Segunda, 15 de junho de 2021
Afonso on
" Anda lá Concha, eu juro que não falei com o meu irmão sobre este assunto, só achei esquisita aquela descrição"- andava a chatear a Constança pela casa toda desde a hora do pequeno almoço para tentar sacar informações adicionais- " Eu juro que o que me contares não sai daqui"- parecia um bebé chorão
" O que te deu para me chamares Concha agora??- ela ia mexendo na roupa para lavar e ao mesmo tempo tentava desviar assunto
" Tu tens alcunhas para toda a gente e estás sempre a chamar-me "Fonsi", " Sherek" e assim, agora decidi dar-te uma alcunha também, mas não é para fugires ao assunto"- fiz olhinhos de Gato das Botas
" O que é que queres saber mesmo??"- ela estava a começar a ficar demovida por mim
" O significado da descrição"- encarava-a de uma forma atenta
" Não é notório??"- falou como se fosse óbvio, até era mas queria ouvir isso da boca dela
" Sinceramente não sei, só tu me podes dizer se é óbvio ou não"- dei uma de serio para ela não perceber que eu suspeitava do que era
" Eu estou a ponderar seriamente perdoar o teu irmão"- eu tenho noção que um sorriso parvo nasceu em mim ao ouvir aquelas palavras, que eu tanto queria ouvir já há muito tempo... Se pareço um parvo a olhar para ela?? Devo parecer, mas a única coisa que me importa agora é que a Constança e o André voltem a serem felizes da maneira única que eram juntos
" Eu não tenho palavras"- agarrei-me a ela estasiado
" Oh Afonso, mas vamos com calma"- deslarguei-a e recuei porque senti incertezas nela-" Eu estou apenas a ponderar, não se toma uma decisão destas assim do nada"- suspirou-" Eu neste momento por muito mais que não queira, tenho que pensar em todos os momentos bons e MAUS que eu vivi com o teu irmão para saber se realmente estou pronta para o perdoar"- a felicidade que vivia em mim estava a diminuir ao ouvir cada palavra a sair da boca da Concha -" É verdade que eu amo o André, mas também tenho que pensar que ele já subjugou completamente a minha dignidade enquanto mulher, por isso mesmo é que tenho mesmo que pensar no que vou fazer em relação a este assunto, porque se eu tomar a decisão errada estou a mexer com mais de uma vida"- era menos de 50% a esperança que ainda tinha em mim
" Sim, fazes bem em ponderar bem"- sorri fraco-" Ninguém quer que tomes a decisão errada"- mal acabei a frase segui para o eu quarto
Se há incertezas se o perdoa ou não, eu próprio vou-me encarregar de tornar tudo isso em certezas... Não pelo André, mas sim por todos os que os rodeiam e sabem que eles só estão verdadeiramente felizes quando estão ao lado m do outro, por isso vou mesmo fazer com que tudo dê certo desta vez. Calma, eu disse que não ia fazer pelo André, mas não é por estar chateado ou algo assim com ele, é verdade que não estou a 100% com ele, mas tudo se vai conquistando gradualmente e eu nunca pensei que depois do que se passou ia voltar a trocar mensagens e a falar com o meu irmão diariamente, estamos bem dentro do que já estivemos.
Depois de alguns "bips" por fim atendeu finalmente o cara de burro do meu irmão...
" Estava a ver que não"- falei impaciente
" O telemóvel estava a carregar longe de mim por isso é que demorei, des..."- interrompi-o antes de ele dar aquele ar de conas que pede desculpa por uma coisa que nem tem que pedir desculpa
" Ohh eu não preciso de pormenores!- falei secamente, mas para não dar abusos- " Liguei para te dizer que estive a falar com a Constança sobre uma descrição que ela pôs, não sei se vis..."- foi a vez de ele me interromper
" Vi"- falou normalmente
" Pronto, eu deduzi que era para ti e fui falar com ela e ela confirmou que estava a ponderar uma reconciliação, mas ainda há coisas que a deixa indecisa e nós temos que arranjar maneira que essa indecisão deixe de existir"- falava depressa porque estava completamente focado no assunto
" Nós?? Mas tu vais-me ajudar??"- não o estava a ver, mas podia adivinhar que tinha um sorriso estampado na cara
" Foi mesmo isso que ouviste"- alguém em bateu à porta- " Mas bem pensa no que temos que fazer que eu tenho de desligar"- mal acabei de falar desliguei a chamada não lhe dando oportunidade de falar se quer
" Posso??"- a Cátia falou abrindo a porta
" Mor"- levantei-me da minha cama e beijei-a sendo logo correspondido-" O que fazes aqui??"
" Vim-te buscar para irmos passear, as coisas lá por casa com o passar do tempo estão cada vez piores, já quase que não falamos uns com os outros"- a minha namorada deitou uma lágrima e sentou-se na minha cama
" Calma Cátia, tens que pensar que as coisas vão melhorar com o passar do tempo e os teus pais ainda estão numa fase de aceitação dos acontecimentos, não é fácil viver com a dor deles"- tentava ser o mais coerente e positivo possível
" Não vão melhorar nada, está cada vez pior"- chorava agarrada a mim- " A minha mãe está completamente depressiva, o meu pai quando chega a casa do trabalho tranca-se no escritório e só sai de la para o jantar, mas ninguém troca uma única palavra"- falava entre soluços- " Estou farta"- as lágrimas escorriam-lhe numa maior quantidade
" Mor, tudo se vai resolver acredita"- não sabia mesmo o que lhe dizer para a consolar, acho que o maior consolo que lhe dou é estar com ela neste momento e ajuda-la a abstrair-se do ambiente que vai por casa dela
" E se não resolver, Afonso??"- olhava-me tristemente com a cara toda lavada em lágrimas e com uns olhos vermelhos de chorar.
" Se não se resolver, vamos arranjar uma alternativa"- sorri e dei-lhe um leve beijo ficando a sentir o sabor salgado das suas lágrimas na minha boca
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I CAN'T-II
RomanceA minha vida parece mesmo injusta ou talvez seja mesmo... Eu apostei tudo na pessoa errada, esperei amor de quem não me pode dar, chorei por quem nunca devia ter chorado, e sempre esperei e espero as mudanças que nunca virão. Tomei algumas decisões...