Depois de um mês da minha decisão de ir embora, eu ainda não tinha conseguido um trabalho, e faltava menos de um mês para eu ter que sair de casa. Eu estava em desespero até que por um milagre, a tia Geralda mais uma vez me ajudou.
Ela estava trabalhando de caseira na casa de alguns gringos, eles não moravam lá, vinham só para temporadas mas ela tinha que ficar lá cuidando da casa. No ano de dois mil e onze, os patrões ingleses da tia Geralda resolveram vir morar no Brasil e de inicio precisavam de uma tradutora e uma professora de inglês. Graças a minha mãe eu tinha feito um curso de inglês dos meus 12 aos meus 16 anos de idade, eu sou fluente em inglês desde então. Sabendo disso a tia Geralda me indicou para ser tradutora da familia. Assim que Diana me disse o feito de sua mãe, eu recebi uma ligação de um número fora do Brasil, marcamos uma entrevista dois dias depois.
No dia da entrevista, eu estava muito nervosa porque aquele poderia ser o meu primeiro emprego, mas e se eu errasse uma palavra? E se eu gaguejasse? Estava desesperada porém fui. Cheguei lá, toquei o interfone, em menos de um minuto a tia Geralda abriu aquele grande portão pra mim e disse:
"- Pode entrar, eles falaram algumas coisas que eu não entendi mas eu acho que já estão te esperando. Fica calma que vai dar tudi certo."
Tia Geralda sabia que meu coração estava na mão, que meu nervosismo estava tomando conta de mim e que eu precisava de uma palavra de apoio. Dei um abraço na tia Geralda, e entrei. A mãe da Diana foi me acompanhando até os gringos e assim que cheguei me surpreendi, eles tinham por volta de quarenta e cinco anos, ambos loiros e com um sorriso esplêndido. Comprimentei-os e sentei em frente a eles no escritório, eles disseram que estavam só esperando o filhos deles chegarem pra começar.
Entrou um cara branquinho com o cabelo loiro escuro e de olhos claros lindo, vestindo uma camisa xadrez clara com uma calça mostarda. O cabelo dele era grande e ele usava barba, parecia um cantor de rock pop muito estiloso. Começamos a entrevista, e eu não parava de olhar pra ele. Aliás ele era o Bruce, filho da Ashley e do Dylan.
Assim que acabou a entrevista eles falaram o salário que ofereciam que dava pra pagar o aluguel do apê até sozinha, e perguntaram sobre qual dos dois trabalhos eu queria fazer. Escolhi ser a professora e saindo de lá eles disseram que eu podia começar na semana seguinte.
"QUE? – eu pensei – CONSEGUI MEU PRIMEIRO EMPREGO!"
Sai dali direto pra encontrar com a Diana, falei com ela que tinha conseguido o emprego e naquela mesma hora decidimos ir ao apartamento. Olhamos o apartamento que queriamos, conversamos com o corretor e adivinha? Já demos a entrada ao processo de locação. Depois fui para a casa conversei com a minha mãe, passei o endereço e decidi ir arrumar minhas coisas. Eu ia me mudar e não estava nem acreditando nisso.
Uma semana depois foi a hora de ir embora, Gi chorava muito por saber que não ia me ter ali todos os dias mas eu sei que ela tinha a noção de que aquilo era o melhor pra mim. Decidi ir embora na hora que meu pai não estivesse em casa, me sentiria melhor assim. Meu coração tava apertado, eu não queria sair dali por um lado, eu tinha minha irmã e minha mãe pra me dar o suporte emocional que eu precisava, mas eu precisava mover minha vida, eu sabia que ficar ali iria me atrasar cada vez mais.
Peguei minhas coisas, botei numa caminhonetezinha que alugamos e fui em direção a minha nova aventura. Eu e minha melhor amiga morando juntas, eu nasci pra ver isso.
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A vida de Camila
General FictionCamila é uma mulher que passou por poucas e boas durante toda a sua vida, com pais preconceituosos e conservadores, ela necessita passar pelas fases da sua adolescência com ainda mais coragem e força.