XIX - Marcas, abrigos e segredos.

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Baekhyun estava intacto, incrivelmente ileso mesmo que sem ingerir sangue. Piscou diversas vezes confuso, existia ainda, respirava e isso já estava de bom tamanho por enquanto; levanta-se carregando as pedras junto com seu corpo no processo. Varreu o lugar com os olhos, sussurrou um "obrigado" por não existir nenhum rastro de criatura gigante imortal e caçou com os olhos afiados os outros.

O lugar caia aos pedaços, estava arruinado e tinha o perigo de sucumbir a qualquer momento, algumas pedrinhas caiam como se fossem gotas sendo despejadas ao lago e, em meio a essa confusão de entulhos, o vampiro localizou seus tais companheiros. SatanSoo estava no local com ausência de um telhado, respirava normalmente, parecia estar dormindo tranquilamente; em cima desse estava um gatinho ileso – fato que definitivamente achou surpreedente no mesmo estado que o outro, dormindo e parecendo ser em um sono profundo. Fitou a trilha de penas pelo chão, as seguiu com o olhar, achou o anjo com as asas brancas limpas e impecáveis, também não tinha machucados. Então, deslizou a visão até achar no canto o caçador dormindo também com um Chanyeol encostado em seu peito ressonando baixo e, mesmo que involuntariamente, demorou com a atenção ali; podia ouvir aquele coração batendo em um ritmo mais calmo e sereno, podia sentir o cheiro doce daquele liquido rubro, o cheiro do próprio garoto, como também notar que ele era diferente. O mundo não merecia aquele moleque, ele sabia que não.

O Byun balançou a cabeça confuso com os próprios pensamentos, não sabia explicar o que exatamente aconteceu no lugar, então, foi caminhando suavemente até o demônio e gatinho jogados no chão; ao aproximar-se, abaixou e empurrou um Sehun apagado para o lado, tirando-o de cima do mais baixo para, logo em seguida pôr suas presas na pele branquinha. Agora, Baekhyun segurava D.O em seu colo, virado com o rosto sujo em sua direção e arrastou as presas pelo rosto, acompanhado de seus finos lábios, viu Satansoo remexer-se sobre suas pernas.

Quando o demônio acordou, teve aquele mesmo frio na espinha de décadas atrás, a mesma impotência sobre o vampiro puro e isso fez com que apenas olha-se para o sangue-suga penetrante. Sentia-se ferver em raiva e remoer-se de alguma coisa que fugia do seu vocábulario.

— O que está fazendo, bastardo? — Indagou raivoso com cara de poucos amigos tentando disfarçar a vergonha.

— Acordando a bela adormecida — Sorriu sarcástico por poucos segundos — Você está bem?

— Estou sim... — Satansoo franziu o cenho — Por que eu estou bem?

— Eu queria que me dissesse, sabe? Eu usei a luz, daí acho que todos apagamos e eu curei todos, faz algum sentindo?

Claro que não fazia. Kyungsoo sentou no chão intrigado, levantou e esticou os braços, as pernas e o pescoço; olhou ao redor confuso, observou detalhe por detalhe o lugar todo quebrado e, só depois, analisou os seres ali presentes. Sentia-se estranho, meio amargo.

— O garoto sobreviveu, não foi? — Baekhyun assentiu — Ótimo, vamos procurar outro lugar, comida para os humanos e depois sacrificar o garoto.

O Byun assentiu novamente, não estava realmente prestando atenção, até a palavra "sacrificar" ressoar na sua mente o deixando atordoado e, talvez, triste. Encarou o demônio por longos segundos enquanto recebia o mesmo olhar.

— Quer dizer que eu não o devorei para você roubar a alma dele? — Indagou tentando não demonstrar a confusão que alastrava-se em sua mente e coração.

— Ele é como você já foi um dia Byun, são almas puras. Sabe o quanto isso pode salvar nossa pele mais tarde? — Satansoo disse com um tom arrogante de ponto final, parecia até que aquilo que dissera não tinha argumentos para rebater.

— Como vamos fazer isso? Temos três pessoas aqui do lado dele, você não conseguiria pegá-lo assim e leva-lo a um ritual — O vampiro também levantou, estava começando a ficar impaciente — Vamos achar outra vantagem, quantas almas de sobrenaturais compensaria a dele?

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