. Tranquilidade e ar fresco. A brisa ali soprava levemente. Era estranho como ali parecia tão aconchegante...
Olhei para o Austin ele parecia nervoso e estranhamente lindo. Mesmo com o rosto machucado ele parecia ter ficado mais lindo do que antes. Ele sentou do meu lado e fixou o olhar no chão.
-Por que exatamente me trouxe aqui?- perguntei depois de um tempo.
Ele parou e trinco os dentes.
Passei a maior parte do tempo tentando não chorar na frente das pessoas que amo, por isso sabia o que o Austin estava fazendo. Você trinca os dentes. Você olha pra cima. Você diz a si mesmo que se eles os virem chorando, aquilo vai magoa-los e piorar mais as coisas. Você pensa "eu não posso chorar, não agora." Então não chora, e você diz e pensa tudo isso enquanto olha para o teto. Ai engole em seco, mesmo que sua garganta não queira. Olha para a pessoa que ama e sorrir.
Ele abriu um sorriso torto e diz:
-Foi aqui que minha mãe morreu.- fez uma pausa. E eu segurei sua mão.- Era uma sexta a tarde. Eu tinha acabado de chegar da escola e minha mãe me trouxe para cá com o meu pai. Ele me abraçou e disse para que eu fosse ir forrar o chão com o pano de piquenique que íamos fazer. Meu pai tinha indo buscar lenha para a fogueira do nosso suposto acampamento de 2 dias. Fui para o lado de cima da montanha, e ela ficou na beirada do riacho, acho. E do nada ela soltou um grito agudo. Eu saí em disparada e vi que ela havia caido no riacho, e sim, por mais incrível que pareça o riacho era muito fundo e ela não sabia nadar, nunca soube na verdade. Eu simplesmente chorei, gritei, chorei de novo. Eu deveria... deveria ter pego o celular e ter ligado para a emergência, mas só conseguia chorar e gritar, até que finalmente ela parou de se debater contra a água. Então eu sentei, sentei do seu lado do riacho onde o corpo dela boiava e esperei meu pai chegar uma hora depois. Ele só gritava: "Por que você não me ligou? Porque não ligou pra emergência? Porque..." e tentava reanima-la de 5 em 5 minutos mesmo sabendo que ela ja estava morta.
-Austin...- eu estava tão abismada- Seu pai...seu pai culpou você?
-Bom... não na hora, mas sim. Como ele poderia não me culpar?
-Mas você era só uma criança...- argumentei.
-Sim, eu era. Mas crianças podem ligar para a emergência. Elas fazem isso o tempo todo.- ele disse dando de ombros.
-Porque não me contou isso antes?- perguntei calmamente.
-Nunca surgiu uma oportunidade.
Tudo, aquelas palavras ficaram suspensa no ar por um tempo. Então percebi naquele momento que o Austin não era quem aparentava ser de verdade, ele era melhor. Ele era uma pessoa que sofria como todos. Ele era bom.
Me levantei, e cheguei mais para perto dele, deitei a cabeça em seu colo e ele excitante tocou meus cabelos de leve.
-Sinto muito- falei.
Ele sorrir.
-Ela iria adorar conhecer você tenho certeza. Você me lembra muito ela as vezes. Tão justa e tão teimosa...- ele rir, o tom da voz mansa e tranquila.
Sorrir e sem percebe o abracei.
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MINHA VIDA DE CABEÇA PARA BAIXO.
Romance(CONCLUÍDO) Conta a história de Maya, uma garota honesta, irônica, divertida e inteligente. Que esta passando por mudanças em sua vida. Seus pais se separam, as amizades cresceram, o amor floresce, reviravoltas incríveis, emoções e sentimentos novos...