A mansão de Lúcifer está cheia de gente. Eu não gosto de visitas, ainda mais deles. Meu coração aperta quando vejo a cama pegando fogo. Como eu dormi com fogo aqui? Como?
Tento abrir a porta e ela esta trancada. Na verdade, emperrada, eu sempre estrago as coisas em casa ou na casa de quem seja.
- MÃEEEEEEEEEEEE - grito, só ela mesmo pra me ouvir.
Como foi pegar fogo aqui? Como ainda não morri? Como apago isso tudo?
A fumaça começa a entrar no meu nariz, encosto na parede. Ouço vozes gritando e passos, murros na porta.
- Angel, Angel, fala comigo - é a voz de Lúcifer.
O fogo não parece afetar outras partes da casa, só o meu quarto. Meus olhos ardem, dou uma tossida. Morrer queimada? Sério?
- Angel, me escute, não tente apagar o fogo. Não está queimando a casa inteira, é somente seu quarto. São seus dons. São eles que estão fazendo isso tudo. Você tem que tentar apagar - Natanael diz, batendo na porta.
Então sou eu, é minha culpa. Eu não tenho controle de nada, como vou derrotar Kesabel?
Olho pro fogo e me concentro. Tem que ser rápido, se não, eu morro de surto psicótico. Respiro fundo e já não sinto mais a fumaça me afetar. Fecho os olhos e coloco toda minha força pra fora.
O pior de tudo, é que doí. É muita força, muito trabalho. Acaba com minhas energias. O que mais posso fazer? Flutuar? Voar? Virar fênix?
Abro os olhos e vejo tudo em total fumaça, sumiu. O fogo apagou e só ficou fumaça. Suspiro fundo, eu consegui. Estou boa nisso. Me levanto com dificuldade e abro a porta. Vejo o corredor cheio, sorrio. Caio nos braços de Miguel.
- Eu odeio fogo - resmungo.
- Sabemos disso - Miguel sorri.
**************
Decidimos reforçar a segurança. Kasyade mandou um convite para Lúcifer, uma batalha. Claro, na escuridão da noite, a hora que os demônios ficam forte. Estou sentindo tanto medo, deve ser por isso que meus dons estão aparecendo, cada vez mais fortes. Observo todo mundo se preparando para o tal dia de guerra. Lúcifer já destruiu umas trinta árvores. É incrível como ele é competitivo.
- Então, tem orgulho de seu pai? - Natanael surge atrás de mim.
- Ele não é meu pai - respondo.
- Para com isso, sabemos que ele é sim. Ok, você não tem que aceitar - ele suspira.
- Não mesmo - digo.
Natanael abaixa a cabeça e suspira. Ele parece mais com Lúcifer do que imagina.
- Somos um peso para a humanidade - ele disse.
- Eu sempre fui - sorri. - Você me persegue desde sempre, não é?
- Sempre - ele responde.
- Você é inteligente demais pra um irmão mais novo - reviro os olhos.
- Você deve odiar me ter como irmão, não é? - ele ri.
- Eu não, eu nunca tive um irmão de verdade, mesmo torcendo pra ter. Eu cresci praticamente sozinha, Miguel não serviu pra nada, sempre foi frio - encaro ele. - Me desculpe se eu nunca notei você no colégio. Eu era uma babaca, eu sofri tanto pra chegar onde cheguei hoje. Eu quase desisti da minha vida, perdi minha amiga. Você tem sorte de ser quem é, pare de reclamar. E outra, eu tenho certeza que Lúcifer iria amar saber que tinha um filho homem, até porque ele sempre achou que eu fosse um.
Me levanto do tronco de árvore e deixo Natanael sozinho. Ele mal sabe como seria amado. Ele mal sabe como Lúcifer quer o amar. Ele tem tanta sorte e nem notou. Ele não foi perseguido ou abusado sexualmente.
De passos em passos para chegar na mansão, sinto algo estranho. Olho ao redor e vejo todos normalmente, treinando e fazendo outras coisas. Abaixo a cabeça e vejo flores embaixo dos meus pés, rio. O que é isso?
- Parece que a terra gosta de você - Sablo aponta para atrás de mim.
Me viro e vejo o chão cheio de flores coloridas. Que coisa bizarra.
- Quando está alegre, acontece isso - ele sorri, de leve.
- É estranho - suspiro.
Sablo me surpreende ao colocar a mão em minha bochecha.
- Isso também é estranho - ele diz.
- Não, isso é demostração de amor - bufo.
- É estranho pra mim, igual aquilo é estranho para você - ele suspira. - Mas as duas coisas são boas, não é?
- Acho que sim - respondo.
- Se é algo bom, não reclame - Sablo disse, tirou a mão do meu rosto.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Claro que sim.
- Por que é meu tio?
- Eu era o mais próximo de Lúcifer, e mesmo assim, não segui ele na escolha errada. Éramos irmãos, de coração e criação.
- Entendo - suspiro. - Ele me ama mesmo?
- Quem? Lúcifer?
- Não, Deus.
- Ah, ele te ama. Você dúvida?
- Comecei a duvidar depois de tudo que aconteceu.
- Não deveria, sua amiga irá ficar triste ao saber disso.
- Que amiga?
- Melanie, ela foi para um lugar bom.
Não consegui segurar as lágrimas. As bordas dos meus olhos arderam. Sablo me abraçou, apertei a camisa dele. Era somente isso que eu precisava ouvir, só isso.
- Eu... Eu não salvei ela. Eu não consegui, não, eu deixei ela ir.
- Não se culpe, não faça isso.
- Estou cansada de ouvir isso, mas eu sei que é minha culpa, eu sei - aperto meu rosto contra o tórax dele. - Por que Deus está fazendo isso? Por que?
- Angel, Angel... - ele suspira. - Ninguém entende ele. Mas eu digo que, tudo que o Senhor faz, é com um plano maior, com um resultado melhor.
Não falei mais nada, deixei as lágrimas aliviarem a dor. Deus, Deus e Deus. Eu realmente não entendo ele, nunca.
************
Na hora do jantar, todos pareciam famintos, menos eu. Tudo na minha mente girava. Meus olhos estavam inchados e vermelhos.
- Angel, você não vai comer? - minha mãe, pergunta.
- Não estou com fome - respondo, me levanto da mesa e sinto minhas pernas fraquejarem.
Eu caio direto no chão. Miguel tenta levantar da cadeira, mas eu impeço.
- Eu posso me cuidar sozinha, não precisa levantar - digo.
Controlo meu corpo sozinha e levanto. Vou direto para meu quarto, estou cansada.
Depois de alguns passos, eu chego na frente da porta. Assim que abro, vejo ele, sentado na minha cama, sorrindo. Eu mato ele!
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Beijos de Luz.
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A Lei De Lúcifer
ParanormalAngel simplesmente não sabia daquela mentira. Mais ao saber da verdade, o mundo dela desaba. Angel precisa se decidir, ela precisa escolher um lado. Quem é ele? Quem? Por que ele voltou? História da minha original autoria. Plágio é crime queridos.