Capítulo vinte e dois - Minha única opção

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           Faz uma semana que não vou ao colégio, que não falo com minha mãe, com Liam, com Sophie e com Shane. Eles vieram aqui, mas meu pai disse que eu viajei com a minha mãe. E amanhã vou começar com aulas particulares outra vez. O que ele está fazendo é desumano.
          Estou presa há tanto tempo que li todos os livros que ainda não tinha lido e resolvi todos os exercícios do livro de Matemática. Não tenho como me comunicar com o mundo exterior.
           Felizmente, o tempo todo que fiquei fechada me fez pensar em muitas coisas. Eu tenho três planos elaborados por mim para fugir daqui. Então tenho que começar a executar.
           Meu pai acaba de sair e sua amante está circulando por aí. Sei que deve estar na piscina. Ela gosta demasiado de ficar na água como se fosse uma baleia assassina. Ou uma piranha.
           Pego numa bolsa de viagem e coloco minhas roupas, meus calçados e mais algumas coisas essenciais. Levo o que mais preciso.
          Eu tenho que aproveitar já que Lewis não está patrulhando a casa hoje. O único problema é abrir a porta. Mas eu não posso desistir agora.
            Coloco as minhas coisas debaixo da cama e vou bater na porta para que Rose, minha empregada, venha abrir. Eu espero.
           Ela abre a porta. — Alguma coisa, senhorita Blaire?
           — Eu tenho muita fome. — Finjo fraqueza. — Por favor, me ajude!
           — O que você quer comer? — Ela olha para mim preocupada.
          — Alguma coisa forte. Uma sopa, sei lá. Tudo menos sanduíche. Eu imploro.
          O telefone toca e Rose sai correndo deixando a porta fechada sem trancar com a chave. Eu pego na minha bolsa de viagem debaixo da cama e saio do meu quarto. Entro no quarto do meu pai e fecho a porta. Ligo para Liam.
          — Alô! — Ele atende.
          — Liam, você está em casa? — Pergunto olhando para a porta.
          — Estou saindo agora do colégio. É você, Blaire? Porquê foi sem dar noticias? Eu fiquei preocupado com você. Muito preocupado.
          — Não é verdade. Você precisa me buscar. Por favor! Agora!
          — O que está acontecendo?
          — Venha agora senão não vai mais me ver! — Desligo.
          Volto para o quarto sem a bolsa e sento na cama quando Rose volta. Ela olha para mim.
          — Eu vou fazer o que pediu. — Ela diz.
          — Estou com tanta fome que pode trazer uma sanduíche e um suco, por favor! Rápido! — Digo. Ela sai e tranca a porta com a chave.
            Dez minutos passaram. Olho para a janela do meu quarto e vejo Liam chegando e parando na frente do portão. Eu dou um sinal para ele continuar aí e oiço Rose abrindo a porta.
           Eu deito no chão imediatamente e finjo estar desmaiada. Minha cabeça está sobre a falsa poça de sangue que acabei de fazer, que está sujando meu cabelo.
          Rose entra e oiço vidros se partindo. — Meu Deus! Senhorita Blaire? — Ela ajoelha ao meu lado e toca meu rosto. Eu me concentro para não estragar tudo. Não quero mais ficar aqui.
            — Ajuda! — Ela levanta e saí correndo para fora do quarto.
           Eu levanto e vou buscar a minha bolsa no quarto do meu pai. Com cuidado, passo pela sala e saio enquanto Rose chama a ambulância. Eu fecho a porta com cuidado e vou correndo para encontrar Liam. 
          Coloco o capacete rapidamente, e calço os meus All Stars Converse. Liam olha para mim.
            — O que se passa? — Ele pergunta sem entender.
            Eu subo e agarro a minha mala com força. — Vamos fugir para longe. Se você quiser!
        Ele sorri. — Eu quero!
        — Então vamos! — Digo.
        Ele arranca e vai em direção à estrada. Eu fecho os olhos e me sinto livre. Não quero mais ficar ali. George Rogon quis assim. Estou fazendo isso, graças a ele. Ele é o culpado de tudo. Mas o agradeço por me ajudar a ver as coisas por mim mesma.

            Liam pára a moto no destino final. Eu não sei onde a gente está, mas é um belo lugar. Tem muitas casas perto do mar e muitas árvores também. Eu nem sei se ainda estamos em Nova Iorque.
            — A gente ainda está em Nova Iorque, não é? — Pergunto.
          Ele ri. — Claro que sim. — Pega na minha bolsa e me leva para dentro de uma das casas.
            — De quem é essa casa? — Pergunto.
            — De um grande amigo.
            — Está bem.
            Liam bate a porta e um homem muito alto abre a porta. Ele é loiro, tem tatuagens em todos os lugares, alargadores nas orelhas e piercing no nariz.
            — Lambert! — Ele abraça Liam e depois olha para mim.
            — Minha namorada, Blaire! — Liam diz e me puxa para frente.
            — Muito prazer. Sou Vinci. — Ele aperta a minha mão. — Quer? — Me entrega um cigarro.
          — Não obrigada. — Digo.
          — Podem entrar.
          Nós entramos e olhamos para a decoração estranha. Tem muitas estátuas africanas e tapetes estranhos. Pelo menos é longe de George Rogon.
           — O que vos traz por aqui?
           — A gente precisa de algumas férias. — Liam responde.
           — Estão com sorte. Só tem dois quartos aqui. Vocês têm que dormir juntos.
           Olho para Liam e ele olha para mim. — Por mim tudo bem. — Respondo. Qualquer coisa é melhor que ficar presa.
            — Venham comigo. — Vinci nos leva para um pequeno quarto com apenas uma cama casal.
             — Obrigado, Vinci. A gente chama se precisar de mais alguma coisa. — Liam diz.
           — Tudo bem. Eu vou dar um mergulho. — Ele sai e fecha a porta.
           Eu sento na cama. — O lugar é legal! — Digo.
           — Porquê você está fugindo, Blaire? E isso é sangue na sua cabeça? — Ele toca no meu rosto.
           — Não. É sangue falso. Eu fugi por vários motivos. Um deles é não querer viver como uma prisioneira enquanto ele e a amante têm vida de reis.
          — Sophie me disse que sua mãe foi embora. — Ele também senta na cama.
          — Eu não quero voltar naquele lugar. Você acredita que ele me tirou do colégio?
          — O quê? Ele fez isso?
          — E diz que só quer o melhor para mim. Ele não sabe o que é melhor para mim. Graças às injustiças que ele fez, eu decidi o que quero ser.
           Ele olha para mim atentamente. — E o que você quer ser?
           — Advogada.
           — Uau! Isso é muito bom. Eu tenho orgulho em você!
           — Sério? — Olho para ele.
           — Sim. — Ele levanta. — Eu não trouxe roupas. Quer dar um mergulho?
           — Com você? — Também levanto. — Mas eu não tenho biquíni.
           — Podemos comprar aqui perto.
           — Também não tenho dinheiro. — Digo.
          — Eu tenho. Vamos. Você vai gostar e não vai quer mais sair daqui.
            — Não duvido.

Malditamente quebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora