Capítulo vinte e sete - Estamos quebrados

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                 Lambert

           O meu celular toca muitas vezes, mas mesmo sonolento eu atendo. É Blaire que está me ligando, mas são apenas três da manhã. Será que aconteceu alguma coisa? Espero que minha Moreninha esteja bem.
            — Blaire? — Atendo, mas oiço alguém chorando. — Blaire, é você?
           — Blaire está no hospital. — Chora. — Ela foi agredida e está no hospital. Não sei o que fazer!
          Eu salto da cama com angústia. As lágrimas podem deslizar pelo meu rosto, mas eu quero saber o que está acontecendo.
          — Eu estou indo para aí! — Pego na roupa que aparece na minha frente e visto.

            Desço do táxi ainda chorando. Eu sabia que tinha que insistir até ela aceitar vir comigo. Eu não devia ter deixado ela sozinha. Não devia ter deixado que ela fosse embora do nosso apartamento. A culpa é minha!
           Vejo a tia de Blaire chorando e vou correndo para encontrar ela. Ela olha para mim.
           — O que aconteceu com a minha Moreninha? — Pergunto.
          — Assaltaram... Ela chegou e... Ele espancou ela... por minha culpa.
          — Como assim? Ele quem? — Pergunto com medo.
          — Estou devendo para algumas pessoas. Eles queriam que eu pagasse. Eles machucaram Blaire!
          — Não acredito! Você faz suas merdas e quem paga é a minha Blaire? Você não tem vergonha? — Estou furioso.
          — Eu agi sem pensar!
          Puxo os meus cabelos. — Já ligou para os pais dela? — Olho para ela com raiva.
         — Não tenho coragem! — Ela chora ainda mais.
         — Onde está o celular da Blaire? — Pergunto.
         Ela me entrega. Eu procuro o número dos pais dela e continuo olhando para Angel com desdém. É demasiado adulta para fazer essas coisas. Ela machucou a Blaire!
            — Filha, porque está me ligando numa hora dessas? — Senhora Rogon atende.
           — É Liam. A Blaire... — Choro. — Blaire está no hospital. Por culpa da sua irmã! Avise o seu marido! — Desligo.
           — Não podia...
           — Não fale nada! — Digo. — Fica aqui.
           Eu procuro o médico e converso com ele para me deixar ver Blaire, mas ele me olha com pena. Alguma coisa está acontecendo. Eu tenho medo de descobrir.
            — O que se passa, doutor? — Pergunto ansioso.
            — Tenho más notícias! — Ele diz quando entramos no quarto onde Blaire está.
           Ela está dormindo e está machucada. Bateram nela. Eu choro mais ainda só de olhar para ela. Também estou quebrado por dentro.
           — O quê? Ela está bem? Por favor, diga que sim!
          Ele suspira. — Ela está bem, mas perdeu o bebê.

                    Blaire

          Abro os e sinto a minha boca amarga acompanhada de uma forte dor de cabeça. Minha mãe e meu pai estão sentados olhando para mim. Eu sei que estou no hospital.
           — Mãe! — Eu estendo a minha mão para que ela agarre. Ela está chorando.
           — Blaire, não faça nenhum esforço. — Ela beija a minha cabeça e agarra a minha mão. — Eu estava preocupada com você.
            Meu pai fica do outro lado e também agarra a minha mão. Ele também está chorando. Eu não quero que fiquem assim.
           — Eu sempre soube que Angel traria problemas! — Meu pai diz.
           — Do que estão falando? — Pergunto.
           — Sua tia estava devendo dinheiro para uns malfeitores. Eles assaltaram a casa dela e agrediram você. Por causa dela você está aqui.
           — Eu estou bem. — Digo. — Apenas sinto dores.
           — Olha o que ele fez? — Minha mãe acaricia o meu rosto e chora. — Eu não sei o que faria sem você, Blaire! — Ela me abraça com cuidado.
          — Eu estou bem.
          — A gente vai cuidar de você! — Meu pai beija meu cabelo.
           — Onde está Liam? Ele está aqui?
           — Porquê você gosta tanto desse garoto? — Meu pai pergunta.
           — Eu amo ele.
           — Não. Você é nova demais para saber o que é o amor. — Minha beija a minha bochecha.
           — Eu sei, sim. A gente se ama. Eu sei o que é o amor. Nós sabemos!
           — Não diga mais nada. Não se esforce. — Meu pai senta ao meu lado.
          — Mas eu quero ver Liam. Me deixem ver Liam, por favor! — Eu peço.
          — Ele não está aqui. Ele foi embora antes da gente chegar. Ele ligou para a gente e deve ter ido embora. — Minha mãe responde.
           — Não acredito! Liam jamais me deixaria aqui.
           — Mas foi o que ele fez. Depois de descobrir que você perdeu o bebê. — Meu pai completa.
           — O que estão dizendo não faz sentido nenhum! Nada faz sentido. — Eu choro.
          — Oiça, filha. — Olho para minha mãe. — O médico disse que você estava grávida de cinco semanas. Depois de ter sido espancada, o bebé não aguentou.
           Eu cubro o meu rosto para poder chorar à vontade. Minha mãe passa a mão pelas minhas costas para me consolar, mas não ajuda em nada.
            — Você não devia ter se metido com esse rapaz. — Meu pai diz um pouco repreensivo.
            — George, agora não é o momento! — Minha mãe repreende também.
            — Momento? Quem você pensa que é para me falar uma coisa dessas? Você veio no hospital com o seu amante!
           — Ele não é meu amante! Ele é meu namorado. Não entendo porquê está agindo assim se foi você que me traiu. Você sim tem uma amante. Não se preocupe que a gente assina o divórcio em pouco tempo!
            — Vamos conversar! — Meu pai fica calmo. — Você tem certeza que é isso que quer?
           — Depois da sua traição? Tenho a certeza absoluta.
           — Oiça, esse homem não é bom o suficiente para você. Você precisa pensar bem nisso.
           — Eu quero o divórcio e ponto final, George!
           — Parem! — Eu choro. — Eu quero ficar sozinha. Me deixem sozinha!
           Meus pais saem do quarto e eu choro porque perdi o bebê e porque Liam me deixou nesse momento tão triste e angustiante. Porquê ele fez isso? Como foi capaz de fazer isso comigo? Ele disse que me ama. Eu não entendo!

                 Lambert

            Ainda não consigo parar de chorar. Estou no meu quarto agarrando com força o travesseiro e olhando para as paredes como se fossem me dar uma solução.
           Eu não quero que Blaire me veja desse jeito tão arruinado. Ela perdeu o bebê. Isso dói bastante. Eu não vou aguentar. É demasiado para suportar.
          Eu me sinto responsável por tudo isso. Devia ter contado o maldito segredo. Eu ocultei e deixei que Blaire sofresse e fosse embora. Agora ela está no hospital. O que eu posso fazer agora? O que eu tenho que fazer agora?
           Está doendo tanto! Essa dor é insuportável. Saber que não posso consolar Blaire, também. Eu causei isso e agora não posso concertar nada, pois não podemos concertar nada. Como Blaire tinha dito, estamos quebrados porque não podemos voltar a ser o que éramos antes. Nunca mais.
           Jolene entra no meu quarto e vem me abraçar. — O que aconteceu? Você estava destruído quando ligou para mim.
            — Blaire. Jole, Blaire foi espancada. Ela perdeu o bebê. — Digo entre soluços.
            Ela chora comigo. — O quê? Vocês perderam... eu lamento muito.
            — Eu não sei o que fazer! Eu não consigo fazer nada agora.
            Ela olha para mim. — Eu entendo que esteja assim, mas e Blaire? Você tem de ficar do lado de Blaire. Esse é um momento difícil para ela.
           — Eu sou o responsável! — Digo.
           — Não fala assim. Vai atrás de Blaire. Você quer que ela odeie você? — Faço que não. — Então vai atrás dela. Eu chamo um táxi para você.
          Eu abraço Jolene. — Você é como uma irmã para mim. Muito obrigado. É por isso que eu te amo.
           — Eu também te amo. Você é como um irmão para mim. Agora vai encontrar Blaire. Dê todo o apoio e carinho possível.
           Eu farei isso. Blaire precisa de mim nesse momento e eu preciso dela. Preciso de estar perto dela.

                Blaire

           Angel entra no meu quarto com flores e eu sorrio para ela. Ela deve estar se sentindo muito culpada. Mas eu não a culpo. Todos nós erramos. Ninguém é perfeito.
           — Você está bem? — Ela senta ao meu lado.
       — Estou bem, sim. Você não precisa se sentir culpada. Já passou. O importante é que estou bem. Não é mesmo?
        — Seus pais querem que eu me sinta assim. George não quer que você viva comigo. Por sorte, não pediu uma medida cautelar.
         — Eu perdoo você. Isso é o mais importante.
         — Mas eu fiz você perder o bebê. — Ela me lembra.
         Desvio o olhar e lágrimas aparecem. — Você sabe onde está Liam?
         — Ele saiu correndo quando soube que você perdeu o bebê. Eu lamento muito.
          Alguém abre a porta. Eu vejo Liam entrando com os olhos vermelhos e os lábios tremendo. Ele deve estar pior do que eu. Deve estar sofrendo mais do que eu.
           — Eu vou comer alguma coisa. — Angel levanta e sai do quarto.
          Liam dá passos lentos até chegar ao meu lado. Seus olhos estão inchados de tanto chorar e ele está tão triste que me faz sentir a sua dor.
           — Desculpa! — Ele diz.
           — Onde você estava? Eu aqui sozinha, num momento desses, Liam...
          — Estou aqui agora. O que estou sentindo... você não vai entender.
         — Não vou entender? Eu entendo perfeitamente! Era suposto eu carregar ele durante nove meses!
         — Blaire...
          — Como se atreve a dizer que eu não vou entender? Eu estou sentindo o mesmo que você!
         — Não, você não está! É complicado, Blaire. A culpa é minha por estar acontecendo isso. Seus pais não vão me deixar se aproximar de você e agora, nesse exato momento, parece que você está com raiva de mim. Eu peço desculpa!
           Ele limpa as lágrimas. Ele está pedindo desculpas por algo que sabe que não foi culpa dele. Ele não teve nada a ver com isso. Nem eu, nem ele nem Angel, mas sim aquele bandido.
           — Não peça desculpa porque a culpa não foi sua.
           Ele agarra a minha mão. — Não deixe que seus pais afastem a gente, por favor! Eu te amo e não quero te perder, Blaire.
          — Eu também te amo, Liam. Nem vou permitir que ninguém afaste você de mim.
          Ele me abraça. — Você sabia que estava grávida?
           — Não! — Respondo. — Fui pega de surpresa. Como você.
           Ele suspira. — Lembra quando eu disse que ia contar o meu segredo? — Faço que sim. — Agora eu quero contar por vontade própria. Eu não só quero, como preciso que você saiba. Antes tinha medo que você me olhasse de um jeito diferente, mas agora eu sei que não fará isso por causa do meu passado. Agora estou pronto. Vou contar tudo para você!

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