XXXI - Triunvirato, almas puras e pedidos.

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Luhan analisou um pouco distante o quanto Yifan se esforçava para limpar a boca, a água que havia conjurado não estava ajudando muito – disse que o gosto era terrível e não saia – o jeito seria fazer um feitiço, porém suas mãos ainda estavam sobre o sangue fresco de Namjoon em busca de curá-lo; o que, na verdade, estava errando por perder a concentração com facilidade. Estava se condenando por isso, afinal, havia ainda Seokjin para ajudar, porém talvez esse se resolvesse mais rápido.

— Vai mesmo sair por aí procurando uma pessoa que provavelmente está assustada para dar de comer ao seu subordinado? — Yifan questionou após ficar irritado e disistir, a mão já estava tão escura como aquilo que residia em sua boca.

— É o jeito. Ninguém vai saber — Zitao disse suspirando, ergueu o mais novo nos braços e o colocou próximo de Yifan — Cuide dele.

Apesar de não ser uma obrigação, Yifan nunca discordaria daquilo. Seokjin não era novo, ele vivia a muito tempo com todo o triunvirato, deixá-lo morrer não era opção, muito menos deixá-lo em agonia e, por esta razão, a mão mais limpa do alfa se dirigiu aos cabelos loiros do vampiro enquanto encarava Tao sumir com facilidade da sua vista.

— Não acha que ele está machucado demais para ir sozinho? — Luhan acabou indagando, sua distração levando o lobo em suas mãos tremer e encolher-se de dor.

— Você deveria se preocupar com o meu lobo, ele pode morrer a qualquer momento. Não ache que não estou preocupado — O alfa respondeu rude propositalmente.

Luhan bufou impaciente, recebendo um olhar de súplica do lobo ao ver que sua desatenção e pouca pressa estava o fazendo sofrer mais que o necessário. O feiticeiro fechou os olhos suspirando, as mãos pressionando mais o ferimento causando a contorção do corpo abaixo da sua palma, ele ouviu o choro sofrido do subordinado e isso fez com que, de fato, congelasse o clima a sua volta.

Os olhos de Yifan viraram para os lados na rua, depois subiram por um prédio que tinha uma lembrança de já ter visto, voltou o rosto para Luhan um pouco curioso de como a mente dele estava e como ela havia feito com que parassem por aquelas bandas. Era a rua do seu ex-brinquedo humano, sabia reconhecer levemente apesar de ter aparecido poucas vezes e a maioria delas muito descontrolado para conseguir assimilar algo além daquele cabelo vermelhinho do garoto.

Suspirou baixo, sua mão estava ardendo tal como sua boca, língua e faringe. A sensação era terrível, detestável, mas não queria preocupar os parceiros mais do que provavelmente já estavam, era apenas um incômodo que ele tinha leve impressão de que ia passar; isso pelo simples fato de que tinha que passar de alguma forma. Sua mão parou a carícia sobre os fios loiros de Seokjin, então, finalmente, desceu os olhos até ele.

— Não tem graça, mas... — Ele soltou uma gargalhada ao vento — Eu me sinto bem mais confiante no Tao quando você está com ele.

Seokjin expeliu o ar de forma cansada, estava fodido, tão fodido que se sentia dormente e só a garganta coçava de maneira absurda; estava faminto, sabia reconhecer, mas seu nariz não absorvia quase merda nenhuma fora o sangue de Namjoon e o cheiro de enxofre devido a chuva que havia parado. Ele queria estar em condições de não deixar Zitao sozinho, concordava plenamente na fala dita anteriormente e ambos sabiam que não era por medo dele ser machucado. Ele era perigoso.

Sim, era para ser uma noite fria, mas tudo na merda daquele lugar parecia ferver e feder. As sombras ganhando personagens fantasmagóricos que ensaiavam histórias passadas nos objetos que outrora as produziram. Porém, para Chanyeol essas coisas todas estavam perdendo o poder de aterrorizar cada vez que fitava uma nova sombra e isso o deixava orgulhoso – mesmo que fosse apenas algo completamente do momento. Ele ergueu os olhões curiosos para o vampiro que olhava algo no guarda roupa, Sehun, para seu azar – ou sorte –, tivera que pegar um ar, ou seja, estava no quintal da casa respirando fundo várias vezes.

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