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–  Luke

   

    Agarrava-a como se tal gesto dependesse da minha vida. Era como se um toque a fosse manter comigo. Não conseguia parar de unir os nossos lábios de minuto em minuto. Queria aproveitar o tempo que me restava com Nina. Sentia-me mal, por um lado. Pretendia arranjar coragem para lhe contar que iria para longe daqui a duas semanas, mas não conseguia. Não lhe queria tirar a felicidade.

    Infelizmente, às vezes os problemas decidem intervir na nossa vida quando ela está a correr plenamente bem.

    Remexi-me no colchão que já tinha levado com os nossos corpos inúmeras vezes. O meu braço colocou-se quase por instinto por debaixo da cabeça de Nina enquanto uma das minhas mãos desenhava círculos imaginários na sua anca. Agora passávamos muito tempo juntos, deitados, a adorar a presença um do outro. Eu necessitava dela ao meu lado para ficar descansado. Absurdo, não é? Quem diria?

    "Luke, o que se passa?" – Nina disse, do nada – "Tens andado estranho ultimamente"

    "Eu? Não se passa nada!" – respondi rapidamente – "Porquê?" – sentei-me de imediato à sua frente. Os seus cabelos castanhos ondulados caíam perfeitamente sobre os seus ombros, como habitualmente, e os seus olhos esverdeados fitavam os meus atentamente, como se Nina estivesse a tentar ler a minha mente.

    "Queres sempre estar comigo e, quando estás, não me largas nem por um segundo" – soltou uma pequena risada – "Eu não me importo que o faças, é claro" – fez uma breve pausa – "Mas não o costumavas fazer"

    "Os teus pais não se importam que estejas comigo, pois não?" – questionei, pegando na sua mão. Brinquei com os seus dedos à medida que a encarava. Não me cansava de olhar para Nina.

    "Claro que não. Já lhes disse que tenho um namorado, mas eles não sabem quem é..." – mordeu o lábio inferior, mostrando-me o seu nervosismo – "Imagina a reação da minha mãe quando lhe disser que é o meu ex-tutor de matemática"

    "Bem..." – engoli em seco – "Na verdade, passa-se alguma coisa" – olhei para o meu colo, respirando fundo. Como é que eu lhe iria dizer isto?

    "O que é?" – a sua voz passou de um tom suave para um tom completamente sério.

    "Antes disso, tens que prometer, por favor, que não te chateias comigo" – entrelacei as suas pernas na minha cintura, de modo a ficar perto dela. Nina assentiu lentamente. Soltei um trémulo suspiro e uni os nossos lábios mais uma vez, dando-lhe um longo beijo.

    "Aceitaram-me numa Universidade..." – disse baixinho, semicerrando os olhos.

    "Isso é ótimo, Luke!" – ela respondeu – "Espera, há quanto tempo sabes disso?" – franziu a testa.

    "Hm... Há aproximadamente dois meses e duas semanas?" – mordisquei o meu piercing labial com receio e olhei para cima, como se estivesse a pedir a todos os deuses que Nina não se chateasse comigo.

    "Oh..." – ela disse – "Porque não me contaste antes?"

    "Eu tinha medo que acabasses tudo comigo, que nunca mais me quisesses ver porque eu vou para longe daqui..." – a minha voz saiu quebrada.

    "Mesmo que quisesse ficar chateada contigo não iria conseguir, Luke..." – senti a sua mão a cobrir a minha bochecha e um suspiro de alívio escapou dos meus lábios – "Mas o que vou fazer sem ti?"

    "Eu não... Eu não sei" – envolvi os meus braços à volta do seu frágil corpo e apoiei o meu queixo no seu ombro – "Nós vamos pensar nisso, prometo-te, mas agora temos que aproveitar o tempo que nos resta juntos, está bem?" – separei-nos lentamente e pude ver que Nina se estava a conter para que as lágrimas que ela estava a segurar não escapassem dos seus olhos.

    "Está bem" – acenou com a cabeça afirmativamente – "Estou feliz por ti, Luke, embora não pareça" – uma pequena risada escapou dos nossos lábios.

    "Eu amo-te" – murmurei quase inaudível – "Eu sou capaz de amar alguém, e, Nina Stevens, eu amo-te tanto" – os nossos narizes rasparam-se levemente um no outro, assim como os nossos lábios, que só se tocaram quando Nina respondeu:

    "Eu também te amo. Imenso"

    Tudo o que eu podia fazer neste momento era abraçá-la, beijá-la, agarrá-la, e tê-la comigo. Porque sabia, lá no fundo, que quando deixasse esta cidade, iria ter saudades destes simples mas significativos gestos que me deixavam completamente feliz. Não podia ter pedido melhor que esta rapariga perante mim, e os meus sentimentos por ela eram genuínos e verdadeiros. Afinal de contas, eu até era capaz de amar.

Treehouse ➤ Luke Hemmings [Completed]Onde histórias criam vida. Descubra agora