Meus quinze anos

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Sempre disse a minha mãe que não queria ter festa, porque eu não iria poder chamar os meus amigos, só iriam os filhos dos amigos do meu pai, os amigos do meu pai, aqueles tios chatos de longe que amavam apertar minhas bochechas, e os amiguinhos ricos da escola da Gi. Eu não queria fazer nada naquele meu aniversário, queria sair com a Diana, os amigos dela e o Gregório pra ir em qualquer lugar, até mesmo pra andar na praia, porque com eles qualquer lugar é pura diversão.

No dia que completei 15 anos, eu conversei com a minha mãe para que eu pudesse sair com meus amigos, me divertir, e não precisar suportar tudo que estava tendo que suportar em casa.  Minha mãe concordou, disse pra eu chegar antes das 22:30 e me ajudou a dar uma volta no meu pai pra eu sair com a Diana, Gregório e todos os meus outros amigos.

Encontrei todo mundo no ponto de ônibus e fomos a Copacabana, escolhi um barraquinha no deck de um quiosque para ficarmos. Ninguém queria ficar lá pois era caro ficar por ali, mas eu escolhi ficar ali, disse que pagava e contra vontade de todos ficamos ali. Aproveitamos o nosso dia ao máximo, Gregório me fez me sentir a menina mais sortuda do mundo e Diana me fez ver que eu tenho a melhor amiga de todas. Pagamos muito mico durante todo esse dia. Fingi ser gringa pra brincar com os vendedores, Diana correu na praia gritando igual uma doida e ficou dando em cima de qualquer pessoa que passava pela gente, enquanto Gregório só nos observava e ria de tudo que acontecia. Aquele com certeza foi um dos dias mais alegres da minha vida, eu estava muito feliz por ter passado todo meu aniversario com todas aquelas pessoas que eu amava.

Voltei pra casa às nove horas da noite, bem antes do esperado. Assim que cheguei ao portão da minha casa, eu percebi uma movimentação diferente na minha casa com muitas vans, e carros que eu não sabia de quem eram. Fui até a porta curiosa o porque tudo aquilo ali dentro do portão. Pisei na porta de casa e vi que tinha um tapete vermelho e que tinha muita gente na minha casa, com flores, luzes, panos, mesas. Cai na real, e vi que aquilo era minha festa de quinze anos. Eu chamei minha mãe e subi ao meu quarto, nervosa e revoltada porque eu não queria aquilo. Minha mãe subiu logo depois de mim.

"- Mãe, eu disse que não queria festa. Por que você fez isso?" Perguntei indignada e nervosa

"- Minha filha, eu te juro que conversei com seu pai sobre isso mas você sabe como ele é. Ele me disse que todos os amigos dele fizeram festa para as suas filhas e ele não queria ser diferente. Ele disse que queria que pelo menos em uma noite fossemos uma família unida e sem brigas. Eu falei que não era pra fazer que causaria brigas e fui buscar sua irmã na casa da amiguinha dela, porém quando voltei já tava toda essa bagunça aqui. Me desculpa."

Eu não sabia o que fazer, minha mãe parecia estar falando a verdade e eu sabia que ela não era de mentir pra mim. Sorri, e fingi que estava tudo bem. Meu pai tinha arrumado tudo, buffet, dj, a arrumação, o bolo, fotografo, vestido (Sim, ele comprou vestidos pra mim, minha mãe e minha irmã), maquiadora, cabelereira e eu achava que ele não sabia arrumar nem um miojo. Eu tava impressionada de como ele era capaz de fazer as coisas e não usava isso pro bem. Eu resolvi participar já que meu pai fez um enorme esforço.

Fui ver o vestido (que era lindo e eu fiquei muito surpresa), tomei banho, botei meu vestido e fui fazer a maquiagem e o cabelo. Em uma hora fiquei pronta. Tinha que esperar os convidados chegarem pra que eu descesse e fizesse tudo que a debutante ia fazer. Meu pai não me falou nada, nadinha, até porque nós quase não nos falávamos. Eu não sabia o que eu teria que fazer naquela festa.

Depois de um tempo, os convidados chegaram e como eu esperava não tinha nenhum dos meus amigos lá. Mesmo assim tratei todo mundo bem, tirei fotos, dancei com aqueles meu primos da tia Lourdes, e aproveitei a festa.

Quando deu meia noite, o Dj pediu para que as pessoas saíssem da pista pra que eu dançasse com meu convidado especial. Eu não fazia idéia de quem era meu convidado especial. Meu pai chegou e disse que era pra eu virar de costas pra porta. Obedeci meu pai e o virei. Meu pai disse que eu já poderia virar, meu convidado estava de costas pra mim e quando olhei para o convidado eu pensei que era o Gregório, mas como meu pai chamaria ele?

Na hora que o convidado virou, começou uma gritaria sem fim, ele tava com um microfone na mão. Olhei pro rosto dele e o convidado era o Felipe Dylon. Eu não acreditei. Meu pai além de ter armado toda a festa, contratou o Felipe Dylon pra ser meu príncipe. Mesmo sabendo que ele tinha feito isso só pra se mostrar para os amigos deles, eu fiquei muito agradecida, porque apesar de não ter contato nenhum com todas aquelas pessoas que estavam ali, eu acabei criando laços que eu nunca teria criado antes, e ainda conheci o Felipe Dylon, o verdadeiro Felipe Dylon.

Ele começou a cantar a única musica que todo mundo conhecia na época. Ele olhou pra mim e começou:

"- Você sereia tropical..." e veio me abraçar.

ELE VAI ME ABRAÇAR, AI MEU DEUS. – Eu pensei já começando a chorar.

Ele me abraçou, continuou cantando e ficou dançando coladinho comigo essa musica.

Era meu sonho se tonando realidade, mas aquilo não estava completo. Eu queria que a Diana e o Gregório tivessem ali para viver isso tudo comigo. Assim que acabou a dança, eu pedi ao Felipe que gravasse um vídeo para minha melhor amiga que também era muito fã dele, ele gravou um vídeo e deu um autografo na foto que eu tinha dele para que eu desse para ela. Ele me questionou o por quê ela não estava lá. Eu não podia dizer do preconceito do meu pai e acabar com a noite, eu preferi dizer que não sabia.

A noite foi passando e o dia chegando. A festa foi acabando e o cansaço aumentando.

Fui pra cama já as sete da manhã enquanto o buffet e as pessoas da arrumação guardavam tudo. Eu tava cansada mas feliz por tudo que tinha acontecido. Antes de dormir, revisei meu msn , mandei o vídeo para Diana e fui olhar minhas mensagens. Tinha uma mensagem enorme do Gregório. Era uma declaração, ele disse que estava muito feliz por ter passado o primeiro aniversário de muitos comigo. Foi a melhor coisa que aconteceu naquele meu dia. Na verdade, ele foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

A vida de CamilaOnde histórias criam vida. Descubra agora