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As semanas seguintes a aquele encontro não foram totalmente 100 por cento. Quando eu levava Giovanna no consultório, eu mal conseguia olhar pra cara dele. Eu me sentia envergonhada, como se eu tivesse me aproveitado da minha irmã pra eu conseguir alguém. Tudo quando o assunto era ele ou a terapia me fazia ficar incomodada.

A real é que por mais que eu me sentisse culpada e envergonhada por isso, eu tinha gostado. Eu tinha gostado da companhia dele, do jeito que ele me tratava, do carinho que tivemos um com o outro, e isso é o que mais me fazia mal, saber que por mais errada que aquela história fosse eu gostava daquilo.

Na verdade o fácil pra mim nunca teve graça, toda os relacionamentos que me submeti tiveram sua dificuldade. Eu pensava que gostava do perigo, mas na verdade o fora do comum me chamava a atenção, e por mais comum que Raul fosse, a situação que tinha se formado me fez ter a atenção. Eu gostava do caos que eles faziam eu sentir.

Depois de um mês do acontecimento, Giovanna me disse que precisávamos conversar e que queria contar algo muito bom que estava acontecendo com ela. Marquei de irmos nos encontrar no seu restaurante preferido, o Satyricon de Ipanema. Busquei minha irmã, pegamos um táxi até o lugar e pedimos uma mesa. Minha irmã parecia muito feliz, o sorriso e os olhos dela brilhavam como estrelas.

Olhamos o cardápio e acabamos pedindo o de sempre. Foi quando começamos os papos, falamos da escola/faculdade, dos nossos pais, da vida e até que ela chegou no assunto que ela queria.

"-Mana, eu tô apaixonada" - Disse com um grande sorriso bobo no rosto.

Logo me animei e pensei "- Meu Deus, me conta quem é o cara."

"-Raul né Camila. - gelei - é só perceber como a gente se olha quando se vê"

Por aqueles segundos todos os tipos de palavrão existentes na face da terra passou pela minha cabeça. Eu não sabia o que fazer. A primeira grande paixão da minha irmã era o psicólogo gato dela que me chamou pra sair e que eu beijei no fim da noite. Muita informação.

"- Como assim o Raul? Vocês já sairam ou algo assim?" Perguntei bem preocupada

"- Não saímos saímos, fomos ao sorvete umas duas vezes depois da consulta e foi isso." Respondeu

"- E ele gosta de você?" Perguntei ainda mais preocupada

"- Não sei. Nunca entrei nesse assunto com ele e não sei se tenho coragem." Respondeu

Então começamos uma longa conversa de amores, seus prós e contras. Toquei no assunto da idade, por conta dele ser muito mais velho que ela, ela me disse que não era problema pra ela e que talvez seria um problema para os nossos pais e como eu fiz, ela iria encarar eles. Tudo pra mim parecia estar distorcido. Eu não queria falar pra ela tudo o que aconteceu, eu não queria estragar o primeiro amor dela, eu só queria que fosse normal.

A vida de CamilaOnde histórias criam vida. Descubra agora