Como uma grande fã da Disney que sou, eu sempre quis ser como uma das princesas, e de todas as princesas eu queria ser a Mulan. Não que eu queria lutar uma guerra real pela minha familia, até porque eu não gostaria que tivesse uma guerra e muito menos que minha família estivesse envolvida. Mas eu me via lutando contra os preconceitos principalmente dentro da minha casa. Mas na real eu era muito mais Bela Adormecida do que Mulan, mas sonhos são sonhos e eu queria ser a Mulan.
Eu sempre achei que a vida era como um livro ou um filme de conto de fadas, o que eu não sabia era que no livro/filme da vida nossas escolhas são as vilãs. E foi com essas mesmas vilãs que meu ano de dois mil e oito foi um dos piores anos da minha adolescência.
Subcapítulo Um - A Escola:
Vocês já perceberam que nenhuma princesa da Disney ia a escola, na verdade eu nem me recordo se elas sabem ler ou escrever. Eu tenho um pensamento que a escola seria muita crueldade com as princesas. Imagino a Branca de Neve sofrendo bullying porque vivia com sete anões, ou bullying com a Cinderela toda vez que acharem um sapato na rua, ou até mesmo com a Bela com aquele namorado parecendo uma fera. Seria muita crueldade com elas, dai preferiram não botar a escola nas suas histórias, afinal o que é sofrer por causa de uma madrasta quando se tem milhares de professoras?
A escola não é nada legal, muito menos quando se trata do Ensino Médio. Quando mudei de escola e parei de estudar com a minha melhor amiga, tudo foi muito ruim. Voltei a ser a menina solitária da sala, que não falava com ninguém e que morria de vergonha se a professora perguntasse alguma coisa. Por conta da minha timidez, eu sofri muito bullying, me chamavam de muda, ficavam fazendo piadinha por eu ser a mais estranha da turma e sabe de uma coisa? Até os professores pegavam no meu pé. Minha mãe voltou a ser chamada na escola pelo mesmo motivo que era chamada no primário, e ela vivia me perguntando o que tava acontecendo de errado comigo.
Subcapítulo Dois – Familia:
Por que as princesas da Disney não tem uma família assim? Feito as nossas? Cheias de defeitos e virtudes.
Antes mesmo de que eu terminasse o Ensino Fundamental, eu já tinha algo na minha mente: Eu não queria estudar em colégio particular. Era uma escolha minha, porque eu não queria depender dos meus pais para pagarem minha faculdade e no Brasil o único jeito de conseguir fazer faculdade de graça é o ENEM (bendito ENEM... Mas falaremos dele depois), e pra conseguir passar preciso ter feito o Ensino Médio em um colégio publico.
Assim que tive que mudar de escola, avisei meus pais que iria pra um colégio público, minha mãe apoiou minha decisão até porque ela entendia que desde pequena eu tinha a necessidade de ser independente. Meu pai, como eu esperava, odiou a ideia. Acho que ele não aceitava a ideia de que eu estava crescendo e que tava querendo me tornar independente, eu tinha a sensação que ele queria que eu sempre dependesse dele pro resto da minha vida.
Meu pai queria que eu fosse pra alguma escola particular, provavelmente alguma que os filhos dos amigos dele estudavam, e eu não quis e lutei pelo que eu queria. Me matriculei numa escola perto da escola da Diana com a ajuda da minha mãe e foi assim que entrei no Ensino Médio. Meu pai não falou mais comigo durante longos seis meses.
Subcapítulo Três – Namoro:
As vilãs sempre querem separar os protagonistas (no caso o príncipe e a princesa) e comigo e o Gregório não foi diferente. As nossas "vilãs" internas nos desuniram e terminaram com o nosso romance.
Durante os primeiros meses Gregório ia me buscar na escola e foi tudo maravilhoso, além de namorados éramos muito companheiros, desde as brincadeiras e as trolladas até os momentos de tristeza ele me acompanhava. Ele entrava nas minhas loucuras e eu nas loucuras dele. Éramos um casal muito feliz e ele sempre me fez muito mais feliz do que eu imaginei que eu seria.
Passado uns seis meses ele não me buscava mais na escola, nunca estava online no MSN, nunca mais nos viamos e quando nos viamos não era tudo aquilo como era meses antes. Acho que eu sabia que nós nos distanciavamos cada vez mais mas eu preferia fechar meus olhos para isso e fingir que estava tudo bem.
Até que um dia eu recebi uma mensagem no MSN, era ele. Eu logo abri um sorriso, muito tempo que não conversavamos, só marcavamos de nos encontrarmos. Mandei oi e percebi que ele estava estranho e com umas conversas que eu já vi onde ia parar. Ele disse que me sentia muito distante e que não sabia mais o que seria de nós caso continuassemos assim, ele precisava pensar e, pra falar a verdade, eu também precisava. Eu sabia que aquilo estava no fim e não sabia como mudar aquilo, eu o amava mais que tudo e sei que ele me amava também.
Chegamos em um acordo, não era o que eu queria mas nós precisavamos botar um ponto final na nossa história, era a coisa mais mdura a se fazer, e não tinhamos nos nossos pensamentos que talvez ficariamos juntos novamente quando estivessemos mais velhos.
Doeu muito em mim, não porque nós mulheres sentimos mais, mas sim porque eu me joguei de cabeça em um abismo do nosso relacionamento e eu não queria que o chão chegasse. Um hora o chão tinha que chegar e eu sabia disso, mas ainda sim quando chegou meu coração se despedaçou.
Eu o escrevi muitas cartas que nunca enviei e ele nunca soube que escrevi. Uma delas me marcou profundamente:
"Hoje vi nossas fotos, e decidi te escrever.
Já faz quase um mês que terminamos, eu juro que tentei seguir a minha vida, mas não tem um minuto que eu não pense em você. Seu sorriso sempre vem a minha mente, as nossas bobeiras e trolladas sempre se fazem presentes nas minhas lembranças, é como se passasse um filme na minha cabeça de tudo que passamos. E quer saber a real? Eu sinto sua falta.
Sinto falta de ter você do meu lado, falta de sentir teu beijo e do seu abraço, falta de olhar o MSN e ver minha notificação favorita, falta de ver você dizendo que me amava e que queria viver o resto da minha vida comigo. Eu sinto falta de nós, da nossa cumplicidade, das nossas zoeiras, dos nossos papos muita vezes nada ver e do jeito que eu me sentia com você.
A verdade é que eu me tornei muito mais eu depois que você entrou na minha vida. Não é uma frase clichêzinha, e sim porque eu me senti muito mais viva depois de você. Eu me senti muito mais amada, muito menos triste, muito mais animada. Eu me tornei muito mais apaixonada pela vida depois de você, talvez porque eu fiz de você a minha vida. "
Não consegui de escrever esta carta. Comecei a chorar assim que comecei a escrever, e as folhas já estavam ficando encharcadas de lágrimas. Eu só não conseguia escrever, no meu pensamento só vinha as nossas lembranças, a saudade e o amor que eu sentia invadiam o meu peito ao ponto de doer de verdade, fisicamente. Eu chorava sem parar, até que senti uma mão eu senti uma mão no meu ombro enquanto eu estava com meu cotovelos na escrivaninha e com minha cabeça apoiada nas minhas mãos chorando. Era Giovanna que naquela época tinha por volta dos seus seis anos. Mesmo sem entender ou saber o que estava acontecendo, ela se tornou o meu forte, e meu ombro amigo. Ela me abraçou e eu pude sentir como se os caquinhos que estavam dentro de mim, fossem se juntando.
Subcapítulo Quatro: Amizades
Nunca as princesas conseguem ficar perto de quem as querem bem, já percebeu? Sempre algo acontece pra que ela se separe de quem ela confia. Isso sim parece com a nossa vida, muitas das nossas escolhas afastam quem nos quer ver bem e feliz.
Como vocês já sabem, eu não sou uma menina de muitas amizades. Eu tenho a Diana, alguns amigos dela que também são meus amigos e bom... São apenas eles.
Diana sempre foi a menina mas simpatica da turma, daquelas pessoas que faziam todo mundo rir. Ela é ironica e sarcastica e acho que essa é uma das maiores virtudes dela, pois sempre consegue ser tirar algo engraçado de algo sério através da sua irônia. Ela fazia com que nós rissemos mesmo nos nossos piores momentos, e com certeza esse é um dos maiores motivos de ter ela como minha melhor amiga.
Como eu disse já não estudavamos juntas, e infelizmente só tinhamos contato agora através do MSN. Eu sentia falta dela, de ter uma amiga perto. Mas assim como com o Gregório estavamos distantes, muitos distantes. Ela já tinha arrumado amigos novos, amigos que tinham a mesma realidade que ela e que eram da mesma escola que ela.
Acontece que estava tudo indo mal, e na nossa amizade não foi diferente. Diana não era mais a mesma, assim como eu também não era.
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A vida de Camila
General FictionCamila é uma mulher que passou por poucas e boas durante toda a sua vida, com pais preconceituosos e conservadores, ela necessita passar pelas fases da sua adolescência com ainda mais coragem e força.