XXIV - Demônios, Drinks e Vampiros.

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— Do que você precisa, sangue-suga estúpido? — O demônio indagou irritadiço, ele sabia o que tinha que entrega-lo, mas fazê-lo seria um pouco cansativo.

Na verdade, por ter deixado-o trancado ali um dia inteiro na sede, com o desejo e o desespero transcrito nas paredes afundadas por socos, tinha noção do que estava por vir. Aquele porão, na parte interna, possuía diversas marcas antigas de provavelmente crises como aquela, Baekhyun era preparado para proteger o mundo de si mesmo e isso soava doloroso, tanto quanto surreal. Pelos céus! D.O se sentia enjoado ao pensar naquele ano em que quase perdeu a alma pura, quando não queria que ele morresse, que não sofresse porque tinha aquela aura dourada brilhante tendo em vista que esses tipos de indivíduos mereciam o paraíso, ele sentia pena, talvez mais que isso.

Kyungsoo analisou o novo Baekhyun, precisava se apegar a realidade do agora. O sangue-suga estava jogado no chão fitando a parede com os olhos mergulhados no vermelho sangue opaco, os cabelos negros sedosos apontavam para diferentes direções, as unhas possuíam feridas de tentativas falhas para escapar, as roupas eram ausentes – provavelmente tiradas nos surtos de picos de sede – e a cabeça estava tombada. Parecia vazio, completamente oco, tão imerso em sua própria agonia lenta que sequer ouviu o chamado do demônio.

— Baekhyun? — O demônio entrou completamente no lugar, respirou fundo e fechando a porta atrás de si ruidosamente.

O vampiro virou o rosto acompanhando o barulho esquisito do metal, SatanSoo teve que admitir a si mesmo o quanto aquilo era assustador e ele tremeu ao ver o sangue-suga sorrir abertamente de um jeito maligno. Contudo, nada aconteceu. Os movimentos foram cessados e D.O teve uma visão melhor das feridas pelo corpo do rapaz a alguns meros metros de distância de si; questionou-se se ele conseguia andar, ou fazer algum esforço para qualquer outra coisa.

— Sim? — O sangue-suga possuía um tom de voz ácido, como uma serpente.

— Pode deixar, eu dou um jeito nele — SatanSoo se dirigiu para Sehun, o garoto fora do porão.

Hesitante, mas assustado demais para protestar, o híbrido saiu quase correndo dali, preferia ficar próximo aos doentes, por consequência, perto de seu amigo para jogar conversa fora e esquecer o que foi ver aquele sorriso. Maldito sorriso macabro, o assombraria para sempre.

— O que você quer? — Kyungsoo voltou a perguntar enquanto deu um passo a frente.

— Drenar você, tirar gota por gota do seu sangue imundo — O vampiro alargou o sorriso, ficou de quatro no chão para engatinhar até o demônio — Ou talvez eu queira me divertir! — Exclamou em uma animação incomum.

— Talvez ambos?

A risada do vampiro era maliciosa e baixa, o lugar parecia mais fechado na mente de Kyungsoo, mais escuro e, raios, aquelas malditas presas davam-o calafrios toda vez que lembrava a noite catastrófica em que perdeu, pela primeira vez, seu hospedeiro. Ele lembrava a forma faminta que fora sugado, a angustia que possuiu seu peito e as tentativas falhas de manter-se acordado; SatanSoo não queria passar por aquilo de novo, toda vez próximo a aquele sangue-suga tinha essa impressão, de que passaria pela morte mais uma vez e a sensação de morrer não é algo que alguém fosse querer repetir.

O demônio se encostou na porta pesada de metal, seus olhos brilhando em incerteza e excitação, a adrenalina percorrendo suas veias enquanto um friozinho instalava-se em sua barriga. Baekhyun, alheio a tudo que fazia o demônio passar, se levantou cambaleante, o sorriso cortando seu rosto de orelha a orelha, e se aproximou do outro. Apoiou as mãos ao lado do rosto de Kyungsoo, que prendeu a respiração no momento que identificou o cheiro forte de sangue. O vampiro soltou outro risinho malicioso.

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