LORENA JOHNSON
Não existe nada melhor do que poder chegar em casa depois de um dia de trabalho, não que a pobre Lorena - no caso eu -, esteja reclamando. Amo tudo aquilo. Mas chegar em casa tem seu luxo, como tem o charme de encontrar a minha amiga, não uma amiga qualquer, mas a melhor delas. Os cabelos pretos e olhos escuros de Layse me faz lembrar uma daquelas meninas da TV, com um corpão e tudo que poderia ter de direito. Bonita como uma Johnson deve ser, nas palavras do meu caro pai.
Embora, sendo modesta, eu sou boa também, não como ela, porque ela pode ter os cabelos escuros e os olhinhos também, mas eu já sou conhecida pela cabeleira loira que, na maioria das vezes, pelo menos no trabalho, eu prefiro deixar presa em um bom rabo de cavalo, meu rosto fino fica mais destacado e é um jeito de quando ventar eu não ter cabelo na boca. Agilidade e praticidade.
- Como é bom chegar em casa! - Falo, me jogando no sofá da sala, encarando o teto, relaxando completamente.
- Quem diria, a empresária reclamando que está cansada.
- Nem brinca, aquele escritório está em um completo movimento, parece que isso tem uma grande tendência de piorar com o novo negócio a caminho, nunca pensei no entretenimento e diversão. Isso é novo.
- São negócios, tio Boris sempre investe em novas coisas.
- Eu sei, mas estou curiosa também para saber do nosso investidor, sabe que tem que ser alguém de bom convívio e que tenha visão.
- Tio Boris sabe escolher os negociantes, fica tranquila amiga - Layse tinha razão. - Parece que alguém está acabada hoje - Solto uma risada pela ironia dela.
- Ah, foi cansativo, por isso acho viável uma massagem dos pés - Eu sinto a almofada ser acertada. - Ei?!
- Abusada!
- Cadê o Rafa? - Pergunto, mesmo sabendo que ele não estaria nessas horas em casa.
Sabe, na vida, quando somos meros adolescentes cheios de hormônios temos a tendência de fazer muitas coisas erradas - experiência própria -, algumas dessas coisas erradas podem te levar para terapia, como me levou, mas, nessa fase também criamos planos pra quando nos tornam grandes.
Dois deles eu realizei.
Morar com meus amigos - que são ligados intimamente comigo por um laço chamado primos, família e todo o resto -, e ter um trabalho que me permita comprar aquele sapato preto que eu vi hoje de manhã indo para o trabalho, sem precisar usar cartão de ninguém, apenas o meu.
Não me olha com essa cara, você, certamente, queria ser assim, independente, com companheiros tão bom quanto os meus.
Layse Sicarely e Rafael Cavalcante.
Mas, os dois, Johnson.
- Sabe que foi um erro aceitar aquele prego aqui, não sabe? - Debocha da poltrona perto do sofá que eu estou jogada, se referindo ao Rafael.
- Layse, ele é o nosso primo. E quando ele te ajudou com aquele carinha na semana passada ele não era o garoto prego, como é mesmo - Viro o rosto pra ela. - O meu amigão?
- Vão jogar isso na minha cara até quando? - Antes que eu consiga responder o celular vibra no bolso da calça jeans e eu o puxo, encarando a foto do meu velho, estamos juntos nela, ele com os cabelos grisalhos e o rosto sorridente ao lado do meu, a foto é do verão passado, e isso me faz lembrar que devo atender.
- Pronto - Me sento no sofá.
- Como vai filha?
- Melhor agora Sr. Boris, acabei de chegar do trabalho, retornaria sua ligação mais cedo, mas sabe como as coisas são corridas.
- Claro que sei Lorena, mas, pai você tem só um.
- Que pretensioso.
- Hoje é o baile de Gala semestral da cidade, sabe que não quero que falte, eventos como esses são importantes para sua imagem e da família, quer que eu busque vocês? Sabe que quero que você vá e não falte, seus primos também.
Meu pai, Sr. Boris, sempre nos puxando para os eventos magníficos da sociedade novaiorquina, o que as vezes e gratificantes e outras vezes chatas e pacatas.
Embora na maioria delas acabamos os três em outra festa no fim da noite.
- Não, eu irei - Eu fico de pé, me lembrando da lista de coisas que eu tenho que fazer para ficar pronta, sabendo que a morena na minha frente também tem um convite, junto com o galinha adorável do Rafael.
Se for para dançar, dance bem acompanhado.
- Estarei no celular caso você precise de alguma coisa. Preciso ir.
- Nos vemos de noite - Desligo o celular e suspiro. - Doutora Layse, temos uma festa para irmos, os Johnson tem que marcar presença, cara amiga!
Vejo o sorriso que se forma nela e a tranca da porta faz barulho e a porta é aberta, entrando o terceiro integrante da casa.
Quando ele ergue o olhar me encara e depois Layse.
- Espero que essas carinhas sejam pra falar o quanto eu sou maravilhoso - Ele deixa a pasta no aparador perto da porta e se aproxima, bagunçando o cabelo de Layse e depois vindo em minha direção.
- Nem vem Rafa, temos coisas pra fazer.
- Não posso mais demonstrar carinho com as minhas primas lindas? - Layse o acerta uma almofada. - Vocês são frias.
- Temos coisas mais importantes pra fazer.
Ele ergue as mãos e afrouxa a gravata.
- Espero que vocês estejam animadas - Diz ele, com um grande sorriso.
Ele se senta no sofá e eu me sento na ponta.
- Qual o motivo dessa alegria? - Fala Layse, abrindo um sorriso.
- É a festa? Não é? Essa festa promete prima, adoro eventos da cidade, deviam saber disso.
- Tendo mulher você gosta de qualquer coisa - Comento.
- Isso não me importa, porque essa noite eu vou entrar com duas mulheres fenomenais e gostosas - Eu olho para ele, indignada pela ousadia e safadeza. - Uma loira e uma morena, o que me dizem? - Nós três sorrimos e nos levantamos, um olhando para o outro. - Ah, quem terminar de se arrumar primeiro leva o carro - Rafa fala, sabendo que seria eu ou Layse.
Era um jogo, embora eu e Layse sabíamos como lidar com ele, foi por isso que entramos na dele.
Duas horas depois ele estava parando o carro, parecia nervoso, o cabelo arrumado e o blazer em total harmonia.
- Vai ter troco - Ele ainda reclama.
- Calado primo, sabe que eu e Lorena amamos você.
- Vocês me trancaram no banheiro!
- Não, a porta emperrou - Defendo.
- Vão pro inferno e desçam logo desse carro - Pulamos do carro e olhamos para entrada do grande salão, com as escadarias iluminadas e a entrada com as pessoas entrados, os seguranças e claro, a boa e velha mídia da cidade, iluminando ainda mais com flash e mais flash de luz.
Arrumo um amassado imaginário que eu noto no vestido preto, que vai até um palmo acima do joelho, um vestido de mangas ombro a ombro, os cabelos loiros soltos e ondulados pela escova e o bom batom matte.
Por um segundo escuto um xingamento alto, uma voz alta e grave, encaro mais a frente, embaixo de uma sombra da parede lateral eu observo um homem, não parece nada animado falando no celular, andando de um lado para o outro, com o terno três peças e os cabelos escuros penteados para trás, a altura proporcional aos ombros, ele para perto de uma BMW preta, fica parado, como se estivesse prestes a fazer algo, então seu olhar se ergue e ele me encara, sou pega e fujo, quando eu olho de novo ele sumiu.
Balanço a cabeça para afastar a imagem da minha cabeça.
- Se você deixar nos duas pra trás...
- Layse, eu não posso garantir nada.
- Pode sim, e nada de levar mulher pro apartamento - Ralho, sabendo que da mesma forma que combinamos de não levar carinha nenhum, ele devia não levar garotas.
Rafael termina de fechar o carro e se mexe dali, ele faz questão de entrar ao nosso lado, entrando no salão totalmente cheio, iluminado, com uma música de embalo. Os sapatos de salto batendo no chão, o modo da conversa que vai por cada canto do salão, as janelas e todo os garçons que passavam como pluma, servindo e depois sumindo em questão de segundos. Tudo como a velha nata de Nova York pede e clama em cada evento desses.
Na mesa eu posso escolher o que beber, e a obtida de destilado com maracujá me pega e parece agradar demais quando eu coloco na boca, sentindo o gelado e o quente.
- Eu gostaria de ficar, mas tenho que ir meninas - Rafa pega o copo e some.
- Filha - Ergo o olhar, me levantando e encarando o homem que ergue os braços e me abraça. - Como você está linda! - Ele se afasta. - Layse, você também está linda - Fala para a morena que sorri, ergue a taça de champanhe e acena pra ele, antes de se levantar e sair.
- O senhor está magnífico também!
- Temos uma festa, quero que ande depois ao meu lado, pode fazer isso, filha?
- Quem vai me apresentar dessa vez?
- Nosso novo sócio.
- Estou mesmo querendo conhecer.
- Vai gostar dele, ele é visionário, vamos nos reunir, ele ficou de me passar algumas coisas hoje.
- Não pode misturar trabalho com uma festa como essa, sabe disso Sr. Boris - Brinco e ele erguer minhas mãos, beijando elas e dando um suspiro.
- Quero que se divirta, tudo bem filha?
Fala, com a velha preocupação, e eu sei que ele me daria a lua se fosse possível pra me fazer feliz. Depois que minha mãe nos deixou isso se tornou o alvo dele, fazer eu feliz e ser feliz, nos negócios e até na vida pessoal. Ele e o homem da minha vida.
Quando me dá as costas descido circular pelo salão como os outros que me deixaram, com o copo vazio eu me aproximo do bar das retiradas, antes de conseguir deslizar o copo pelo balcão eu encaro Rafa distante, conversando com duas mulheres, aquilo me faz me mover, sem perceber, esbarro em um terno luxuoso, antes que o copo se parta para o chão meu braço se encosta no musculatura de um peitoral, me fazendo erguer o olhar e encarar um olhar azul. Um que me faz dar um passo para trás assustada.
- Você está bem? - A imagem dele me vem na mente, lá fora, irritando, enquanto falava ao celular.
- Sim, me desculpa - Peço e ele me encara ainda, não desvia o olhar.
- Não peça desculpa - A voz veio com entonação baixa e grave, erguendo a mão na minha direção. - Manuel, Manuel Crusley - Eu pego a mão dele, sinto o quente e o aconchego.
- Lorena - Falou baixo, puxando minha mão da dele.
- Srta. Lorena - Ele se move e pega o copo da minha mão, deslizando ele para o balcão.
- Claro - Dou um sorriso pela ousadia dele. Que me faz ficar ao lado dele, o balcão largo de mármore escuro e o copo sobre ele.
- Posso pedir algo pra senhorita?
- Prefiro batida.
- De maracujá - Ele abre o sorriso. - Com Vodka.
Ele é esperto ao fazer o pedido e ao me encarar de volta.
Fico inquieta, encarando o rosto dele, imaginando, querendo saber o que tem debaixo daquele terno escuro.
Por que estou pesando nisso?!
Droga.
- Está sozinha?
- Não, com meus amigos.
- Vi você me olhando lá fora, gostou do que viu, Lorena? - Escolhi não responder. - Você tem um namorado? - Eu paraliso, se eu tenho namorado? Que tipo de perguntas são essas?
- Não, por que? - Pergunto, demonstrando claramente meu interesse e a confusão de onde aquelas perguntas me levariam.
Os olhos azuis me encarando de uma forma que eu sabia bem o que queria dizer. A vontade. Até diria uma vontade com desejo e tesão.
Eu puxo o copo com a bebida e deslizo o dedo pela borda.
- Porque vou adorar essas suas unhas enormes me arranhando, enquanto você geme bem gostoso no meu ouvido. - Eu abro e fecho a boca, vermelha certamente é a cor do meu rosto, uma eletricidade correu pelo meu corpo de uma maneira incontrolável.
Certo Lorena, certo, respira pelo nariz e solta pela boca. Isso nem devia sair dele.
- Gosta das minhas unhas? - Disse, entrando naquilo, dando uma permissão para o que ele havia falado.
- Tenho um fetiche por unhas grandes. Mas, gosto mais de outra coisa - Os olhos dele brilharam.
- Ae, o que seria? -Uma cartilha de falas sujas se forma na minha cabeça e eu quero gritar com tudo isso.
- Isso - Ele me beija, com a mão, puxando meu rosto pra perto, num beijo profundo e invadindo tudo. Nossas línguas se misturam deixando um beijo delicioso, o gosto de Vodka, junto com algo que eu não reconheço vindo dele, o gosto doce na ponta da língua. Separando dele por falta de ar e me dando conta do que estava acontecendo. - Você é uma delícia, vejo você em breve.
O filho da mãe ainda retorna na minha boca, dando um selinho, encostando os lábios quentes nos meus e se afastando.
Grande Lorena, se amostrando em público.
Brigo comigo mesma, voltando a ficar consciente.
- Não quer ficar, Manuel? - Falei com uma voz sexy, ok, talvez eu não esteja consciente coisa nenhuma!
- Tenho negócios para resolver.
Ele deu os ombros, saindo de perto de mim e sumindo, como mais cedo lá fora.
Certamente ele tinha mesmo negócios para resolver.
E eu não estava neles.
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LOUCA POR ELE | LIVRO 1 (Em Pausa)
RomanceLivro 1 da série "COMPANY OF LOVE " Ela uma mulher linda , rica , cheias de segredos . Ele um homem manipulador , sexy , rico , e totalmente dominador que não mostra seu lado dominante até que chegue a hora certa ...... meu nome é Loren...