Sexta, 7 de maio de 2021
André on
Estava há mais de meia hora parado à porta de casa daqueles que dizem não ser meus pais... O nervosismo estava presente em mim e era muito notário. Voltar a ver aqueles dois seres que me rejeitaram por um erro meu, está a dar cabo de mim, eu tenho tanto medo das suas reações. Atenção... Não os recrimino por me terem rejeitado, eu também teria feito o mesmo se tivesse no lugar deles. Mas quem já teve numa situação como à minha consegue ver o quão é difícil.
A coragem tomou conta de mim... Sai do carro apressadamente para não perder esta coragem, toquei à campainha, mas logo me arrependi. Ia virar as costas quando a porta foi aberta, revelando a minha mãe.
" André "- a minha mãe olhava para mim de boca aberta e os seus olhos estavam em lágrimas
" Mãe..."- fui interrompido pela minha mãe
" Saí daqui, por favor"- a tão conhecida dona Anabela chorava à minha frente-" Saí antes que o teu pai te veja"- chorava, chorava, mas continuava a ser acertiva
" Eu não tenho medo dele"- aquela coragem de à pouco virou mágoa, mágoa passada-" Eu vim buscar o MEU FILHO, quer queriam quer não queiram"- carreguei nas palavras " MEU FILHO" e passei por ela repentinamente
Caminhei em direção às vozes que se ouviam, estava a voltar a ficar nervoso por ver o meu pequenino. E se ele me rejeitar também??
" Lourenço "- mal atingi a porta da sala de jantar, chamei pelo meu filho, que estava entretido a comer com o avô
" Papá, papá "- o meu coração derreteu-se ao ouvir aquelas palavras, ele sabe pelo menos quem eu sou
" André?? "- o meu pai tinha uma cara seria e brava-" O que estás aqui a fazer??"- gritou aproximando-se de mim, posso dizer que fiquei apressivo ou mesmo com medo
" Vim buscar o Lourenço, para o levar à Constança "- tentei não mostrar esse medo todo, não queira de maneira alguma me mostrar fraco perante ele
" Shim, shim "- o meu filho já estava no meu colo aos saltinhos de felicidade
Tenho a certeza que se eu viesse aqui só para me desculpar, já tinha levado um soco e tinha sido expulso. Mas acho que quando ouviram a palavra "Constança", perceberam o motivo de eu voltar aqui...
" Mas ela está melhor??"- a minha mãe, se é que ainda lhe posso chamar assim, tinha uma cara peocupada e desgostosa
" Está um caco"- doeu-me imenso prenunciar o estado da minha menina, se é que lhe posso chamar assim também
" O que é ta um caco??"- o Lourenço falou de uma forma tão acriançada mas tocou num assunto que eu ramo em falar
" Está um bocadinho triste"- tentei arranjar um forma menos aprofundada para lhe explicar
" Não quelo a mamã tiste"- ver a cara destroçada do meu filho, fez-me apertar mais e mais o coração
" Nem o papá quer "- o dor que pairava em mim era tão, mas tão grande, não há explicação possível
" Papá, tas tiste??"- o meu maior amor acariciou-me a bochecha, não estava à espada de tal ato da parte dele
" Um bocadinho, filho "- não vou mentir ao miúdo, ele tem que perceber que não esta tudo bem, que não é sempre tudo muito bonito como nos desenhos animados, não quero que cresça iludido
" Mas tu só vais com o papá quando papares tudo, menino Afonso "- o meu pai aliviou a tensão, mais um puco eu acho que chorava agarrado ao meu filho, tê-lo nos meus braços novamente é o melhor sentimento do mundo
" NÃO QUELO, QUELO A MAMÃ "- o Lourenço começou a gritar, a fazer grande burra ali no meu colo
" Anda lá, Lourenço"- pousei-o no chão-" Vai com o vovô papar, que o papá vai com a vovó buscar a tuas coisas, quando te vier buscar quero ver tudo vazio"- para de berrar, mas olhava-me com uma má cara
A minha mãe levou-me até ao meu antigo quarto, estava tu igual... Começou a tirar as coisas do meu filho das gavetas e ia pondo na mala cheio de bonecos desenhados.
" A Constança e o Lourenço precisam muito de ti"- a minha mãe olhou-me meros segundos
" Eu estarei aqui para eles"- suspirei e sentei-me na ponta da cama, a minha mãe ia arrumando tudo
As palavras da minha mãe ficaram grande impacto em mim. Será que eles precisam assim tanto de mim?? O único que não me deu para trás desde que eu cheguei foi o Lourenço. A Constança esta sempre a dar-me para trás e a dizer que não me quer ver, o Afonso mal me fala e eu vou levando com tudo isso por ela.
Com tudo nas mãos e com o meu filho no colo, deixei-o despedir-se dos avos e levei-o até ao carro da Constança. Ando no dela, porque ainda não fui à minha casa em Matosinhos e aquilo de estar parado deve estar todo podre. Sentei na cadeirinha e prosseguimos viagem.
" O titi??"- a voz do pequeno ecoou pelo carro
" O Afonso ficou com a mamã "- olhei pelo retrovisor para ver o meu filho a olhar pela janela lateral do carro
" Eu quelo joar futebol contio, papá"- automaticamente lembrei-me de quando estive a jogar com ele em Madrid, sentei um pinga de felicidade com essas memórias
" Eu jogo, filho"- estava feliz com o pedido do meu filho, acho que estamos num bom caminho para criar um relação
Pouco tempo depois estacionei o carro em frente à porta principal de casa da Constança. O Lourenço esperou que eu o fosse tirar da cadeirinha.
" Tens que ir dar um beijinho e um abraço à mamã, está bem??"- ia a subir a escadas de mão dada com o meu filho
" Tá bem, papá "- o Lourenço tem uma voz tão bonita
Usei a chave que tinha de casa Constança para entrar, o Lourenço correu para a sala...
" Tinha tantas saudades tuas "- ouvi o voz do Afonso mal entrei na sala, olhei para o sofá e lá estavam eles os dois abraçados um ao outro
Sinto um pouco se ciúmes... Senti naquele momento que o Afonso é como um pai para o Lourenço, doeu um pouco por sou eu o pai dele, mas bem foi ele que esteve lá quando eu não estive.
" Vou à mamã "- correu pelas escadas acima
" Não corras"- o Afonso gritou para o Lourenço ouvir
" Eu tenho de ir vê-los"- falei para mim, mas era o Afonso ouvir
" É, eu também quero ver"- falou seco como sempre e começou a subir as escadas atrás de mim
A porta estava completamente aberta, nos ficamos disfarçadamente a ver aquele momento. A luz estava acesa e já não era acesa à muito tempo, estava sempre tudo escuro, o maximo de luz que se via era a da televisão as vezes, quer dizer raramente. O Lourenço falava alegremente com a mãe e ela com aquele ar todo desbastado, sorria. PARA TUDO... ELA ESTAVA A SORRIR?? Este miúdo faz bem a qualquer pessoas...
" O papá foi buscar a mim"- o Lourenço contava tudo à mãe e ela deixava mimos e beijos pela cara do filho
" Foi??"- a voz da Constança saiu rouca, era de chorar
" Sim, vou joar com ele"- o menino falava todo contente
" Boa"- a Constança abraçou o filho
" Eu quelo que venhas"- o pequeno dava beijos na cara da mãe
" A mamã não pode"- a mal a mulher que eu amo falou, a minha esperança de tira-la daquele quarto desapareceu
" Fogo "- o Afonso suspirou, saiu dali desanimado e triste
" Poque??"- a voz do Lourenço era desanimada
" Porque a mamã está um pouco doentinha e não pode sair da cama"- a Constança tentou desculpar-se e eu fiz tal e qual o que o Afonso fez
O Lourenço arrancou-lhe um sorriso, já é um grande progresso...
" Eu vou tira-la da merda daquele quarto"- cheguei à sala e gritei, dando um pontapé no pufe
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I CAN'T-II
RomanceA minha vida parece mesmo injusta ou talvez seja mesmo... Eu apostei tudo na pessoa errada, esperei amor de quem não me pode dar, chorei por quem nunca devia ter chorado, e sempre esperei e espero as mudanças que nunca virão. Tomei algumas decisões...