Monster [Em revisão]

XVI - Invasões, Mentiras e Ironia.

Nas ruas vazias, desprovidas da antiga rotineira agitação, o silêncio se tornara mais assombroso do que a visão dos corpos dispersos nas ruas. A criança se encolhia e desviava o olhar toda vez que os achava, sentia muitos calafrios ao observar as expressões de horror ou, por vezes, a ausência de seus rostos e os pensamentos que estava tendo não eram nenhum pouco engraçados, sequer aceitáveis.

— Hyung... — Ele chamou na intenção de ser acalmado, tinha em mente que Wonho o ajudaria.

Pobre da criança. Wonho estava quase caindo a cada passo adiante que dava, não conseguia acompanhar bem o ritmo do anjo e, ainda por cima, lutava com muita força para se manter acordado. Era notável seu estado, físico e mental, e isso já fazia Hyungwon enlouquecer. O anjo precisava achar um lugar e rápido.

A pequena fada analisou a situação a sua frente, engoliu o terror – mesmo que passasse arranhando a garganta – e focou apenas em sua frente enquanto as mãos agarraram as roupas rasgadas do seu precioso Hyung.

Apenas mais alguns minutos de caminhada para Hoseok ceder ao cansaço, o anjo necessitou carrega-lo e segurar a mão da fadinha aflita. Os olhos do ser divino procuraram brevemente um lugar, casa, loja, prédio ou qualquer outro onde pudesse cuidar de ambos e encontrar algo para alimenta-los.

— Nunca faça o que vou fazer agora — Disse para a criança usando um tom sério.

A fadinha confusa seguiu o anjo, sem largar a mão do mesmo, e analisou cuidadosamente ele parar em frente a uma casa qualquer naquele bairro. Ficaria surpreso ao notar que Hyungwon estava tentando abrir a porta de um jeito não muito convencional, ou seja, tentando entrar na propriedade de alguém sem permissão, mas na comunidade das fadas era algo tão comum que apenas observou-o por pouco tempo. Hyungwon forçou a porta minimamente, porém com muita força, até ouvir os estalos altos do material se rompendo.

Quando a porta abriu, uma sala comum com decoração simples e aconchegante foi exposta. As paredes possuíam uma cor branca, o sofá e as poltronas estavam em uma cor salmão, as estantes e mesas eram de um marrom bem polido, o tapete felpudo no chão bem convidativo. O lugar se encontrava intacto, uma xícara de café ainda quente residia sobre a mesa de centro.

Hyungwon olhou para os lados desconfiado, mas não achou nada muito preocupante. Levou, então, Wonho até o sofá onde deixo-o deitado sobre a supervisão da fadinha, virou-se em direção a porta a qual planejava um jeito de concertar.

— Visitantes inesperados! — Exclamou uma voz um tanto aguda, mas amigável. O anjo olhou para a direção de onde ela vinha com um semblante assustado e meio desengonçado — E minha porta está quebrada, isso sim que é uma grande coisa inesperada... — Continuou falando o indivíduo enquanto andava até a porta no intuito de verificar-la.

— Quem é você? — Fora a única coisa que o anjo conseguiu verbalizar após o choque.

— Eu quem deveria perguntar isso... — O homem disse enquanto ajeitava a porta, de alguma forma — Quem é você e por que invadiu minha casa?

O garotinho observava a cena um pouco confuso, não entendia quase nada do que estava acontecendo. O anjo, por outro lado, estava se sentindo desesperado e extremamente culpado pelo que acabara de fazer, enquanto os olhos alheios analisavam cada sujeito em sua sala.

— Sou Hyungwon — O anjo respondeu e, antes que continuasse a falar, lembrou-se de abaixar e fazer uma reverência veemente digna a ser dirigida a um imperador — Me perdoe a invasão, por favor, precisávamos de ajuda e como tudo está um caos achamos, de maneira errônea, que podíamos entrar em sua residência. Acredita a que estava vazia e...

O monólogo de Hyungwon fazia o indivíduo a sua frentes prender a risada, mas, segundos depois, ele fitou a fadinha e seus olhos ficaram paralisados no jovem deitado em seu sofá. As orbes arregalaram e, em passos apressados e curtos, foi naquela direção extremamente preocupado com aquela criatura.