I CAN'T-II

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Quinta, 1 de julho de 2021

Constança on

A minha vida tem se resumido a uma correria, tem sido uma semana péssima. Tenho que deixar todo o trabalho feito, antes de ir de férias e que por acaso já é amanhã que vou até Mykonos.
As malas ainda estão mais do que por fazer, o trabalho está mais atrasado que nunca, a minha vida tem estado um confusão.
Sei que a maior confusão está na minha cabeça e não é nem trabalho, nem são as malas por fazer, a confusão toda da minha cabeça chamasse André. Então ontem descobri que ele me andava a "mentir"... Eu tenho ido sempre depois de deitar o Lourenço, trabalhar para a empresa e todas as noites o André supostamente me ligava para falar com o filho, eu descobrir através do Afonso que ele antes de me ligar, ligava ao Afonso para falar com o Lourenço, quando me ligava sabia perfeitamente que eu não estava com o mini André Silva. Isto tudo para arranjar um motivo para falar comigo diariamente.

"Filho, fica a ajudar o Titi a arrumar a cozinha que a mãe vai fazer as malas" - dei-lhe um beijo na testa e segui até ao quarto do meu filho

Fazer a mala para uma criança é só a maior complicação do mundo. A roupa nunca parece suficiente, mas o tamanha da mala que podemos levar é mais do que restrito.

"Mamã" - ouvi o Lourenço a vir na minha direção a gritar e logo vi o Afonso a encostar-se na porta a rir, vai ai caso

" O Titi diz que o papá não pode vi connoco de feias (poder vir connosco se férias), pode não pode??" - tinha os olhos lacrimejados

" Porquê essa conversa agora?" - puxei o meu filho pela mão até ficar mais próximo de mim e olhei a para o Afonso com uma cara de quem o queria matar

" Porque eu quelo que ele venha"- a sua voz era voz de mimo

"Oh Lourenço, mas o papá está longe e não pode vir"- tentei apaziguar a situação-" Na próxima vez ele vem, eu prometo" - dei-lhe um beijinho na testa

" Mas eu quelo o papá" - foi o fim, desatou a chorar e chorar

O Afonso olhava para mim sem reação e eu só o queria matar.

"Eu não disse nada juro, ele é que o viu na televisão por causa da seleção" - justificou-se

"Queres ir com o tio Afonso ligar ao papá?" - tentei acalmar aquele pequeno ser loirinho

"Shim" - limpava os olhinhos com a parte superior da mão

"Então anda com o Tio" - o Afonso pegou nele e deixou-me sozinha a acabar as malas

Uma mala mais do que concluída, só falta outra e ainda há muito trabalho por concluir até amanhã. Hoje ainda vou para a empresa, acho que vai ser dia de fazer noitada.

"Falta muito, Constança?" - o Afonso entrou no meu closet seu eu contar

" FOGO, AFONSO" - mandei um berro

" Desculpa" - não parava de rir a criatura que estava à minha frente

"O que queres?" - falei de uma forma ríspida

" Era para dizer que o Lourenço já dorme e eu vou fazer o mesmo" - falou entre gargalhadas

" Obrigada" - suspirei de alívio, era menos uma tarefa por fazer - " Afonsinho, mas quando eu acabar isto vou para o escritório acabar as coisas, não te importas?? " - encarei o rapaz por breves momentos

"Claro que não, até me vou deitar com ele, assim fico mais descansado"

Eu não podia pedir melhor pessoa para padrinho do meu filho, para tio, para companheiro. Eu não podia pedir melhor pessoa para a minha vida. É um pila incondicional, está lá para tudo a toda a hora. Sou uma felizarda por o ter na minha vida.

"Obrigada" - andei até ele e abracei-o, comecei a chorar ali menos no ombro dele

" O que se passa??" - abraçou-me com força quando sentiu os meus soluços

"Eu não sei" - já chorava sofucada- " O teu irmão não me sai da cabeça e eu começo a ficar cansada" - falei entre soluços

" Porque é que és teimosa?" - olhei-lhe nos olhos, ele tinha presente um olha complacente- "Tu amas o André e tentas fugir dessa realidade, Concha tu não podes fugir do sentimento e neste momento só te cabe a ti perdoa-lo" - fez uma breve pausa e limpou-me as lágrimas que teimavam em cair-" O André está mais do que arrependido, ele era incapaz de voltar a cometer o mesmo erro"

" E se cometer?" - a minha voz tremelicava

" E se não cometer? Queres mesmo pensar nos "s's"? Constança, só tu podes mudar o que há entre vocês, ou voltas e tentas ter algo com ele, ou segues a tua vida como fizeste até agora"- suspirou

" Eu tenho de seguir a minha vida, tenho mesmo" - limpei as lágrimas e comecei a meter roupa na mala, para me distrair daquele ambiente que eu própria instalei

" Só te peço que sejas coerente contigo mesma, mas mediante o que decidires eu vou sempre apoiar-te" - dei-me um beijo na testa e a caminhou até à porta

Continuei o que estava a fazer anteriormente, só faltava mesmo organizar tudo na mala, a minha roupa já estava mais do que escolhida, eu a fazer malas para mim sou muito prática.

"Agora só te peço para não esqueceres que ele te ama mais do que ama a própria vida" - olhei para de onde vinha aquela voz e vi o Afonso a chorar a olhar para mim

" Afonso" - caminhei até ele é abracei-o, também dedatei a chorar mais uma vez

" Eu olhava para o meu irmão como um exemplo a seguir, era o meu ídolo mesmo" - falava calmamente, mas as lágrimas continuavam a cair - " Eu idolatrava-o e olhava para a vossa relação com um exemplo a seguir, eu não te posso pedir que fiques com ele, mas posso pedir que penses nessa possibilidade"

" Não chores então" - abracei-o com mais força ainda

" Constança, vocês já merecem um final feliz" - suspirou tentando controlar o choro

" Shrek, eu prometo que vou pensar, prometo mesmo, mas nem todos os finais são como queremos que sejam, às vezes a vida troca-nos as voltas" - depositei um pequeno beijo a sua testa

" Tenta, por favor" - olhou para mim já mais calmo e tinha prensente um olha suplicador