XXXV - Aqueles próximos, aqueles que amamos e aqueles que precisamos.

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Não havia satisfação alguma nos olhos dos caçadores, não existia imparcialidade nos dos sobrenaturais, arriscaria até a dizer que o lobisomem que agarrava o vampiro no seu processo de definhar estava prestes a irromper o silêncio com lágrimas grossas e fortes. Não havia jeito, pensaram. Não mais.

Taehyung os contou que em uma época antiga, quando sua maldição foi atrelada com um vampiro, viu isso acontecer. Não se apegou aos detalhes da própria condição, afinal, pouco importava e ninguém estava interessado em saber dos temores e lamúrias de um caído qualquer; ele disse que era um tempo muito mais antigo e primitivo onde esses precedentes, feitiços e pactos possuem todas as vertentes explícitas para os sobrenaturais. Quando sua ligação a maldição casou-se com um outro semelhante, um vampiro, eles fizeram o pacto de sangue. Houve um confronto sangrento em que um dos envolvidos estava bem próximo da morte, tão próximo de desaparecer que suas veias transpareceram a desonra de extinguir o pacto de sangue. Pouco tempo depois do começo, enquanto bailavam linhas enegrecidas pelo corpo daquele que estava em risco, seu cônjuge apareceu dando do próprio sangue para que o outro bebesse. Como é dito ao pacto. Sangue por sangue, sangue pelo sangue.

Só por causa disso, a amaldiçoada sobrevivera. Contudo, Zitao estava longe e havia um tempo que cada ser poderia segurar sua própria vitalidade; Seokjin, nessa, lutava bravamente estando em total desvantagem, cansado pelas feridas, aturdido pela sede e já em outro mundo com os níveis elevados de dor. Luhan tentara convencer a Yifan sobre doar o sangue de Namjoon, naquela altura dos acontecimentos, mas rapidamente o caído interpôs dizendo de que nada adiantaria, seria, na verdade, como fazer o vampiro engasgar.

O bailar dos traços em Jin apagaram-se gradativamente, seus gemidos e protestos começaram a morrer na garganta do vampiro que já não sentia muito, a capacidade de se sensibilidade sumindo e levando tudo que lhe havia restado; Zitao rompeu o ambiente com um grito de dor, abaixando-se sobre o subordinado, mas já era tarde demais e a matéria de Seokjin virava uma estátua rígida tecida pela sua beleza preservada. Em choque, ninguém ousou expressar uma palavra sequer. Nem o anjo, nem o demônio, muito menos os caçadores.

A dor era real, palpável. Zitao havia confiado tudo de si a aquela pessoa que tinha aceitado se subordinar por algo melhor na vida do que as inúmeras guerras, eles haviam compartilhado do próprio sangue e guerreado lado a lado quando não existiam mais aliados próximos. Ele estava ao seu lado nas inseguranças da prolongada e tortuosa vida, todas elas, e o protegeu do próprio medo e dos companheiros que deveria ter sempre confiança, mas em épocas antigas essa lhe faltava. Fora como um irmão, um pai. Fora uma família por muitos, incontáveis, anos. Vê-lo desprovido da vivacidade que era concedida a sua espécie como um mártire, fora como ver o que o levara a implorar para ser transformado.

— Taozi... — Yifan murmurou esticando o braço para poder tocá-lo, mas não conseguiu fazer com que seguisse a ação.

Tao pareceu tão perdido naquele momento que o silêncio reinou por tempo indeterminado. Luhan erguera os olhos para julgar e analisar Kyungsoo junto a um anjo, como os outros presentes o fizeram logo depois curiosos e um pouco assombrados com a presença do demônio.

— Huang Zitao, nós precisamos ir — O demônio disse com firmeza, rompendo toda aquela bolha. Tao mal o ouviu. — Zitao, é necessário que nos juntemos agora para contra atacar, você não quer a vingança? Aliás, não quer proteger outros?

E ele queria. Tao levantou o corpo cambaleante e exausto da tortura que era ter que passar por aquilo, Yifan levantou junto, nesse processo, um a um, todos foram tomando uma atitude pouco animada, mas necessária. Kyungsoo observou as pessoas, pausando os olhos demoradamente no caído que conhecera, sentiu-se minimamente aflito.

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