VIII - Fadas, Carnificina e Triunvirato.

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- Não consigo andar mais! - Exclamou o jovem respirando pesado.

Os pulmões de Wonho não puxavam o ar corretamente devido ao ritmo acelerado e a dor infernal nas suas costas, estava cansado e sentia-se como um brinquedo quebrado. Jessica encarou a fada por alguns segundos, a descrença rondando sua mente enquanto via que estavam sem saída alguma. Fazia, no minimo, uma hora que eram perseguidos pelos sobrenaturais que atacaram o vilarejo.

- Como voltamos para o mundo humano? - Questionou o demônio, em sua cabeça era a única saída. Tentassem o quanto fosse, aquele lugar não tinha mais onde se esconder, não existia como fugir mais e ela sabia que não ganharia de todos os inimigos.

- Como você entrou aqui? - Wonho debochou ao mesmo tempo que estava curioso sobre o fato.

As fadas, por serem misticas, sobrenaturais ou mitológicas, não podiam viver normalmente dentro das florestas, bosques ou parques; devido a toda a construção da sociedade misturando e escondendo sobrenaturais, eles escondiam-se embaixo de véus. Parecia até que haviam criado outra dimensão, mas era a mesma no fim das contas. 

- Uma fada ajudou... - A jovem resmungou, mas depois fitou o chão.

Aquilo significava que, provavelmente, todos estavam mortos e que eles não precisavam fugir.

- O quê? - Wonho indagou - Impossível! Você está mentido, ninguém nós trairia! - Gritou e a empurrou, mesmo que apenas para cair no chão. A dor já parecia insignificante - Era o seu plano? Me afastar? sua missão!?

- Eu não sabia, quer dizer, obvio que sabia, mas... - Ela suspirou cansada e talvez enojada de si, estava errada, porém... era o que era - O que vai fazer aqui? - Perguntou, ela sabia que a fada não tinha para onde voltar, sequer o que fazer. 

- Vou voltar - Respondeu-lhe, surpreendendo-a, não muito, mas surpreendeu.

Wonho tentou inutilmente levantar-se, sabia que não podia, não o faria nem em mil anos. Aquele estado, os ferimentos internos, externos, as vidas e sorrisos perdidos. Também sabia que estavam mortos, sentia-se culpado, triste, frustrado e perdido. Para onde iria? Ah, queria morrer agora, afinal, por que viver? Sua família, tudo que conhecia, seu mundo acabava de ser arrancado de si.

- Me mate - Pediu, mas tudo que recebeu foi um olhar penoso - Por favor, você poderá voltar e dizer que me caçava, eu não me importo mais! Me mate! - Exclamou exasperado.

Jessica sentiu a mente pesar e o coração apertar, eles não mereciam morrer daquela forma, ninguém merecia, talvez ela mesma merecesse. Não queria mata-lo, porém sabia que, ou pensava, que era o melhor para aquela última fada. A última do vilarejo de Isis, deveria haver uma historia? Uma música? Uma salvação?

- Pare com isso - Sussurrou, tentou aproximar-se, mas foi atacada por Wonho.

O jovem havia lançado-lhe uma esfera negra fraca, sem potencia, mas que derrubo-a. Então o demônio riu, ele seguiu o ditado 'Rir para não chorar', porque era deprimente. Como alguém advindo do inferno poderia tirar tantas vidas como se tivesse direito disso? Como se aquela vida não fosse feita para estar ali? Como sua especie poderia destruir tanto sem uma razão? Na verdade, para ela, agora, os demônios eram dignos de pena.

Demônios não tinham nada além de suas coletas e vida sádica distorcida, nunca viveram e quando morriam apenas viravam pó. Quem choraria por seres como eles? Quem deveria? Ninguém nunca ligaria para aquilo, sofreria quando algum morresse. Eram apenas menos um na terra, menos um para atrapalhar. Suas mortes significavam o mais puro alivio e uma grande nada. Deus importava-se com seus anjos e humanos, Lúcifer se importava? os príncipes do inferno ligavam para si?

Monster [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora