Como conheci a minha melhor amiga

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Ainda na época do primário, conheci uma pessoa que conseguiu me cativar. Ali eu vi que ela poderia ser uma grande amiga, até porque ela me fez sair do meu mundinho e me abrir a amizades. Conheci a Diana.

"- Oi, meu nome é Diana e como é o seu?"

Bem tímida Respondi: "- Camila"

E a partir daquele momento, percebi que era o inicio de uma grande mudança na minha vida. Diana era totalmente o oposto de mim, era aquela criança que brincava com todo mundo e era sempre a primeira a entrar na fila do tremzinho que a professora pedia. 

 A mãe dela era a merendeira da nossa escola e todos os dias enxergávamos o amor que tia Geralda tinha por sua filha. Diana era a mais louca da sala, naquela época não sabíamos bem o que louca significava mas hoje vejo que é o melhor adjetivo que pode a descrever. Começamos ali, naquele dia chuvoso, no qual minha mãe tinha ido a escola resolver o "meu problema", uma bela amizade.

Ela era a minha única amiga, enquanto eu era apenas mais uma amiga dela, mas acontece não é?! Brincávamos todos os dias na escola e quando isso acontecia todo mundo olhava pra nós duas, se perguntando o porquê dela estar brincando comigo, e confesso que ainda hoje pergunto a ela o porquê dela continuar aqui, a resposta continua sendo: "vejo em você o seu melhor."

O tempo passou e lembro que ficamos muito próximas naquele ano. Viramos melhores amigas!

As férias começaram, e eu senti muita falta da Diana naquele verão. Eu não sabia onde ela morava, eu não tinha como falar com ela, e eu não tinha a menor ideia de onde ela poderia estar. 

Meus pais foram viajar e me deixaram com a minha tia que não morava muito longe da nossa casa. Passei as férias com ela e com meus primos que eram mais velhos que eu e que me faziam de boba como primos mais velhos fazem. Eu voltei a me tornar solitária, não tinha com quem brincar, meus primos tinham suas brincadeiras "de adultos" e eu sentia falta da minha única amiga. 

Até que um dia estava no quintal da casa da Tia Lourdes, e avistei de longe a Tia Geralda, mãe da Diana e merendeira da nossa escola, com uma sacola na mão.

Não me contive e gritei: "- Tia Geralda, cadê a Diana?"

A tia simpática como era botou um sorriso no rosto e me disse: "- Ela está em casa, tive que sair e não pude trazer ela."

Tia Lourdes ouviu meus gritos e viu com quem eu estava falando, mais que depressa ela veio falar comigo e me levou pra dentro da casa antes que eu desse tchau para a merendeira. 

"- Não converse com essa moça." Disse ela.

Retruquei perguntando o porquê daquela ordem e ela me disse que eram coisas de adulto. Sem entender, consenti.

Depois de alguns dias, meus pais voltaram de viagem e foram me buscar na minha tia. Lembro-me da minha tia chamando meu pai para conversar em seu escritório enquanto minha mãe conversava comigo. Ouvi uma grande discussão e meu pai dizendo:

"- Você não devia ter deixado ela falar com aquela mulher."

Na época eu era criança, nada passava pela minha cabeça e eu não fazia a menor ideia do que era preconceito. Meus pais não sabiam que Diana era filha da merendeira até então. 

Depois de um tempo, as aulas voltaram e lá avistei minha querida amiga. Ela estava no pátio, e que saudades que estava, eu queria passar o dia todo brincando com ela. Eu tinha levado pra escola a Barbie que meu pai tinha trazido pra mim da Alemanha e eu precisava mostrar aquilo para Diana. Fui ao encontro dela, e meus pais seguiram em direção ao refeitório que era ao lado do nosso pátio. Cheguei ao seu lado e disse:

A vida de CamilaOnde histórias criam vida. Descubra agora