XIV - Mentindo, Coragem e Vidas Passadas.

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- Aonde vamos, hyung? - Indagou o anjo enquanto saboreava um pirulito e balançava as pernas levemente.

- Vamos ver por onde eu passo primeiro, caído - Fora sua resposta.

O anjo já estava de saco cheio de ouvir a mesma resposta entediante, queria fazer algo que esquentasse seu sangue que, à essa altura, já estava petrificando; ele queria saber se teria que lutar até a morte, correr pela vida, ajudar pessoas de forma essencial e salvar o mundo, coisas do tipo.

- E aonde chegarmos, como vai ser? - O caído olhou para o outro - Farei algo de legal? - Sorriu-lhe quadrado.

- Bem, isso é o que vamos descobrir quando estiver na hora - Foi lhe respondido simplesmente.

- Mas você é o destino, por que não pode me contar? - O caído indagou irritado com todo o suspense que o outro fazia.

- Não, não. Agora eu sou Min Yoongi, um humano comum que ira ajudar as pessoas pelo que me resta de memória, nada de destino - O rapaz de cabelos acinzentados justificou.

O anjo caído quase não acreditara no que ouvira se, antes, simplesmente não houvesse entendido o que ele quis dizer com aquela afirmação toda. Certo, os olhos completamente brancos, desprovidos de qualquer coisa, já eram olhos humanos comuns de um castanho escuro profundo e bonito, mundano. Espantando com a facilidade de tornar-se humano, mesmo que outrora fosse um ser controlador do destino dessa espécie, o fez quase tombar para trás, mas seu corpo permanecia parado sentado no banco e a boca aberta da qual o pirulito saboroso despencava, indo de encontro ao chão lentamente

- Mas... Como? - Questionou após séculos com uma expressão vergonhosa no rosto.

- Você sempre quer saber de mais - Yoongi resmungou irritadiço com aquele atraso desnecessário - Taehyung, não é? Vamos indo ou o mundo ira acabar.

Com a finalização da sua frase o Min começou a andar para longe daquele lugar em específico e só então o caído passou a pensar que seria melhor caso não tivesse fuçado nada; seria muito mais vantajoso ter ficado longe dessa confusão que se alastrava por todas as classes, espécies e mundos, mas ele lembrava-se do que buscava. Ele queria adrenalina, uma razão para viver mais um pouquinho, lembrar como era a questão do sentir apego a algo, nem que esse algo fosse sua própria existência. Era exatamente isso que faria por mais que nada desse a garantia de que poderia conseguir se safar de um jeito mirabolante.

Yoongi sentia-se satisfeito por conseguir enganar o sobrenatural, ele gostava, um pouco, de poder agir dessa forma um tanto depravada, o fazia lembrar-se da época em que era um mundano qualquer, bem antes de receber o titulo de destino ou despertar esse poder. Mas, a finalidade do seu ato incorreto era a necessidade de manter os segredos do futuro, já que o caído era insistente e irritante ao ponto de arrancar-lhe fatos perigosos.

O quão catastrófico seria se o futuro fosse de livre acesso? Se pequenas visões de sobrenaturais já fazem uma confusão significativa, imagina saber o que o Destino sabe. Ver o que viu.

*

Silenciosamente Minseok guiava o pequeno grupo de sobrenaturais no seu encalço. Mesmo que não quisesse transparecer, estava desesperado para achar um hospital próximo em que pudesse se enfiar e cuidar da sua ferida, mas, diferente de si, as pessoas às suas costas apenas andavam mecanicamente com as mentes vagando distantes do momento presente em que os prédios estavam destruídos e as calçadas cobertas de rastros mundanos não vividos.

Minhyuk carregava Jooheon da melhor forma que podia, observava, mesmo que discretamente, em busca de algo para enfiar garganta a dentro do lobo sobre si no intuito de fazê-lo melhorar rapidamente; Changkyun olhava para os pés dos outros, não sentia-se capaz de erguer o olhar e esbarrar-lo nele; Jongin sentia-se incapaz de outra coisa, o garoto ao seu lado estava tão assustado que não se permitia soltar-lhe a mão, ele sabia como era estar naquela situação, um pouco, entendia a confusão mental dos outros. Sunkyu  divagava, queria somente respostas, confirmações e uma previsão do que seria a seguir, mas ninguém a tinha.

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