Depois de meses de castigo, e conversando com Gregório por mensagem, eu fui liberta e poderia sair pra onde eu quisesse. Como Gregório já tinha me chamado pra sair, porém eu estava de castigo, eu avisei a ele que eu poderia sair agora já que já havia saído do castigo.
Eu disse pra irmos ao Outback, já que eu ia lá sempre. Ele não sabia bem o que isso significava mas sabia que não estava nos padrões do que ele poderia gastar. Eu sei que ele ficou sem graça por não poder me levar lá, me disse que lá era fora do orçamento dele e me perguntou se teria algum outro lugar que eu quisesse ir, mas na verdade eu queria estar com ele, independente da onde iriamos.
"- Podemos ir aonde você quiser, contanto que você vá." Eu disse.
Nos encontramos no dia seguinte, ele me levou a um restaurante de alguém que ele conhecia na barra. Assim que o encontrei, os olhos azuis dele começaram a brilhar e ele abriu um sorriso tão espontâneo que eu me derreti. Ele me deu um beijo no rosto, e fomos ao restaurante. Chegando lá, olhamos o cardápio, ele me pediu desculpas por não poder me levar ao Outback, mas eu disse a ele que não importava o lugar. Ele pediu um hambúrguer com uma porção de batata frita e um coca bem gelada, e eu pedi uma salada básica com um suco detox.
Era tudo muito simples, mas estava tudo muito perfeito para mim. Ele botou a mão dele na minha, olhou dentro dos meus olhos e disse que eu era linda. Eu senti naquele momento que eu tinha corado. Eu sorri, agradeci e enrolei meus dedos com os dedos dele.
Eu já sabia tudo sobre ele. Sabia que ele gostava muito de Charlie Brown Jr., que também gostava de mpb e rap. Sabia que ele era filho único por parte de mãe, mas tinha um irmão um ano mais novo que ele por parte de pai. Sabia que ele trabalhava com o tio dele na obra pra ajudar a mãe em casa. Eu sabia de tudo sobre o Gregório através das nossas conversas. Eu sabia que ele podia ser o cara certo pra mim.
Nós fomos conversando, ele fazendo carinho na minha mão e eu admirando o mar dos seus olhos. Eu perguntei se havia alguma coisa sobre ele que eu poderia não saber. De repente ele se levantou e foi em direção ao palco, eu gelei. Não sabia o que esperar daquilo. "O que ele vai fazer? Ele vai me chamar no palco? Ai que vergonha. Por que tive que fazer essa pergunta?" Pensei.
Ele pegou o violão que estava deitado no chão, e disse: "- Eu sou um grande fã de Charlie Brown Jr. e hoje vou cantar uma musica especialmente para aquela menina ali – Apontando pra mim – Vamos lá, 1... 2... 3..."
Ele começou a cantar uma versão meio mpb de Vem ser minha do Charlie Brown Jr., a voz dele era maravilhosa, era uma mistura de Caetano com Gilberto. A voz dele bailava pelos meus ouvidos como um jazz contemporâneo que tocava até a minha alma.
"- O coração que bate aqui é dela" eu estava apaixonada, extasiada, não sabia mais o que fazer além de olhar hipnotizada para aqueles olhos azuis.
Ele terminou a musica, todos do restaurante aplaudiram, assoviaram e gritavam "- Bravo" ou "- Mais um". Ele veio me perguntar se eu me importava dele cantar outra música, e eu não tinha nem o que responder, eu estava totalmente paralisada. Ele levou isso como um sim, subiu o palco novamente, pegou o violão e começou: "- Você sereia tropical, vestida de areia e sal..." Exatamente, ele estava cantando Felipe Dylon, na hora eu imaginei que a Diana devia ter falado algo para ele. Ele cantava olhando pra mim, como se eu fosse a musa do verão dele, eu estava a cada musica mais apaixonada. Até porque quem cantaria na frente de um restaurante inteiro, duas musicas pra mim no primeiro encontro? Ele era especial, eu sentia e via isso. Ele não era como todos os outros meninos que eu estava acostumada a ver, ele era gentil, sensível, amava as mesmas musicas que eu gostava, era do jeito que eu sempre esperei.
"- Minha musa do verão..." A musica tinha acabado, todos do restaurante mais uma vez aplaudiram e gritaram e tudo mais. Ele deixou o violão lá no palco e veio se sentar para comer junto comigo.
"- E ai? O que achou do meu talento escondido?" Disse ele.
"- Eu não sei o que dizer. Você foi maravilhoso!"
Ele deu uma risadinha mostrando as covinhas do seu rosto.
Terminamos de comer, conversamos e rimos. Recebi uma ligação da minha mãe, atendi:
"- Oi filha, aonde você tá?"
"- Oi mãe, estou aqui com um amigo almoçando aqui perto de casa."
"- Ok filha, cuidado está muito perigoso ai hoje em dia."
"- Tá bom mãe, vou tomar cuidado. Beijo, tchau."
"- Beijo filha."
Desliguei o telefone, e Gregório ficou preocupado sobre o que ela tinha me falado, eu disse que não era nada demais. Saímos do restaurante, ele quis me levar em casa, achei super fofo mas não ia dar certo pois meu pai não ia deixar nós ficarmos juntos. Disse que podia deixar que eu ia sozinha, ele me deu as mãos, olhou dentro dos meus olhos e ia me beijar.
"Meu Deus, vai ser meu primeiro beijo." Pensei. Eu estava com medo, confusa, com uma grande insegurança. Pensei em para tudo, e falar a verdade pra ele, falar que eu estava nervosa e que não sabia o que fazer, mas ele era perfeito e especial, não era como os outros que queriam ficar comigo só por ficar. Eu respirei fundo, decidi ir fundo.
Quando os lábios dele tocaram os meus, o mundo parou por um minuto e eu não poderia estar em um lugar melhor. Uma paz e um nervosismo surgiram em mim, contraditório, porém real. Foi estranho, mas ao mesmo tempo muito bom. Enfim, não entrarei em muitos detalhes.
Fui para casa com um sorriso no rosto, e mal sabia que os dias da minha relação com Gregório estavam contados.
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A vida de Camila
Narrativa generaleCamila é uma mulher que passou por poucas e boas durante toda a sua vida, com pais preconceituosos e conservadores, ela necessita passar pelas fases da sua adolescência com ainda mais coragem e força.