A minha vida parece mesmo injusta ou talvez seja mesmo... Eu apostei tudo na pessoa errada, esperei amor de quem não me pode dar, chorei por quem nunca devia ter chorado, e sempre esperei e espero as mudanças que nunca virão. Tomei algumas decisões...
Sinceramente acho que está etapa chegou ao fim. Já não vale a pena insistir em permanecer nela mais do que o tempo necessário. O que neste momento importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram, que tiveram um peso sofredor nas nossas vidas.
Sei que posso passar muito tempo a perguntar-me o porquê das coisas terem sido assim. Posso mentalizar-me que não darei mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na minha vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas está atitude já está a ser um desgaste imenso para todos: para o meu pai, para os meus avós, para toda a gente que me rodeia e por estranho que pareça até para o André, todos estão a encerrar capítulos, a virar a folha, a seguir novos caminhos, e todos sofrem ao ver que continuo estagnada. Posso passar horas a perguntar-me o porquê do sofrimento e da angústia que me causaram, mas sei que nunca vou obter qualquer tipo de resposta, porque afinal ainda existem coisas inexplicáveis.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. O que passou não voltará... Mesmo que continue a atormentar cada dia que passa, tenho que acreditar que já passou e não vai voltar a acontecer.
As coisas passam, e o melhor que faço neste momento é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante, mesmo que seja doloroso, destruir recordações, mudar de ciclo, dar muitas coisas por terminadas.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está a acontecer nos nossos coração, o desfazer de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem esse lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está a jogar nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Tenho a plena consciência que antes de começar um capítulo novo, é preciso pôr um ponto final no antigo, preciso de dizer a mim mesma que já passou e que jamais voltará, preciso de me abstrair de todo o sofrimento, preciso que tudo volte a ser como era... Mas fundamentalmente preciso de me encontrar nesta lixeira que paira dentro de mim.
Lembrar-me que havia uma época em que podia viver sem aquela dor, sem aquele tormento... Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrar ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na minha vida. Fechei a porta, mudei o disco, limpei a casa, sacudi a poeira. Deixei de ser quem era, e transformei-me em quem sou.
" Bom dia"- entrei na cozinha e vi o meu filho a tomar o pequeno almoço com o tio, o Afonso olhava para mim simplesmente confuso-" Vou trabalhar, queres que deixe o Lourenço no colégio??"- sorri de leve e depositei um beijo na bochecha de cada um
" Era mais fácil se tu o deixasses"- o Afonso olhava para mim completamente feliz
Tomamos o pequeno almoço no meio de muita azáfama, apesar de não estar a 100%, já me senti bem melhor, aquele quarto a cada dia que passava já me sufocava cada vez mais.
" Lourenço, vamos lá"- peguei na mochila dele e na minha mala-" Dá um beijo e um xi ao tio"- depositei um beijo na testa do Afonso e espero que o pequeno fizesses o que eu mandei
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Ignorei totalmente o comentário do André, apesar de tudo, nada me fazia esquecer a dor que ele me causou e por um lado continua a causar.
" A mamã vêm-te buscar para almoçar, queres??"- baixei-me para ficar do nível dele, enquanto o deixava no portão da escola
" Shim"- agarrou-me super feliz
" Então beijinho à mamã e vai ter com a D. Lídia (porteira da colégio)"- dei-lhe um beijo, ele também me deu um e correu em direção à senhora com a pequena mochila nas costas
Fiz o caminho para o escritório, parece que tudo está a voltar ao normal, voltar à minha rotina é simplesmente tranquilizador.
"Bom dia"- ia saudando quem passava por mim, as pessoas simplesmente ficava parvas a olhar para mim, parece que nunca tinham visto tal aberração, alguma nem respondiam de tão parvas que ficavam a olhar para mim
"Constança??"- uma voz meia admirada fez-se soar, só podia ser a da Ana e assustou-me
" Então??"- abracei-a, ela tinha tentado ir-me visitar várias vezes, mas sem sucesso
" É tão bom voltar a ver-te"- abraçava-me com muita força
" Acredita que também é óptimo estar aqui contigo"- suspirei, mas no fundo estava feliz por ter "superado"
" Filha??"- mas hoje está tudo admirado com o meu regresso
" Bom dia, pai"- sorri olhando para o homem espantado
" Eu vou trabalhar, depois falamos"- a Ana deu-me o sorriso largo e saiu
" O que está aqui a fazer??"- o meu pai tinha um sorriso parvo
" Então?? Vim trabalhar, ande-me pôr a par de tudo"- comecei a andar, para evitar ter aquele tipo de conversa depressiva
A minha manhã foi basicamente metida no escritório do meu pai, ele perdeu muito tempo a pôr-me a par de tudo.
" Vou buscar o Lourenço para almoçar, quer vir?? Devemos ir até ao Tourigalo almoçar"- arrumei a papelada na mala
" Vou sim senhor, até vamos no meu carro buscar o meu neto"- o meu pai estava bem disposto hoje, é para aproveitar
" Pode ser, assim nem tenho que conduzir"- dei um leve beijo na bochecha do meu pai e segui caminho ao lado dele, discutido ideais sobre a empresa, mal cheguei e já estou cheia de ideia