Monster [Em revisão]

XXXIX - Árvore da vida

Havia o som incessante de ossos quebrando e carne sendo rasgada do lado de fora, nada parecia mais assustador. O buraco escuro que se enfiaram guardava um dos corpos mortos dando ânsia de vômito ao mais novo deles; o caçador que estava a sua frente mantinha-se próximo e imóvel como se o cheiro insuportável de litros de sangue derramado não fosse nada e, de fato, nada seria caso não se mantivessem em posição. O feitiço inicial precisava ser mantido e bem executado, mesmo que a própria chave para que isso pudesse acontecer dissesse que era impossível concluir esse feitiço de verdade.

Mattew havia avisado que alguém estava vindo, mas nenhum deles esperava que tivessem vindo tantos, ou tão fortes quanto estavam. Simplesmente parecia ridículo as auras deles estarem nítidas e coladas as suas aparências; e, também, a brutalidade na qual estava agindo realmente não faziam parte desse mundo. O feiticeiro medroso olhou para cima novamente buscando tentar entender como Leo, o caçador, quase sequer respirava e permanecia calmo mesmo sabendo que era a espécie mais em desvantagem naquele local.

O plano tinha que ser concluído, assim pensava o caçador. Nem estava pensando nisso sozinho. Caso não conseguisse começar delimitando o nível do estrago o qual as calamidades poderiam fazer, não havia modo de derrotá-los. Tudo dependia das camadas dos planos já que não possuíam força alguma de combate real, os danos, portanto, iam ser contidos por esse feitiço e os feiticeiros devem mantê-lo em pé o tempo que der. Leo, uma única vez, olhou para o moleque medroso e não conseguiu sentir confiança nele de verdade. Sabia que era uma mentira dizer que separaram os melhores feiticeiros para a tarefa já que esses nem existiam mais, estes devem ter sido exterminados na primeira horda de ataques, durante a extensão dos combates muitos pereceram e os primeiros a serem enviados foram os mais hábeis. Isso, claro, dentro do que havia visto cuidando do lado dos humanos.

Contudo, o que poderia fazer? Teria que confiar no garoto e fazê-lo executar aquela tarefa.

Não havia mais tempo para se esconder, principalmente porque uma das criaturas aproximou-se e cheirou o corpo morto próximo deles. O caçador, então, para ter certeza de que o garoto estaria preparado ergueu, a mão com a faca sinalizando a sua intenção e pouco se importava se ele iria voltar a chorar de medo. Tinha que agir e esse era o momento para fazer isso. Esperou dois minutos completamente imóvel fingindo que o feiticeiro não estava tremendo colado a si atrapalhando a sua concentração e logo em seguida uma fungada próxima foi ouvida vindo junto com um focinho de noturno que encostou na mão estendida do corpo de lobo no chão. Sem pensar muito sobre e com a precisão de experiência ele saltou sobre o lobisomem afundando a faca numa investida só na sua cabeça, como a criatura apresentou resistência rosnando e mexendo o órgão brutalmente, arriscou esticar a perna até colocar o pé dentro da boca dele e empurrar a mandíbula para baixo.

O feiticeiro mexeu um pouco as pernas aproveitando o espaço que havia ficado disponível, depois se esticou choramingando por ter que passar pelo corpo da garota que estava esperançoso de salvar. Com uma subida rápida de olho, possuído por mais uma onda de horror, observou a criatura grande cair de lado por cima da perna de Leo e ele soltar um xingamento alto de dor. Logo depois houve um estalo alto produzido após um empurrão bruto do pé do caçador na boca da criatura; lentamente viu ele deixar o lobisomem fechar um pouco a boca com raiva de forma que pudesse dobrar o joelho para então chutar com tudo e escancarar a boca dele. Em seguida, Leo saiu de baixo do lobo massageando a perna enquanto o outro agonizava no fundo.

- Garoto! Presta atenção! - Ele gritou bravo consigo. O feiticeiro encolheu quando a lâmina do caçador fez um barulho ao passar por sua orelha.

Correu para frente amedrontado após sentir dedos na sua cabeça. Tropeçou, caindo no chão e virando de lado a tempo de visualizar o vampiro que estava as suas costas. Pensou em gritar de medo, mas antes o caçador avançou no vampiro com a mesma faca; outros foram aparecendo e cercando os dois. Leo, enquanto disputava derrubar um dos vampiros, já sendo cercado por outros sobrenaturais, mirou os olhos intensos em si.