DEZENOVE clientes

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— Eu sei que você está tentando me animar, Zel, mas eu não acho que está dando certo... — diz Belle enquanto elas estão no Rabbit Hole. Ela estava pra baixo e não ajudava que o bar estava bem vazio naquela noite de terça-feira. Se haviam dezenove clientes, era pouco.

— Bem, eu estou animada. — diz Zelena dando um gole profundo em sua pequena shot de tequila e depois fechando os olhos com força e balançando a cabeça. A bebida queimava em sua garganta, porém era uma queimação estranhamente boa. — Você finalmente se livrou do Rumple, garota! Isso é algo a se comemorar! — diz Zelena animada, já alegrinha com o efeito da bebida em seu organismo, abraçando Belle e quase a espremendo.

— Estranhamente eu não me sinto feliz... — diz Belle fazendo círculos com seu dedo indicador na mesa, demonstrando uma inquietação tristonha. — Eu deveria, eu sei, mas... — Belle suspira. Zelena faz uma cara triste e consola Belle acariciando seu braço ainda a abraçando, porém rapidamente ela pega o cocktail de Belle e a força goela abaixo na amiga.

— Toma logo isso que você vai ficar feliz! — diz Zelena meio psicopática. Belle se engasga, mas ri. A verdinha bêbada continuava sendo mó comédia.

— Uma pena que vocês estão indo embora, Ruby. — diz Mulan para Ruby e Dorothy. — Sentirei falta de vocês, por mais que eu saiba que Oz necessita de uma liderança. — dando uma olhada lateral para Zelena ela acrescenta: — Sem ofensa, Zelena. — A mesma dá de ombros indiferente.

— Queria dizer que é uma pena também, mas eu estaria mentindo. — diz Ruby dando um gole em sua margarida. Dorothy assente e Mulan franze as sobrancelhas confusa.

— Como assim?

— Eu amo a minha avó, estou felicíssima por ela ter encontrado amor verdadeiro na idade dela, mas ela e o Gepetto são muito grudentos pro meu gosto e... Gráficos. — Mulan faz uma careta de nojo imaginando o que Dorothy e Ruby estavam passando com um casal de apaixonados ao lado.

— E barulhentos. — diz Dorothy e depois treme. Suas olheiras eram visíveis de tanto ouvir o casal de idosos trepar selvagemente no quarto ao lado.

Malditas paredes finas.

— Então, Emma... — diz Branca tentando puxar algum assunto com a filha. Desde que David a falou que elas não eram tão próximas assim ela estava com isso enfurnado na cabeça. — Como vai a investigação do sequestrador? Seu pai me disse que quando ele e Gancho entrevistaram um garoto perdido que havia sido sequestrado, por mais que ele não se lembrasse de muita coisa, ele tinha quase certeza de que havia passado por alguma espécie de teste, como se o sequestrador estivesse a procura de alguma criança em especial... — Emma não a responde. Ela olhava para o vazio fixamente, pensativa e brincava com o guarda chuva amarelo de seu cocktail. Preocupada, Branca tenta chama-la de volta para a realidade: — Emma... Emma... Emma! — balançando a cabeça, Emma pisca diversas vezes antes de encarar sua mãe.

— Sim, sim, oi?

— Eu estava falando com você, filha... Está tudo bem? — Branca segura a mão de Emma reconfortante, entretanto preocupada. — Sabe que pode me contar tudo, né filha? — Emma sorri amarelo sem mostrar dentes e tira sua mão de perto da mão de Branca.

— Está sim, eu só... Não estou a fim de beber nada. Vou ao banheiro. — levantando-se, Emma diz para sua mãe apontando para sua bebida: — Pode tomar, eu não dei nem um gole. Sei o quanto você quer ficar de porre por ter um bebê em casa. — Emma diz meio distante, o que faz Branca se sentir culpada de que na última vez que Emma precisava desabafar ela ficou bêbada e brigou com uns Vikings.

No banheiro, Emma não precisava fazer xixi ou qualquer coisa do tipo por isso apenas passou uma água em seu rosto para se acalmar e parar de pensar obsessivamente no que não saía de sua mente (não que tenha dado certo). Ela apenas precisava ficar longe de suas amigas. Ela nem queria vir, mas Killian a convenceu de que a faria bem. Até mesmo ele notava que havia algo de errado com ela e que talvez uma noite das garotas a relaxaria.

Emma de alguma forma duvidava.

Ela e Killian tinham uma espécie de tradição que vinha desde o início do namoro dos dois, antes mesmo de terem começado a morar juntos. Emma tinha muitas, muitas cólicas quando estava menstruada e por isso Killian sempre passava na farmácia para comprar buscofem e o bombom favorito de Emma (o de cereja). Chegou a um ponto que Killian simplesmente sabia que ela estava menstruada e não precisava nem olhar o calendário para comprar.

Entretanto, por mais que ele e o calendário não estivessem errados, quando ele a comprou da última vez ela não estava.

Emma tentou se acalmar, dizendo a si mesma que era normal às vezes o ciclo dar uma irregulada.

Inicialmente ajudou, porém o pânico foi crescendo conforme ela descia a calcinha e não via nada, por quase cinco dias seguidos.

Suspirando, Emma abriu a porta e saiu do banheiro indo ao bar e pediu ao bartender uma garrafa de água com gás. Ao retornar a mesa viu que sua mãe havia tomado seu cocktail e sorriu.

— A Lily não vem? – pergunta Mulan parando de conversar com o casal de apaixonadas conforme elas começam a se pegar (o ato delas reclamarem de Granny e Gepetto era como o sujo falando do mal lavado) e se virando para Malévola. Esta apenas dá mais um gole em sua bebida, mesmo já estando visivelmente bêbada.

— Não, ela está putassa comigo. — Regina franze o cenho confusa.

— Ela está? O que aconteceu, afinal? Foi aquela história dela ver o pai dela?

— Sim. — disseram Malévola e Emma ao mesmo tempo. A feiticeira se virou para a salvadora a encarando feio e a mesma se encolheu, entendo que a mesma queria falar sem interrupções com Regina. Mulan já havia voltado sua atenção para Zelena vomitando no garçom e o desespero de Belle que estava ao seu lado. Malévola suspirou: — Parece que ele faleceu.

— Oh. Malévola, eu sinto muito. — Mal deu de ombros.

— Nhé. Não vou mentir e dizer que não fiquei triste com isso, quero dizer, ele foi o único homem pelo qual me apaixonei, mas... Não é isso que me chateia. O motivo principal, pelo menos. — a olhando profundamente, como se tivesse real interesse em seus problemas e pudesse ver a alma da loira, Regina pergunta:

— O que te chateia? — pressionando os lábios, Malévola pensa se deveria se abrir desse tópico com Regina, afinal era algo bem privado.

E a resposta é um óbvio sim.

— Tiamat, a madrasta de Lilith... Ela é a governante daquele lugar. Ela... Se afeiçoou a Lily, eu acho. Talvez por minha filha a lembrar de seu ex-marido, eu não sei. Tiamat a ofereceu um lugar no nosso reino natal para morar. A ofereceu ensina-la de tudo que um dragão precisa saber: como controlar seus poderes, história e mitologia dragoniana... Tudo que Lily nunca pode ter. Eu tenho tentado ajuda-la, mas eu não sei tudo sabe? E Lily está considerando aceitar... Ela voltou porque quis pedir minha opinião do assunto e eu... Não fui muito tolerante, sabe? Fiquei com ciúmes, não reagi bem. Infantil da minha parte, eu sei, mas pode me culpar?

— Sim. — diz Regina com um sorriso que parecia cínico a primeira vista, porém era sincero. Malévola também sorriu, entendendo de onde isso vinha. De que uma redenção verdadeira requer admitir que quando você erra, admitir que a culpa de suas escolhas é sua e somente sua.

— Eu sei, mas... — Malévola suspira. — Eu sei. — pressionando os lábios, ela acrescenta se levantando e falando com todas as moças na mesa que param suas conversas para ouvi-la: — Acho melhor eu ir para casa. Preciso falar com Lily e me desculpar, preciso... Dizer que apoio suas escolhas, mesmo que eu não goste de suas companhias ou sinta sua falta durante o período de sua ausência. — tirando Regina, ninguém faz muita ideia do que Malévola está exatamente falando, mas todas sorriem reconfortantes imaginando que a amiga precisa disso naquele momento. Emma também se levanta.

— Acho melhor eu ir embora também. Preciso passar na farmácia.

Felizes pra sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora