O moleque tem ONZE

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Belle estava no meio de um dilema.

Quando ela ficou sabendo que Emma e Killian fariam de novo no fim de semana a recepção de seu casamento (por ele ter sido interrompido pela maldição de ninguém menos que a sogra de Belle), ela aprovou a ideia dos dois. Achou inteligente e necessária, sem contar que faria ambos felizes e ela queria ver seus amigos felizes.

Mas, por outro lado, apenas ela recebera um convite, Rumple não.

Ela entendia, realmente entendia. Killian e Rumple não eram exatamente bons amigos. Na verdade nem amigos. Eram inimigos mesmo, rivais, séculos de ódio que não desapareceriam assim de repente mesmo que eles ajam de forma civil perto um do outro - e na primeira oportunidade tentem se matar, literalmente.

Entretanto isso a colocava numa posição definitivamente complicada. Rumple não queria que ela fosse, afinal ELE não iria. Ele queria que ela ficasse em casa com ele e Gideon, que os três se divertissem juntos. Na recepção original havia sido isso mesmo que eles haviam feito, porém agora Belle não tinha mais tanta certeza de que era isso que ela queria fazer.

As coisas estavam cada vez mais complicadas entre ela e Rumple. Desde que ela despejou aquilo que estava entalado de dentro dela ele parecia ter medo dela e Belle não via esse medo desde a época que ambos ainda estavam no castelo dele na Floresta Encantada. Na época que ela o havia beijado e ele por medo, por covardia, se recusara a acreditar que alguém era capaz de amar um monstro como ele. Antes ela achava que ele estava sendo tolo. Que ela podia ama-lo, que ela podia resgatar o bom homem que havia dentro dele, se apenas ele a deixasse entrar.

Agora ela já não tinha mais certeza.

Agora ela sentia que as trevas que prendiam aquele bom homem por trás de toda aquela escuridão haviam se tornado uma parte intrínseca dele que nem Belle, nem Baelfire, nem Gideon, nem ninguém jamais poderia separar dele, por ele ser como um viciado que sacrifica de tudo e todos para alimentar seu vício.

Ela sentia também (e temia) que as trevas dele a estavam sugando junto a ele e a prendendo também.

Na verdade, talvez ela tenha tido pesadelos recentemente com isso.

Muitos pesadelos.

O pior era que Belle não facilitava as coisas para ele (não que ele mereça que as coisas sejam facilitadas, mas...). Sempre que ele tentava iniciar sexo ela fingia que estava com dor de cabeça ou torcia para que Gideon começasse a chorar.

Quando ele tentava passar tempo em família, só ele, Belle e Gideon, Belle falava que iria a livraria passar um tempo com Killian ou visitaria Zelena em sua casa afastada da cidade. Na verdade, foi numa dessas "fugas" de Belle que ela recebera o convite de Killian.

— Eu entendo se você não quiser comparecer, já que você não veio a recepção original, mas... — Killian deu de ombros. Uma parte de Belle queria que ele parasse de falar para ela não ter de responder agora ao convite. Ela até pensou em apontar pra ele que ambos estavam numa biblioteca e por isso ele deveria ficar em silêncio, porém o fato deles serem os únicos ali tiravam toda a lógica do argumento. — Estamos aproveitando que não está rolando correria nenhuma para chamar um monte de gente que não pode vir, até mesmo de outros reinos, então... Seria uma honra se você o fizesse. — ele terminou seu minimonólogo para convidar Belle com um sorrisinho adorável. Belle suspirou. Quem dera fosse uma questão tão simples como Killian estava falando.

— Killian... Eu quero ir, mas... Você já pensou que isso talvez seja meio constrangedor para mim? Quero dizer, Rumple não vai ir e ter que escolher entre você e meu marido me coloca numa saia justa. — Killian ergueu as sobrancelhas dando a Belle a impressão de que ele só estava se dando conta disso agora.

— Ah, eu não tinha visto por este ângulo. Sinto muito, Belle, mas não há algo que eu possa fazer, afinal, sinceramente...

— Sim, sim, sim eu compreendo, mas... Por favor seja paciente comigo. Eu quero ir, mas vou precisar de um tempo para pensar na minha resposta.

~~~~~

Zelena mal havia chegado em sua casa quando viu um carro se aproximar.

Ela estava tendo um dia agradável. Após ter relaxado um pouco brincando com Robin durante a manhã, almoçou com Regina e resolveu o problema da mágica da filha. Regina deu para Robin uma chupeta que tirava sua magia enquanto ela chupasse.

— Mas, e quando ela não chupar? — questionou Zelena.

— Zelena, minha cara irmãzinha-

— Eu sou mais velha, você é a irmãzinha. — interrompeu Zelena logo sendo ignorada por Regina que prosseguiu:

— -sabe pra que uma chupeta serve?

— Pra fazer o embuste parar de chorar. — Regina revirou os olhos com um sorriso.

— Para distrair o bebê. — corrigiu Regina o que fez Zelena dar a língua. — No geral, bebês com magia só a expressam quando estão irritados demais. Quero dizer, talvez ela levite um ursinho de pelúcia ou faça uma bagunça com a papinha maior que uma criança sem magia faria, mas isso dá pra aguentar, certo?

— É, eu acho... — concordou Zelena ainda meio receosa. Regina percebeu que ela não estava ainda cem porcento de acordo. Virando-se para a irmã disse:

— Confia em mim, sis. Enquanto ela usar a chupeta, você não terá problemas como da última vez. — Zelena respirou fundo e tentou confiar na palavra da irmã, por mais difícil que fosse. Ela estava realmente preocupada com sua bebê...

Não que isso a tenha impedido de ter um resto de tarde super divertido com sua irmã. Elas riram, fofocaram, se divertiram, discutiram um pouco e Zelena até pode expiar uma briga entre Regina e Henry. Ele estava jogando videogame quando na verdade deveria estar estudando. Zelena revirou os olhos. Pelos deuses..., pensou ela. Às vezes parece que o moleque tem onze e não catorze.

Se aproximando do carro que havia chegado praticamente junto com ela, Zelena se deu conta de que ela sabia exatamente de quem era esse carro, apenas não estava esperando visita da pessoa de dentro.

— Belle? — Belle a deu um meio sorriso amarelo sem mostrar dentes e disse envergonhada:

— Pode me ajudar a tomar uma decisão, verdinha?

Felizes pra sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora