XXIII - Anjos, Híbridos e Fadas

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" - A qualquer dia, a qualquer momento, entre um e outro, entre um e outro e demais outros, é possível existir amor. O amor é um sentimento livre, complexo e acessível a todos da terra, seguindo essa lógica pregada por nós, não existe o menor problema em ajudar aqueles que amam de forma justa, independente da sua espécie, classe, idade, crença e histórico. Então, Hyungwon, é por isso que irei ajudar Kim Minseok com o seu pedido, entendeu? "

Hyungwon estava bebericando a xícara que recebeu enquanto pensava profundamente sobre o achado inusitado naquele local, ele estava diante a prova e causa dos seus mais variados problemas, de frente para quem poderia dar-lhe respostas sobre as questões proibidas dentro da sua mente e, céus, sua boca queria tanto bombardear aquele ser de perguntas, mas sua educação mandava que aguarda-se em silêncio.

Em um momento um fio - grosso de mais para ser apenas um fio - desprendeu-se da camisa larga que Jongdae usava, pela parte de trás. Hyungwon analisou aquilo com curiosidade e fascínio. Era muito singela e preguiçosa, bem despojada, ia e vinha de cada lado, até parar em frente ao rosto do enfermeiro que estava olhando-o. O anjo surprrendeu-se levemente ao notar orelhinhas castanhas no topo da cabeça do outro e o sorrisinho presunçoso que dançava nos lábios alheios.

- Tudo bem? Está confortável? - Jongdae indagou ainda sorrindo gentilmente.

A fala atingiu Hyungwon com retardo, mas as palavras foram capazes de fazer o anjo pensar em diversas coisas ao mesmo tempo, incluindo a possibilidade de ser devorado e isso o fez encolher um pouco na poltrona. Seus olhos divergiram-se dos do outro, eles eram felinos demais para seu gosto.

- Estou, mas não é algo que esteja certo. - Hyungwon colocou a xícara na mesa de centro incerto sobre as próprias ações.

- Por que diria uma coisa dessas? - O enfermeiro tombou a cabeça levemente.

O anjo abriu a boca, mas nada saiu dela; no momento certo cessou a sua vontade estúpida de se explicar e desligou o bendito nervosismo. Ouviu passos do lado de fora, não havia tirado os olhos de Jongdae então pode vê-lo virar os olhos para a porta remendada. Hyungwon, impaciente, levantou e andou com passos leves até ao pedaço concertado sendo seguido pelo olhar do outro.

O vento estava calmo, as energias niveladas entre mortos, restos de sobreviventes e algumas dispersas. Não havia nada concreto em seu radar, o anjo amaldiçoava-se mentalmente por ter perdido completamente o maldito foco.

" - Deveria dizer que sua curiosidade é perigosa, irmão.

Gabriel disse com extrema calma enquanto olhava para um ponto qualquer no horizonte. Logo, ele bagunçou os cabelos castanhos de Hyungwon e lhe sorriu mais calmo do que quando o anjinho havia perguntado-o.

- Mas ela me soa mais saudável do que as milhares de ordens cegas que seguimos. "

Hyungwon olhou para o híbrido quando os passos sumiram, de repente, igualando-se ao vento e isso o fez ficar com uma pulga enorme impregnada atrás de sua orelha. O anjo já fazia sua espada surgir com calma, deixando as ondas pequenas de perturbações vagarem para fora da casa; o híbrido levantou do chão calmo, porém sério e, com cautela extrema, mudou-se para a frente central do sofá no intuito de observar e proteger melhor as fadas que descansavam.

Quando o anjo ajeitou seu punho ouviu mais uma vez, também havia achado a presença que tanto esperava e, para sua sorte, não era aquela residência o foco da outra criatura. Esperou quieto no intuito de conseguir uma certeza do que achava, estava mais aliviado internamente, porém um grito cortou o ar. Seus olhos vacilaram e as mãos tremeram, ficou nervoso por não ter a oportunidade de ir ajudar quem quer que estivesse em perigo. Quanto mais segundos passavam, menos ele se sentia apegado a sua principal missão, afinal, deveria proteger e isso incluía qualquer um - mesmo que soubesse estar errado.

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