– Luke
Solidão. Foram tantas as vezes que senti solidão. E rejeição. Tentava fazer tudo o que podia para deixar as pessoas à minha volta orgulhosas, mas parecia que quanto mais tentava, mais decepcionava. Contudo, ao longo do tempo fui percebendo que a única pessoa a quem devia agradar era eu mesmo. Nina fez-me perceber que eu tinha o direito de existir assim como todos temos. Ela fez-me perceber que tenho importância e não lhe podia estar mais grato.
Ao mesmo tempo, às vezes tenho medo. Tenho medo de acabar magoado, psicologicamente. Tenho medo de não ser exactamente o que Nina precisa. Tenho medo que ela pare de se importar comigo. Tenho medo que as coisas não acabem bem. Mas a verdade é que nem sequer quero que acabem. Desejava poder explicar o que sinto.
Nina tinha-me ligado há algum tempo. Disse-me que iria estar no nosso pequeno refúgio daqui a cinco minutos. Contudo, já se tinham passado quinze e não havia sinal dela. Decidi procurá-la. Coloquei um casaco por cima dos meus ombros e observei-me ao espelho, vendo um adolescente cansado com os seus cabelos loiros despenteados e olhos azuis tristes. Eu era assim quando Nina não estava presente. Porém, quando ela se encontrava no mesmo espaço que eu, os meus olhos ganhavam um brilho magicamente e sentia-me mais vivo. Este era o efeito que uma rapariga especial tinha em mim. A única rapariga especial, – Nina Stevens.
Assim que comecei a caminhar em direcção à sua casa, duas ambulâncias e um carro da polícia captaram a minha atenção, juntamente com um corpo deitado no chão. Não, não podia ser.
Aproximei-me ligeiramente do lugar onde tudo estava a decorrer e pude ver cabelos castanhos claros e ondulados iguais aos de Nina. O corpo era igual. Os seus olhos estavam semicerrados e pequenos cortes eram visíveis sobre a sua pele. Havia sangue na sua perna esquerda, que estava dobrada para um lado. Corri até à maca onde ela estava deitada, ainda sobre o chão, mas fui imediatamente puxado por dois polícias.
"Largue-me!" – gritei, abanando-me freneticamente.
"Eu conheço-a, eu conheço-a!" – exclamei, e percebi que tinha lágrimas a molhar os meus olhos azuis. Senti uma dor miserável no meu peito e tive que controlar a minha respiração para não desmaiar. Era assim que o amor também nos fazia sentir? Seria esta uma punição por não ter contado a Nina que iria deixar a cidade em dois meses? Porque é que o meu corpo doía tanto?
"Desculpe, mas só pode entrar na ambulância com a rapariga se for parente dela" – o polícia disse-me e consegui finalmente soltar-me dele. Encarei-o com lágrimas nos olhos e suspirei longamente. Como é que alguém se conseguia manter tão calmo quando Nina estava deitada no chão quase... morta?
"Eu sou o..." – esfreguei as maçãs do meu rosto – "Eu sou o namorado dela, porra. Isso não conta?" – encarei os dois senhores à minha frente desesperadamente. Eles assentiram um para o outro e fizeram-me um gesto com a mão, deixando-me ir para ao pé de Nina.
Suspirei em alívio e caminhei até ela, com as pernas a tremer. Alívio? Era a única coisa menos má que sentia agora. Nina estava viva. Ajoelhei-me para a mirar e pousei a mão sobre o seu peito delicadamente. Ela respirava, – lentamente, mas respirava. O seu corpo tremia ligeiramente, talvez de medo, talvez de dor. Mas sabia que me estava a sentir pior que ela, possivelmente. Ver a pessoa de quem se gosta assim, neste estado, faz-nos sentir uma dor interminável no peito e um nó na garganta.
"Oh, Nina" – a minha voz quebrada e trémula conseguiu falar – "O que te foi acontecer?" – deixei de lutar para que as lágrimas ficassem seguras, e apenas as deixei cair.
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Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]
Fanfiction☪ ☪ ☪ ❝ Eram um pouco diferentes. Dançavam na rua, perto do lugar onde tudo estava a decorrer. Contudo, conseguiam ouvir a música perfeitamente. A grande mão de Luke descansava sobre a anca da rapariga perante si, enquanto que a outra era...