Capítulo 11

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MALUMA


_Estou abortando o bebê – ouço Amanda dizer – Estou abortando o bebê Maluma!

_Maluma – Diz Daniela ao aproximar-se, colocando a mão em meu ombro.

Desvencilhando-me de sua mão corro para Amanda tomando-a em meus braços. Não sei o quão rápido estou correndo em direção ao meu carro, mas não me parecia rápido o suficiente.

_Eu os estou perdendo - chora Amanda ao agarrar-se em minha blusa para não cair. Ela parece fora de si, fora da consciência, encarando suas mãos com sangue.

_Não no meu turno – resmungo ao posicioná-la sentada na poltrona do carro – Respira fundo, nós vamos chegar ao hospital, qual o numero daquela médica?

_Eu... eu não sei. – Amanda diz empalidecendo sobre meus olhos.

_Maluma – ouço Daniela atrás de mim, segurando a bolsa de Amanda nas mãos.

_Obrigada – agradeço ao pegar a mochila e entrar no carro.

Estou ultrapassando carros e ônibus, em uma velocidade que me foge a visão. Eu nunca teria imaginado que o Hospital ficasse tão longe. Infernos. O choro de Amanda mistura-se em minha mente e eu não sei por onde começo a repassar a frase da maldita doutora. "Sem estresse para a mamãe" ela tinha dito porra! Eu devo ser o cara mais burro do caralho! Mas como eu iria imaginar que Amanda surtaria ao ver-me com Daniela? E eu não estava fazendo nada de errado, se ela apenas soubesse...

_Eu não estava transando com ela – minha boca solta de uma vez – Não menti pra você, eu tinha acabado de chegar em casa, estava com Lorenzzo.

_Ela estava nua! – Amanda grita ao invés.

_Eu nem olhei para o que ela estava vestindo! – digo-lhe tentando fazer minha voz soar calma, mas sinto verdadeiramente que pareceu mais uma ameaça.

_Como se você fosse cego! – grita ela ao puxar sua camisa, suas mãos tocam sua barriga uma e outra vez enquanto seus olhos inundam-se de água – Eu não posso perder eles Maluma, eu não posso.

_Não vamos perder ninguém – acelero ainda mais o carro.

Chegamos ao hospital com duas viaturas me seguindo pelo trânsito, eu estaria em um inferno de problemas, mas minha família vinha primeiro, fodam-se as regras.

Com Amanda em meus braços entro no hospital gritando como um louco. Enfermeiras vêm correndo em minha direção e coloca Amanda em uma maca. Eu as sigo por um corredor branco que mais parece o túnel da morte do que um ambiente tranquilo. Em minhas costas algumas pessoas estão com seus celulares tirando fotos e quase posso ouvir uma mulher perguntar: "Aquele é o Maluma em pessoa?".

Eu não era ninguém nesse momento, apenas um homem, um homem com a corda no pescoço, segurando a mão de uma mulher enquanto mentia que tudo ficaria bem porque Deus tinha que fazer aquilo sair-se bem. Eu construiria a porra de uma igreja se tudo ficasse bem. Mudaria minha vida, eu seria um homem melhor por eles, por todos eles.

_Vai ficar tudo bem – prometi a ela - Vai ficar tudo bem.

_Não minta pra mim – funga ela ao apertar minha mão – Não me deixe sozinha.

_Eu nunca deixarei você – jurei a ela - Sempre estarei com você.

Um barulho alto de passos vêm do corredor e eu não tiro os olhos de Amanda nem por um minuto. O rosto de Amanda passa a ficar extremamente preocupado e ela começa a gritar "Não" desesperada.

_Amanda... – sussurro e sinto braços prenderem-se a minha volta.

Quatro políciais tentam me colocar algemas, gritando-me palavras insanas, eu tinha que ganhar uma multa por excesso de velocidade e não ir para a cadeia. Mas a vida nunca anda por lados certos quando você é o bandido. E já que você é mal.

Viro-me soltando-me dos políciais e tento começar uma conversa racional.

_Rapazes – murmuro friamente – Infelizmente não posso sair daqui agora.

_Você não tem opção – diz meu velho amigo bigodudo.

Aquele cara tinha um sério problema comigo.

_Então temos um problema senhores – informo – Por que o inferno congelará antes que eu saia daqui.

As minhas costas, o choro de Amanda me deixa tenso. Eu deveria estar com ela e não com esses idiotas, inferno! Eu corri por um motivo honesto.

_Rapazes – diz bigodudo e a luta começa.

Desvio de mãos e porretes em questão de segundos. Eu provavelmente teria que deixá-los inconscientes e responder um processo de agressão mais tarde, para não ser afastado de minha família agora. Eu provavelmente compraria o juiz novamente. E séria caso resolvido. Eu só teria que dar uns bons socos sem quebrar o crânio de ninguém. Sem sequelas sem dramas. Isto é, até que um spray é jorrado em minha cara, deixando-me parcialmente cego.

_Filhos da puta – grito irritado ao afundar meu punho no nariz do policial.

_Desacato a autoridade senhor Londoño – diz o velho policial bigodudo ao conseguir colocar-me uma algema - E agressão. Tudo o que você dizer ou fizer será usado contra você no tribunal, você têm direito a uma ligação e chamar um advogado.

_Minha mulher está parindo – murmuro entre dentes e o riso em seus olhos só me fazem apertar meus punhos contra a corrente – Eu não posso sair daqui.

_Ainda bem senhor Londoño que não é você que tem a placenta verdade? – ouço-o dizer e meus olhos ardendo pelo spray parecem ver o mundo em sangue.

O porta mala se fecha ensurdecendo meus ouvidos. O carro acelera para longe do hospital, para longe do pilar do meu mundo, o inferno tinha chegado sorrindo e não havia redenção, nunca ouve. Eu tinha acabado de quebrar a promessa mais importante que eu fiz na minha vida, pela terceira vez. Ao final, o Karma era uma mulher com garras e feria sem rancor.

_Às vezes o dia é da presa – digo a eles ao encarar o teto do carro com um ódio tremendo em minhas veias - Mas o outro é do caçador e a caçada é uma cadela emocionante.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora