Monster [Em revisão]

XXIX - Marcas, Caçadores e Decisões

Jongin olhava para a parede. Ele estava com fome, mas os caçadores permaneciam assustados demais para liberar comida a todos. Remexeu-se no chão, estava inquieto, ajeitou a postura um pouco para poder sentir as dores de ficar na mesma posição por tanto tempo e se pegou olhando para os outros no local. Jooheon e Changkyun dormiam tranquilamente, tão tranquilos que fazia-o lembrar de Sehun e querer estar com ele em casa.

Casa. Suspirou, de repente estava com saudade, depois se sentiu abatido pelo leve desespero de pensar em como Sehun estava e onde. Ele deveria estar em casa, mas tinha noção de que ele havia saído de lá pouco depois devido a algum ocorrido, sua marca coçava com frequência, uma frequência alarmante. Tocou o espaço no pescoço que ainda tinha a marca vívida e permanente dos dentes do seu namorado sentindo uma tranquilidade anormal se alastrar pelo seu corpo; o fato produziu o seu franzir de sobrancelha, não era a sua tranquilidade já que estava preocupado a pouco o que o fazia pensar que Sehun queria que ele relaxasse. Alguma coisa estava errada.

- Problemas com o parceiro? - Minseok perguntou apontando para sua mão sobre a marca.

Minhyuk esgueirou-se para mais perto na tentativa de participar, Sunkyu e Hoseok estavam comendo em silêncio, mas agora de olhos erguidos, subitamente interessados por qualquer distração da mínima que fosse.

- Sim, mais problemas - Ele suspirou derrotado, mesmo que o corpo não estivesse mais tenso.

- Aconteceu alguma coisa em específico? - Minhyuk perguntou curioso.

As marcas, ou mordidas, em geral não eram segredo a ninguém, mas saber pela boca de alguém que tinha essa ligação era mais interessante do que ler. Isso era o que o vampiro sempre pensava, afinal, para eles, os sangue-suga, tudo era a base de sangue, até um pacto romântico eterno, mas os lobos faziam isso de uma maneira mais sincera e pura, ele gostava. A ideia de o instinto guiar ao certo parecia tão ardente e apaixonante.

- Ele está estranho, ficou muito eufórico por muito tempo, logo após triste e agora quer me passar tranquilidade - Respondeu e balançou a cabeça, não estava entendendo nada.

- Isso é algo comum. Jongdae faz a maioria das vezes - Minseok comentou tentando acalmar o lobo ao seu lado.

- Sehun adora me perturbar pela marca, ele aprendeu a usá-la de uma maneira irritante e engraçada - Disse, a sombra de um sorriso no rosto - Isso é esquisito. Parece que ele quer esconder algo, entende? - Só então elevou os olhos para encarar o mais velho.

- Você sente que ele quer esconder algo?

Jongin não respondeu, mas manuseou a cabeça em um sim atento. A expressão do híbrido após isso o fez ter certeza do seu mau presságio, poderia ser alguma besteira advinda da sensibilidade alheia, mas poderia ser algo bem sério. O lobo bufou alto e encostou a cabeça na parede, sentia a iminência da raiva.

- Isso me dá vontade de te levar para casa... - Minhyuk murmurou afetado - Eu sempre libero você para isso quando precisa.

- Pena que não é uma situação comum - O híbrido disse pondo um fim a conversa. 

O silêncio permaneceu ali, cada um indagando-se sobre coisas diferentes. Fora das paredes, porém, estava barulhento e, ainda assim, desanimado. Shownu assistia com uma expressão impassível os outros caçadores comendo e discutindo ao mesmo tempo, a seu lado Sooyoung fazia um batucar na mesa a sua frente. Estavam todos meio confusos, até um pouco incerto sobre aqueles no estabelecimento, sobre seus próprios amigos e o clima desconfortável projetava aquela nuvem negra súbita de vergonha por suas escolhas.

Os caçadores mais velhos voltaram a tomar a frente, recuperando o poder de antes para comanda-los, mas não a confiança. Volta e meia alguém indagava sobre o paradeiro incerto de Suho, múrmuros baixos acusavam aos reclusos em uma sala separada que esperavam tomar uma decisão. Kihyun apareceu após um tempo, Jimin atracado a ele. O Yoo auxiliou o outro a sentar em uma cadeira de maneira cuidadosa, porém não podia dá-lo conforto, então apenas o largou ali e arrastou ruidosamente a última cadeira da mesa para sentar.