Minha volta pra casa

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Já havia 2 dias que eu estava na casa da Diana, e que não via nem falava com meus pais. Havia milhões e milhões de ligação deles e dos meus familiares que eu não fazia questão de atender. Eu precisava voltr pra casa alguma hora e era o dia certo para voltar. A "poeira" devia ter abaixado e eu sabia que eles estavam sentindo minha falta, até porque não podiam brigar com a Giovanna pelas notas baixas dela na escola sendo que ela nem estudava ainda.

Decidi voltar.

Arrumei minhas roupas, tomei o meu ultimo café da tia Geralda antes de sair, pedi a Diana para me levar no trabalho do Gregório para eu me despedir dele pois sabe lá quando nos veríamos de novo e já éramos grandes amigos. Fui para o ponto de ônibus com um aperto no coração porque durante aqueles 2 dias, aquelas pessoas tinham sido a minha família e na real, eu não queria voltar pra casa.

Peguei o ônibus com as minhas malas, aquele mesmo ônibus de baratas que eu peguei pra ir pra casa da Diana sabe? Só que dessa vez eu não estava tão assustada. Depois de viver 2 dias na simplicidade, eu fiquei até mais feliz. A felicidade e a simplicidade caminham juntas e isso eu consegui aprender durante aqueles dois dias.

Desci do ônibus, e fui andando do ponto até em casa.

Tinham muitos carros de policia em frente da minha casa, achei que tinham roubado alguma coisa da herança do meu avô, ou algo super importante para o meu pai. Mas na hora que eu pisei em casa, eu pude perceber que todos aqueles policiais estavam me procurando a dias e estavam lá para saberem mais noticias ou lugares pra onde eu poderia ter ido. Eu cheguei em casa, e minha mãe veio correndo me abraçar enquanto o meu pai dispensava os policias e pedia desculpa pela perda de tempo, porque como sempre, pra ele eu sou uma perda de tempo.

"- Você não sabe o quanto eu estava preocupada com você filha." Disse minha mãe

"- Mãe, eu estou bem. Só precisava de um pouco de paz que aqui eu não achava."

Minha mãe sempre foi a única pessoa da minha família que me entendia de verdade. Ela entendia minha amizade com a Diana, sabia que ela e a Tia Geralda eram pessoas de bem, mas ela nunca contrariava o meu pai. Ele falava, ela concordava. Por mais que doesse em mim, e eu sei que se doía em mim, doía nela.

Ela entendeu o que eu quis dizer, mas ficou muito tempo me abraçando, parecia que nunca mais iria me soltar.

Quando o meu pai chegou perto de mim, ele só tinha palavras para me rebaixar e brigar comigo. Disse que eu não tinha o direito, nem a permissão de ficar 2 dias fora sem avisar. Disse que por minha causa Giovanna não parava de chorar. Disse que tiveram que voltar do jantar na noite em que sai, porque minha tia Lourdes tinha chegado lá com a minha irmã, não viu ninguém e ficou desesperada. Ele falava e eu não aguentava mais ouvir a voz daquele homem botando a culpa de tudo em mim. Como se eu realmente tivesse culpa de tudo que está acontecendo no planeta. Eu tinha ido para casa da Diana exatamente por isso, eu não aguentava mais ser a culpada de tudo, a sem juízo da família por considerar pessoas diferentes de nós, pessoas boas e de bem.

Tudo era culpa minha, e minha mãe entendia  que eu sentia sobre isso, mas nada mudava. Eu poderia passar anos fora de casa, fora até do Brasil, que meu pai iria me culpar pela escassez de negócio que sua empresa estaria passando ou até mesmo, pela Giovanna ter arrumado um namorado tatuado que bebe. Tudo naquela casa caia sobre mim. E eu não estava aguentando mais.

Meu pai me botou de castigo por meses, eu só ia de casa pra escola, e de escola pra casa com o motorista particular dele, sendo que eu morava há cerca de 100 metros da escola. Parecia que o motorista era o meu babá.

A vida de CamilaOnde histórias criam vida. Descubra agora