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–  Nina

    Por mais que me custasse a admitir, a verdade é que o rapaz à minha frente estava incrivelmente bonito. Os seus pálidos olhos azuis reluziam com as luzes vindas da sala, e eu permanecia imóvel e calada, lutando contra a vontade de me querer esconder num buraco.

    "Sim, sou eu, qual é o espanto?" – Luke respondeu-me, enquanto ajeitava o seu boné vermelho, colocando alguns cabelos por dentro do mesmo.

    "Nenhum, apenas... Não sabia que vinhas a festas" – falei num tom normal, desviando-me de seguida de algumas pessoas a querer passar pela porta de entrada.

    "Não é habitual" – afirmou, coçando o seu braço num rápido movimento.

    "Acho que me vou embora" – pousei o meu olhar no seu angélico rosto, observando cada detalhe do mesmo.

    "É, eu tamb–" – Luke ia continuar a sua frase mas foi interrompido por um grande barulho.

    Olhámos ambos na direcção do tal som e reparámos que uma rapariga estava em cima de uma mesa com um microfone ou algo do género.

    "Boa noite! Quem quer jogar 'roda a garrafa' aqui?" – ela gritou e logo de seguida se ouviram mais gritos – "Façam uma roda!"

    "Acho que vou sair daqui, definitivamente" – arregalei ligeiramente os olhos, dando alguns passos em direcção à porta.

    "Hey, vocês os dois, pensam que vão aonde? Venham mas é para aqui jogar" – a tal rapariga apontou para mim e para Luke, enquanto se posicionava na tal roda.

    Encolhi os ombros e olhei para Luke, que me lançou um olhar de "socorro". Soltei um pequeno riso e puxei-o pela mão, encaminhando-o até à roda formada de pessoas. Tinha a sensação de que me ia arrepender disto.

    "Se não quiseres fazer nada disto, podes desistir do jogo" – murmurei ao ouvido de Luke, sentando-me de seguida ao seu lado. Ele apenas assentiu lentamente, nervoso. Sabia que este adolescente não gostava nada de coisas deste género, mas agora era tarde demais para voltar atrás.

    A rapariga – que estava vestida como uma galdéria, – bebeu o líquido todo que se encontrava dentro de uma garrafa. Seguidamente, colocou o objecto de vidro bem no centro da roda. 

    "Eu começo" – ouvi a voz de Michael. Oh, ele também estava na roda juntamente com Ashton, Lydia e Calum.

    Michael rodou a garrafa, que passados alguns segundos apontou para Lydia. Ela cobriu o rosto com alguma vergonha.

    "Vamos mudar o jogo. A pessoa que rodar a garrafa vai ter que escolher uma consequência para a pessoa a quem a garrafa apontou. Perceberam?" – a rapariga com roupas que mostravam demasiado disse, e logo de seguida se ouviram múltiplos sons de aprovação. Deus queira que não me calhe nada. Vou apenas ficar sossegada.

    "Então Lydia, a tua consequência é..." – Michael começou, fazendo logo de seguida uma cara pensativa – "Vais ter que... Apalpar o júnior do Calum" – ele finalizou, rindo-se levemente. Lydia arregalou os olhos, enquanto as suas bochechas ganhavam um tom rosado. 

    A envergonhada rapariga respirou fundo, aproximou a sua mão do colo de Calum e apertou ligeiramente o mesmo, enquanto todos gritavam. O adolescente apenas se ria, batendo palmas, a achar que acção que se tinha sucedido era hilariante.

    Olhei de relance para Luke, que estava com uma expressão séria, atento aos movimentos das outras pessoas. 

    "Quem é o próximo?" – Calum perguntou, e não houve resposta, por isso, girou a garrafa. E adivinhem em quem foi calhar? Em mim. Oh, obrigada Deus.

    Olhei para o meu colo, engolindo em seco, enquanto todos os olhares das pessoas que estavam sentadas na roda se focavam em mim.

    "Então, Nina" – Calum olhou em redor, e o seu olhar pousou de seguida em Luke – "Sete minutos no paraíso com o Luke" – ele finalizou a sua frase, fazendo-me levantar uma sobrancelha.

    "E é suposto eu saber o que isso é?" – perguntei, com algum receio, causando algumas risadas por parte das restantes pessoas.

    "Tens que ir para um armário com o Luke e ficar lá durante sete minutos" – Calum explicou-me, fazendo-me engolir em seco. Fitei Luke, que estava com uma expressão confusa e preocupada no rosto. Ele encolheu os ombros, por isso, levantei-me, dando um breve suspiro, e encaminhei-nos para um armário grande, trancando-nos de seguida lá.

    "E agora, o que é suposto fazer?" – Luke perguntou-me, sentando-se num pequeno banco, enquanto eu me encostava à porta.

    "Eles querem que nós façamos sexo neste sítio" – soltei uma pequena gargalhada após ver a expressão chocada na face de Luke.

    "Está descansado, podemos sempre fingir que fazemos algo" – sugeri, sentando-me à sua frente. Luke esboçou um curto sorriso, o que me fez colocar ambos os meus braços no ar.

    "Oh meu Deus, tu sorriste!" – exclamei.

    "O que tem?" – ele questionou, franzindo a testa.

    "Nunca costumas sorrir, acho que nunca te vi os dentes" – afirmei, dando de ombros.

    "Eu não gosto de sorrir, habitualmente não o faço" – Luke falou, com a sua voz ligeiramente rouca.

    "Porquê?" – perguntei, com alguma curiosidade.

    "Não sei. Acho que sou um pouco depressivo. Isto aconteceu quando o meu pai deixou a cidade" – ele falou, e eu lancei-lhe um olhar curioso. Luke estava neste momento a contar-me uma pequena coisa da sua vida, o que me deixou bastante curiosa, pois ele nunca contava nada às pessoas. O que existia no seu mundo não incluía pessoas.

    Ia responder-lhe, mas assim que abri a boca, alguém bateu à porta.

    "Os vossos sete minutos acabaram, espero que se tenham divertido" – revirei os olhos, e destranquei a porta, demonstrando um ar cansado, de propósito.

    "Liga-me, Luke" – pisquei-lhe o olho, mordendo o meu lábio inferior, enquanto caminhava para a roda mais uma vez, contendo o riso. O rapaz inofensivo apenas arregalou um pouco os olhos, olhando para o chão, à medida que me seguia em curtos passos. Sentou-se ao meu lado mais uma vez, e continuámos a jogar este maldito jogo que já me estava a acabar com a paciência.

    Vi diversas coisas no decorrer disto. Duas raparigas a beijarem-se, rapazes a despirem-se, duas pessoas do sexo oposto a trocarem de roupas, e um rapaz a beber oito shots seguidos. Já me encontrava um pouco cansada, mas continuava nesta roda, com Luke ao meu lado, por mais impressionante que parecesse.

    "Luke? Hey, Luke?" – a voz de Ashton fez-se ouvir, o que nos causou a olhar para ele – "A garrafa apontou para ti" – assim que Ashton pronunciou a última palavra, Luke pareceu acordar da espécie de transe onde se encontrava.

    "Oh, boa" – falou num alto murmúrio.

    "Tira a camisola" – Ashton desafiou-o. 

    O rapaz ao meu lado, que tinha os cabelos alourados ligeiramente despenteados, ficou a olhar para Ashton durante breves segundos, processando o que ele tinha dito, até que as suas mãos viajaram para o macio tecido da sua peça de roupa, puxando-a um pouco para cima.

    O Luke – repito – o Luke, ia mesmo tirar a camisola à frente desta gente toda?

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Onde histórias criam vida. Descubra agora